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Derivativos: entenda o que são e como funcionam esses ativos financeiros

Derivativos são ativos financeiros negociados no mercado que são atrelados a outro ativo durante determinado tempo. Saiba mais sobre como os derivativos funcionam.

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Data de publicação
23 de dezembro de 2022
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Quando o assunto é investimento em renda variável, poucas opções geram mais dúvidas entre os iniciantes que os derivativos. Geralmente associados ao mercado de ações, além de serem negociados na bolsa de valores (B3), esses contratos têm diversas finalidades e vantagens, movimentando um alto volume diário de negociações.

O conceito de derivativos é um dos mais antigos de que temos conhecimento – inclusive, há registros de negociações envolvendo a prática desde os tempos de Aristóteles. Por isso, ele é considerado uma das opções mais sólidas e tradicionais do mercado financeiro.

O que são derivativos?

Como o próprio nome sugere, derivativos são ativos de renda variável que atrelam seu valor a outros bens, como ações, índices, commodities, moedas fiduciárias, entre outros. Ou seja, eles não possuem um valor intrínseco, já que seu preço depende da cotação do ativo ao qual estão referenciados.

A aplicação é feita por meio de contratos mútuos entre duas partes (investidores e instituições), com um valor final já preestabelecido no momento da aplicação. O valor final da negociação dependerá do prazo definido em contrato e da quantia anteriormente discutida. Dessa forma, o investidor passa a ter direito a uma oscilação no futuro.

Esse é um tipo de aplicação amplamente utilizado para o mercado de commodities: por meio dos derivativos, o contratante pode se aproveitar da oscilação dos preços de soja, café, milho e até mesmo ouro. Entretanto, as ações passam a ser de posse do investidor apenas no futuro, quando o contrato é devidamente executado.

No Brasil, os derivativos são negociados por meio da bolsa de valores brasileira e funcionam sob a tutela de contratos padronizados. Assim, as duas partes envolvidas se comprometem a negociar determinado ativo sob o prazo definido no contrato. No documento, devem constar a quantidade de ativos, o prazo de liquidez e a forma de cotação.

Os derivativos são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável pela fiscalização e pelo controle do mercado financeiro brasileiro.

Entendendo os derivativos na prática

Como dito anteriormente, os derivativos são amplamente utilizados por investidores que desejam se beneficiar com a oscilação de preços de commodities e outros bens. Por isso, é comum encontrarmos contratos futuros dedicados a atrelar seus preços às safras de soja no Brasil.

Assim, imagine que um produtor de café agende a sua próxima colheita para daqui a 90 dias; neste momento, o kg da saca custa R$ 20. É provável que, durante os três meses, o preço oscile – seja para cima, seja para baixo. Para se precaver de eventuais desequilíbrios, o produtor cria um contrato futuro com liquidação para o mesmo prazo, fixando o valor do kg da saca a R$ 20.

Dessa forma, caso o kg da saca diminua após o fim do prazo estipulado no contrato do derivativo, o produtor conseguirá se proteger da oscilação negativa e controlar melhor a sua receita.

A mesma estratégia pode ser adotada por compradores de café para o caso inverso: se o kg da saca eventualmente subir após o prazo de três meses, passando a valer R$ 40, o titular do contrato se beneficia dos R$ 20 iniciais. Por isso, o derivativo é uma excelente estratégia de especulação.

Para que servem os derivativos?

Para além da simples diversificação do portfólio, o investimento em derivativos é uma estratégia interessante para diversos fins, sendo a proteção do patrimônio (hedge) e a alavancagem duas de suas formas principais. Confira para que servem os derivativos e como eles podem ser incluídos em diferentes planejamentos financeiros:

Proteção financeira (hedge)

O mecanismo de hedge visa a proteger operações financeiras contra o risco de grandes variações de preço de um determinado ativo, portanto é amplamente utilizado por investidores de derivativos. Ao definir um “limite” para as oscilações, o contratante estabelece uma previsibilidade para o derivativo ao final do combinado em contrato.

