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Não é fácil conversar com jornalista. Você fala A, ele entende Z. Eu compreendo. Afinal, o A e o Z estão pertinho no alfabeto, coisa só de umas 25 letrinhas entre eles.

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Data de publicação
10 de março de 2017
Categoria
Investimentos

“Se, numa manhã, eu caminhasse sobre as águas do rio Potomac e atravessasse o rio andando, as manchetes dos jornais do dia seguinte seriam: Presidente não sabe nadar.” Lyndon Johnson.

Meus heróis são de um outro mundo – alguns deles, inclusive, passaram para o lado de lá após overdose. Gosto do Danilo Gentili e, se você não assistiu à sua entrevista ao site O Antagonista nessa semana, meu amigo, você tem uma tarefa prazerosa pela frente. 

Destaco a parte em que diz: “as pessoas que reclamam e criticam não são as pessoas que me consomem. Eu fiz um show para 35 mil pessoas na virada cultural. Todas rindo, largamente. A manchete do dia seguinte foi ‘Gentili faz show inadequado’. Então, ali estavam um humorista, 35 mil pessoas e um jornalista. A única pessoa certa ali era o jornalista, entende?”

Não é fácil conversar com jornalista. Você fala A, ele entende Z. Eu compreendo. Afinal, o A e o Z estão pertinho no alfabeto, coisa só de umas 25 letrinhas entre eles. 

Corrijo. Não é que o interlocutor não entende. Ele não quer entender, pois já chega para a entrevista com a pauta pronta. Ele está apenas sedento por aspas vindas diretamente da sua boca para validar a ideia pré-concebida na cabeça do sujeito, como se o próprio entrevistado referendasse as atrocidades que serão publicadas horas depois a seu respeito. 

Foi exatamente o que aconteceu com o maior gestor do mundo, Ray Dalio – inclusive já disponibilizei o link aqui, mas volto a fazê-lo: https://www.linkedin.com/pulse/fake-distorted-news-epidemic-bridgewaters-recent-experience-ray-dalio. No caso, o jornalista do Wall Street Journal já havia escolhido previamente, de forma deliberada, seletiva e mal-intencionada, informações a respeito da gestora que tem sistematicamente entregado resultados formidáveis a seus cotistas. 

Era como se o jornalista, do alto de sua imparcialidade (?), houvesse passado dias vergonhosamente pedindo nas redes sociais: “olha, alguém pode me mandar depoimentos ruins sobre a Bridgewater?” É claro que pode! Numa amostra de milhares – talvez milhões – de pessoas, sempre haverá uma parcela, mesmo que estatisticamente insignificante, de insatisfeitos.

Então, basta ao jornalista mal intencionado encontrar cinco funcionários desencantados com a pressão sobrehumana na Bridgewater e com o irascível Ray Dalio para, na mais perfeita falácia da narrativa, compor uma versão maquiavélica da gestora. Não importa o que os outros 1595 colaboradores, todos amplamente satisfeitos, pensam. Na matemática do Wall Street Journal, 5 > 1595.

Certa vez, eu mesmo passei por situação bastante constrangedora. Uma jornalista veio aqui. Perfil típico – isso, exatamente como você imaginou. Passamos 1h30 conversando, no que ela deve ter bebido uns cinco cafés – eu não me incomodei, pois acompanhava o ritmo (não nutro preconceitos com as drogas). Depois de passarmos pelos mais variados temas, do último disco do Tom Zé ao vigor da nova safra do milho, ela disparou: 

“Mas você não acha errado recomendar opções, esse instrumento excessivamente arriscado, para as pessoas físicas? Parece-me uma irresponsabilidade…”

Eu sinceramente não sabia por onde começar. A pergunta vinha carregada de um preconceito sobre a pessoa física, contra o qual eu lutei a minha vida inteira. Ela, do alto de sua visão discriminatória e julgadora, se achava responsável e diligente. Eu era, claro, o oposto disso. Chapeuzinho vermelho e lobo mau – juro que nunca vi Chapeuzinho vermelho tão preconceituoso.

Pela lógica dela, a pessoa física está condenada a uma espécie de série B de estratégias de investimento. Ela jamais poderá acessar instrumentos tão bons quanto aqueles disponíveis aos investidores profissionais e institucionais. Claro, afinal, ela cometeu o gravíssimo pecado de nascer uma…. pessoa física! 

Desculpe, mas eu não posso compactuar com isso. 

Nós fundamos a Empiricus com um objetivo claro: levar às pessoas físicas estratégias de investimento tão boas ou melhores quanto aquelas acessíveis aos profissionais. Podemos acertar e errar dentro desse escopo. Já erramos muito no passado e, certamente, por mais diligentes que sejamos, erraremos muito ainda no futuro. Nada, no entanto, nos fará tergiversar dessa missão. Seguiremos serenos e inabaláveis, perseguindo o bem do investidor. É isso que nos interessa. Não somente por uma postura ética, mas também empresarial: é o sucesso dos investimentos da pessoa física que fará o nosso próprio sucesso. Estamos rigorosamente alinhados aqui.

E só para encerrar de vez a questão. Além de preconceito, a pergunta denotava completo desconhecimento. As opções são, originalmente, instrumentos de hedge/proteção. Elas que nos permitem montar portfólios assegurados contra catástrofes, sejam elas imprevisíveis (cisnes negros) ou esperadas (cisnes cinzas). 

Falar que a compra de opções é um instrumento arriscado fere a lógica e a natureza desse mercado, criado justamente com o objetivo de proteger, de tornar menos arriscado e frágil, o portfólio do investidor! O sujeito que diz “comprar opções é arriscado” simplesmente não entendeu nada. Deveria envergonhar-se disso ou, ao menos, guardar para si uma opinião sobre o que desconhece.

