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Investimentos

S01E05 – Cegos, Surdos e Loucos

Alexandre, nosso analista com cara de mau, explica como lidar com a bipolaridade dos mercados e como aproveitar os momentos de depressão.

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Data de publicação
28 de novembro de 2016
Categoria
Investimentos

Imagine que você dedicou sua vida ao estudo das delícias e sabores dos sorvetes italianos. Ninguém faz um sorvete de pistache como você. Há anos você está ali, produzindo e vendendo delícias geladas. Seu ponto é ótimo, seus clientes adoram seu produto e o aquecimento global está bombando.

Tudo conspirando a favor.

Sua única fonte de preocupação é seu sócio.

Um grande amigo da época do colégio. Trabalha pra caramba, dedicado e ótimo pra cuidar da parte financeira. Mas, ele é bipolar, extremamente impulsivo e influenciável – tem a mesma convicção de um político do PMDB.

Uma bela manhã, quando vocês chegam ao escritório, ele diz que acabou de ler um artigo sobre como esse será o verão mais quente dos últimos 272 anos e se oferece pra comprar sua parte no negócio por um preço super otimista.

Você, que confia na qualidade dos sorvetes, agradece a oferta, mas prefere seguir ganhando a vida colocando a mão na massa, literalmente.

Algumas horas depois, seu sócio sai pra almoçar com um amigo que lhe dá más notícias sobre o mercado. A economia está difícil e ninguém mais quer saber dos deliciosos gelatos italianos. A nova moda é a paleta mexicana: morango com recheio de leite condensado.

Desesperado, seu sócio agora está disposto a te vender a parte dele por 30 por cento a menos do que havia oferecido pela manhã.

Uma pechincha!

Você dá risadas e vai fazer contas, antes que o maluco mude de ideia novamente – você sabe que as paletas mexicanas são apenas passageiras, que a receita italiana está aí há séculos e ninguém vai substituir seu cono di Stracciatella cremoso por uma paleta sabor beijinho!

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Por mais surreal que essa história possa parecer, saiba que ela acontece corriqueiramente nas bolsas de valores: os mercados são nossos sócios bipolares. A cada notícia e mudança de humor, as cotações dos ativos mudam drasticamente, mesmo que os fundamentos permaneçam relativamente constantes.

E vou te contar um segredo: bons gestores adoram uma crise! Nada como uma  notícia negativa, uma nova fonte de incerteza pra criar novas oportunidades de compra.

Quem tem liquidez nada de braçada em momentos de desespero do mercado.

Está na hora de você começar a aproveitar as ofertas malucas do mercado bipolar.  Sempre aparece uma promoção melhor que Black Friday. É só saber procurar!

Vamos dar uma olhada no mercado de juros brasileiro?

Olhe como estava a trajetória da taxa pré (vencimento 2021) contra a inflação (IPCA) acumulada em 12 meses até o começo de novembro.

Fontes: Empiricus Research e Bloomberg.

Note que, conforme a inflação desacelerou, o contrato futuro de pré acompanhou, na expectativa de corte da Selic, que teve início na última reunião do COPOM, em outubro.

Mas, desde a eleição do Trump nos EUA, os mercados no mundo “panicaram” e as taxas de juros por aqui subiram fortemente, como podemos ver no próximo gráfico.

Em outubro, tivemos nova desaceleração da inflação, com o IPCA acumulado vindo em 7,87 por cento nos últimos 12 meses (foi 8,48 por cento em outubro), abrindo espaço para novo corte da Selic na próxima reunião do COPOM.

E, honestamente, pouco importa se o próximo corte será de 0,25 ou 0,5 pontos percentuais. A informação relevante é que a atividade econômica está fraca, a inflação está cedendo e o sentido das taxas de juros é pra baixo!

Me agrada mais ainda saber que a surpresa pode ser positiva, mas, muito dificilmente, será negativa – o mercado está esperando um corte de 0,25 e há espaço para um corte de 0,5, mas, acho muito improvável que optem pela manutenção da taxa!

Dito isso, o que fazer?

Oras, tire seu dinheiro da poupança ou dos fundos DI, que estão com os dias contados, abra uma conta em uma corretora e corra para o Tesouro Direto! Está na hora de comprar títulos prefixados: seu sócio bipolar está vendendo tudo só porque o Trump falou que vai adotar medidas expansionistas, mas os fundamentos não justificam esse desespero todo!

Aproveite, a Black Friday ainda não acabou!!!

É até verdade que pode haver (mais) descontrole nas contas públicas dos EUA, com aumento de juros por lá e redução do apetite por risco dos investidores estrangeiros, porém, acredito que os impactos para as taxas de juros por aqui serão pequenos.

Com os níveis atuais de juros e inflação, nossa taxa de juros real está próxima a 6 por cento, seria loucura não aproveitar uma chance dessas.

Mais do que espaço, há necessidade de reduzir a Selic e incentivar a combalida economia brasileira – ninguém dura muito tempo no governo com desemprego beirando os 12 por cento!!!

 

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