O exemplo que apontamos com a saca do café é uma forma de entender como o hedge funciona na prática: ao fechar um contrato futuro, o produtor pode garantir que o kg do grão não sofra desvalorização no momento da venda.

Para aplicar uma estratégia de hedge, o investidor deve tomar como base o valor atual de um determinado ativo e estabelecer um preço para o futuro. Dessa forma, cria-se uma barreira contra oscilações do mercado – que pode servir tanto para a alta do preço como para a queda. 

Seguro contra riscos

A essa altura do campeonato é provável que você já tenha entendido esse conceito, mas nunca é tarde para relembrá-lo: o derivativo é uma espécie de seguro contra os riscos de uma operação.

Assim, mesmo sendo um tipo de investimento de renda variável – e envolto a grandes riscos –, o derivativo consegue performar na contramão desses ativos, tornando-se uma proteção à volatilidade do curto prazo.

Quem investe em derivativos enxerga a oportunidade de expor sua carteira a ativos diversos do mercado – especialmente aqueles ligados ao setor de commodities.

Especulação financeira

Outra funcionalidade bastante comum nos investimentos em derivativos é a possibilidade de lucrar com especulação no curto prazo. A prática permite aos investidores investir em uma ação ou commodity sem de fato possuir o respectivo bem. Porém, vale lembrar que esse tipo de estratégia de alto risco é recomendado apenas para especialistas.

As operações de especulação geralmente ocorrem pelo método de day trade – começam e terminam em um único pregão –, a fim de se aproveitar das oscilações em um momento de burburinhos no mercado.

Note que, dentro do segmento de derivativos, a especulação e o hedge se cruzam em vias opostas: se o especulador expõe-se ao risco apostando na baixa de um ativo – para lucrar com a venda após o período preestabelecido –, o investidor de hedge busca se proteger de eventual alta ao final do contrato.

É como se o produtor e o comprador de café agissem em vias opostas, ambos tentando se precaver da volatilidade do mercado.

Arbitragem

Outro procedimento comum que engloba o mercado de derivativos é o modelo de operação focado em arbitragem. A prática, altamente recomendada para investidores que acompanham de perto o mercado, exige visão analítica e se concentra no lucro por meio das movimentações entre mercado à vista e mercado futuro.

Nesse caso, a aposta é feita na disparidade dos preços dos ativos correlatos: o investidor se beneficia ao comprar um derivativo em baixa e vendê-lo na alta ao final do contrato. Na arbitragem as operações são curtas, permitindo que o ganho ocorra apenas em casos de volumes altos de negociação – e não de acordo com o valor nominal obtido com cada operação.

O tipo de arbitragem mais comum se utiliza da diferença de preços de um mesmo ativo no mercado à vista e no mercado futuro, portanto voltamos ao exemplo do kg da saca do café, cujo preço atual beira R$ 20.

Se o investidor, por meio de análise de mercado e de recomendações, descobrir que o ativo está sendo negociado no mercado futuro a R$ 40, pode comprá-lo e lucrar R$ 20 com a venda futura. A arbitragem se assemelha à especulação, já que o objetivo também é lucrar com a diferença de preços.

Alavancagem

Um dos principais benefícios do mercado de derivativos é a alavancagem, processo de aproveitamento de determinadas oportunidades a fim de multiplicar os resultados. Por meio do derivativo, o investidor aplica um valor maior do que aquele que tem em conta a fim de maximizar os seus ganhos.

Para isso, o investidor precisa de uma margem de garantia, afinal ele deve sinalizar que tem condições de arcar com o pagamento caso a operação siga um caminho inverso ao especulado.