Como posso alijar a pessoa física das opções se minha defesa diária, repetida aqui ad nauseam, é pela estratégia de tail hedging, aquela que usa compra de puts para se blindar de potenciais catástrofes? (Conheça nosso Gamma Trader caso isso seja grego para você).

É a essência do que considero a melhor estratégia de investimento disponível! 

Derivação lógica do que estamos falando: se eu não posso oferecer ao investidor acesso às opções, eu impeço que ele tenha seu portfólio mais seguro e protegido, e não mais arriscado. As opções são a representação canônica da antifragilidade, minha alma mater.  

Talvez a jornalista não esteja acostumada com isso – no que eu respeito -, mas não é uma invenção minha. Foi justamente com essa estratégia que Nassim Taleb ganhou 40 milhões de dólares em apenas um dia, com o crash da bolsa de Nova York em 1987. É rigorosamente a mesma coisa que seu sócio Mark Spitznagel, um dos precursores da estratégia de tail hedging, faz diariamente na gestora Universa. E, para tornar a coisa mais palpável para você, não é muito diferente do que Luis Stuhlberger faz no insuperável fundo Verde.

Embora Stulhberger seja absolutamente genial – talvez o único gênio consensual no mercado de capitais brasileiro – e disponha de uma capacidade ímpar de leitura dos mercados, o que ele faz melhor (e eu já ouvi isso de diversas pessoas que trabalharam com ele) é comprar hedge barato.

Meu caro, só há uma forma de sistematicamente comprar hedge barato e ela se dá por meio das……..opções. Portanto, o corolário é: se você acha que opções são muito arriscadas, então você acha que o fundo Verde é muito arriscado! Bom, essa construção criativa, obviamente, não encontra muito embasamento empírico.

Entre os fundos multimercados abertos, quem mais faz isso de forma sistemática e deliberada é o Gauss, gerido por Fábio Okumura, com quem coincidentemente trabalhei na época em que eu servia cafezinho no Deutsche Bank, embora me chamassem de estagiário – não à toa, é o único fundo macro em que eu investirei meu próprio dinheiro.

Se querem confinar as pessoas físicas ao curral dos PICs, CDBs, fundos de bancos, ações de Vale e Petrobras, me desculpem, mas eu não posso compactuar com isso. Estaremos aqui perseguindo algo melhor. É a minha missão nesta vida. Eu posso fracassar, mas morrerei tentando. Meu espírito ninguém vai conseguir quebrar. Você merece isso.

Não sei porque, mas toda essa conversa me remete a 24 de abril de 2003, data da divulgação do primeiro balanço da Amazon após o alcance da marca de US$ 1 bilhão em vendas, o que abria caminho para primeiro ano de rentabilidade da empresa. 

No título do comunicado à imprensa sobre o resultado, Jeff Bezos escreveu assim: “Meaningful Innovation Leads, Launches, Inspires Relentless Amazon Visitor Improvements” (Redirecionamentos significativos na inovação e lançamentos inspiram melhoras contínuas nas visitas à Amazon).

Peça a gentileza de que se atente às primeiras letras de cada uma das palavras deste título, escritas deliberadamente em maiúsculas. Insisto nisso. Elas compõem o vocábulo milliravi. O termo fora criado por um membro do departamento financeiro da Amazon para caracterizar um erro matemático significativo, de US$ 1 milhão ou mais. Era uma referência aos comentários negativos do analista Ravi Suria à Amazon na época. Segundo ele, a companhia não resistiria e estaria fadada ao fracasso. Foram críticas severas, ataques frontais e a convicção de que a Amazon não duraria muitos anos… Bom, deu no que deu. 

Depois de dias sob ataque, mercados iniciam a sexta-feira demonstrando bom humor, empurrados por inflação abaixo do esperado no Brasil e recuperação de commodities no exterior. IPCA veio abaixo do esperado (mais sobre isso abaixo, na nota da Marília, nossa especialista em Renda Fixa) e alimentou prognósticos de aceleração do ritmo de cortes da taxa Selic.

Otimismo é contraposto por expectativa em torno da divulgação do relatório de emprego nos EUA, sempre importante balizador da política monetária – após força do ADP Employment (do setor privado), números muito vigorosos hoje podem ensejar preocupação com até quatro elevações do juro básico dos EUA em 2017, frente às projeções anteriores de apenas três altas.

Por aqui, cena política também traz alguma tensão, com proximidade da famigerada lista de Janot e ataques da própria base aliada à reforma da Previdência – muito embora expectativa predominante ainda seja pela sua aprovação.

Ibovespa Futuro abre em alta de 0,5 por cento, dólar cai 0,6 por cento contra o real e juros futuros desabam após o resultado do IPCA.

Ps.: Muita gente de bancos e da imprensa fala que nosso marketing faz muito barulho, que temos que ficar quietinhos esperando a pessoa física nos descobrir por força da natureza. E você que me lê diariamente? O que VOCÊ acha da Empiricus? Gostaria hoje de pedir aos leitores depoimentos sobre sua relação com a Empiricus – se puder ser em vídeo, ainda melhor. Os cinco melhores testimonials em vídeo ganharão créditos para consumir em nossa loja virtual e um almoço com os principais sócios da Empiricus. Envie o material para testimonials@empiricus.com.br. Será um prazer ouvir de você sobre essa relação.

PPS.: Faço hoje um agradecimento de coração pelo recorde de pedidos ao livro Felipe Miranda 100 Ensaios. Em apenas dois dias, temos mais do que o dobro de pedidos do livro mais vendido de não ficção de toda a semana, de acordo com o site Publishingnews. Vocês são realmente inacreditáveis.