Tipos de derivativos

Agora que você já conhece as principais finalidades dos derivativos, é importante entender também quais são os tipos mais comuns oferecidos pelo mercado. Cada modalidade funciona de acordo com uma estratégia predefinida, mas todas com base na lógica de contrato atrelado a ativos. Confira em detalhes:

Mercado a termo

A opção de derivativo mais frequentemente encontrada no mercado de renda variável é o mercado a termo (ou contrato a termo). Nesse tipo de negociação, as partes envolvidas firmam um compromisso de compra e venda de determinado ativo – a regra vale para commodities, ações, índices etc.

Dessa forma, tanto investidor como vendedor (instituição) se mantêm vinculados até o prazo final do contrato. Ao atingir o limite preestabelecido na negociação, o investidor paga pelo ativo de acordo com o que foi calculado no início da operação, e a instituição vende o ativo conforme os termos.

Novamente, se levarmos em conta o exemplo do kg da saca de café, pode-se dizer que a negociação é feita da seguinte forma: produtor e comprador negociam um lote padronizado do grão para entrega em 60 dias. O comprador assina um contrato de responsabilidade – assumindo que, ao final dos três meses, realizará a compra.

O valor da compra é estipulado no ato da assinatura do contrato, portanto, mesmo que o preço do café sofra oscilações durante o período de espera, o comprador pagará o valor combinado anteriormente.

Os contratos a termo podem ser negociados via home broker ou por uma mesa de renda variável, dependendo das condições da corretora de valores. O prazo mais comumente negociado é de 30 dias, mas existem contratos com validade de até 999 dias.

Contratos futuros

Os contratos futuros são uma espécie de mercado a termo, com a diferença de que o preço negociado por meio dessa modalidade é ajustado diariamente até a data de liquidação. No caso dos contratos a termo, o valor é fixo e combinado antes do prazo começar a correr.

Os derivativos de mercado futuro destacam-se por conta da possibilidade de alta liquidez, além de disporem de uma negociação transparente e feita de acordo com o objetivo do investidor.

A operação é executada na bolsa de valores e pode ser ajustada/encerrada a qualquer momento. Porém, exige um depósito de garantia e tem um custo mais elevado em comparação aos contratos a termo, o que pode gerar maior instabilidade para o orçamento. Os minicontratos são opções para quem deseja explorar a modalidade gastando menos.

Opções

As opções são modalidades de derivativos que tratam de uma compra ou venda de ativo por meio de um preço fixo preestabelecido. Para comprar uma opção, o investidor precisa pagar um valor (prêmio) a quem vendeu. O preço não está atrelado ao valor do ativo em si, mas sim a um valor que garante a possibilidade de negociação futura.

No Brasil, as opções sobre ações são as mais conhecidas do mercado, podendo ser negociadas durante o pregão da bolsa de valores. O investidor que aplica nesse tipo de derivativo é chamado de titular e pode exercer direito sobre a opção na data de vencimento do contrato acordado.

Caso opte por não ficar com a opção, o investidor pode simplesmente deixá-la vencer sem adquirir poder de compra sobre ela. Já o vendedor de uma opção, também conhecido como lançador, sempre tem a obrigação do exercício caso quem comprou deseje realizá-lo.

Um exemplo bastante comum dessa modalidade é a compra e venda de ações da Petrobras: o titular pode exercer seu direito de comprar as ações pelo preço acordado; o lançador é obrigado a encontrar os papéis correspondentes para o titular.

Swaps

Para finalizar a lista com os principais tipos de derivativos, temos as swaps. Parecida com os contratos a termo, essa modalidade é a menos comum do mercado. Nesse modelo de negociação, ambas as partes envolvidas em um contrato assumem posições de credor e devedor. Dessa forma, há uma troca de fluxo de caixa com foco em rentabilidade.

Os objetivos da swap são reduzir os riscos e aumentar a previsibilidade para quem está envolvido na operação, tornando menos volátil o investimento em determinados ativos.

Novamente, retomamos o exemplo do café: se, ao final da data do contrato, o kg da saca tiver uma valorização abaixo da variação do Ibovespa, quem apostou no Ibovespa ao invés do café receberá a diferença em rentabilidade. Se o oposto ocorrer – e o café gerar retorno superior a essa variação do Ibov –, ganhará quem comprou o grão.

Como funciona o mercado de derivativos?

Os derivativos estão amplamente atrelados ao segmento de commodities e, no Brasil, especialmente ao mercado agrícola – que vê os preços de seus itens flutuarem bastante. O modelo de gestão das safras agrícolas incentiva a negociação adiantada, uma vez que a colheita de determinados produtos só ocorre em épocas específicas.

Para os investidores que apostam no setor, a proteção do patrimônio é essencial na busca por maior liquidez no longo prazo. As negociações de derivativos atuais são feitas com contratos muito bem definidos, além de terem regras e custos adicionais transparentes. As operações ocorrem por meio da bolsa de valores e se baseiam em dois princípios:

  • Proteção a empresas e investidores;
  • Movimentação de preços por meio de especulação e alavancagem.

Investir em derivativos é relativamente simples, da mesma forma que ocorre com o mercado de ações: a negociação desses ativos é feita por meio de uma corretora de investimentos. Os investidores desta modalidade geralmente têm perfil de exposição de alto risco e uma experiência já sólida com o mercado financeiro.

Se você deseja explorar os derivativos como forma de diversificar a carteira de investimentos, o primeiro passo é escolher uma corretora segura e transferir a quantia ideal para os aportes. Em seguida, basta acessar o home broker da plataforma e realizar as operações.

Vale a pena operar derivativos?

É comum que muitos investidores iniciantes tenham dúvidas sobre o mercado de derivativos, afinal há uma série de fatores capazes de influenciar o valor do ativo ao qual o contrato está atrelado. Para quem ainda está começando a explorar a renda variável, esse tipo de aporte pode ser um problema, já que é bastante imprevisível e exige estudo de mercado.

Se bem estruturado, o derivativo serve para proteger os ativos da volatilidade do mercado e ainda rentabilizá-lo, caso a expectativa de alta seja cumprida. Por outro lado, dependendo do quanto é despedido para a operação, essa pode ser uma estrada sem volta.

É importante que você leve em conta o seu perfil de investidor, bem como o cenário macroeconômico que respinga diretamente sobre as aplicações. O mercado de derivativos é indicado para quem tem perfil mais agressivo e consegue lidar com determinadas perdas financeiras. Além disso, exige um acompanhamento mais próximo dos pregões e movimentos do mercado.

Os minicontratos de dólar e índices são uma boa porta de entrada para quem deseja diversificar a carteira com derivativos. Além de mais baratos, eles geralmente se baseiam em setores já consolidados da economia.

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Quais são os tipos de derivativos?

Os quatro tipos mais comuns de derivativos disponíveis no mercado são: contratos a termo, contratos futuros, opções e swaps.

O que é um mercado de derivativos?

O mercado de derivativos é um segmento voltado para a negociação de títulos atrelados ao valor futuro de ações, commodities e outros ativos. As operações são realizadas por meio da bolsa de valores e se encaixam como opções de investimento em renda variável.

Qual a finalidade de um derivativo?

O aporte em derivativos é uma forma de se expor ao risco das oscilações de determinado ativo sem a compra de fato de uma ação. Dessa forma, firma-se o compromisso de uma negociação futura sobre determinado ativo por meio de um preço preestabelecido.

Como operar com derivativos?

A melhor forma de negociar derivativos é por meio da bolsa de valores (B3), em horário de pregão. A compra e venda é feita da mesma forma que no mercado de ações, seguindo critérios mais rígidos e limites de volatilidade.

Quem pode emitir derivativos?

Os derivativos podem ser emitidos por empresas que estejam devidamente cadastradas no sistema da B3 e que tenham acesso ao módulo de Derivativos de Balcão sem contraparte central (CCP) – em geral, bancos e corretoras.