A partir de 1º de novembro, as regras do financiamento imobiliário por meio da Caixa Econômica Federal vão mudar. Nesta semana, o banco estatal, que concentra cerca de 70% dos financiamentos de imóveis no Brasil, anunciou mudanças importantes para aqueles que financiarem através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
As novas regras preveem que, para o sistema de amortização constante (SAC), os 20% de entrada referente ao valor total do imóvel passarão para 30%, nas novas regras.
Já no sistema Price, que segue o sistema de amortização em parcelas fixas, o valor de entrada passará de 30% para 50%. Além disso, será obrigatório que o comprador não tenha outro financiamento imobiliário com a Caixa para ter direito ao crédito.
Outra alteração importante é a limitação no valor dos imóveis. Segundo a Caixa, nos empréstimos feitos com recursos do SBPE, o banco vai financiar a compra ou a construção do imóvel individual que tenha valor de avaliação de até R$ 1,5 milhão. Antes, não havia limite no valor dos imóveis.
As mudanças vêm devido ao maior volume de saques na caderneta de poupança, às restrições para as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) aprovadas no início do ano e, é claro, à elevação da taxa Selic pelo Banco Central em setembro. Assim, se não limitasse o crédito, a Caixa teria de elevar os juros do financiamento.
Mas a pergunta que fica para os investidores diante da notícia é a seguinte: como ficam as ações de construtoras nesse cenário? Ainda vale a pena investir?
É de se imaginar que as novas regras devem impactar negativamente a demanda de companhias como Tenda (TEND3), Cyrela (CYRE3), Direcional (DIRR3) e MRV (MRVE3), por exemplo, que têm imóveis financiados por meio da Caixa.
Mas, para Caio Araujo, analista da Empiricus, nem tudo está perdido. Para ele, mais do que nunca, o investidor deve ficar de olho e olhar para as ações com execução de qualidade. “Quem está se destacando no setor hoje? Quem está fazendo os melhores Imóveis? Quem está preparado? São essas as perguntas que o investidor deve se fazer”, disse.
Pensando nisso, em uma entrevista recente, ele divulgou quais são as suas escolhas preferidas do setor de construção civil do momento.
Duas ações de construtoras que ainda valem a pena, segundo analista
Se por um lado o setor imobiliário vive uma crise para contornar a alta dos juros e a perspectiva de juros altos por mais tempo, por outro, abriu-se a oportunidade de se posicionar em algumas companhias a níveis de preços interessantes, segundo Araujo.
Os papéis de empresas ligados ao setor imobiliário, assim como outros ativos sensíveis ao ciclo econômico, estão sendo penalizados pela alta dos juros futuros e pela aversão ao risco do mercado após a elevação da Selic.
Porém, o cenário mais difícil no ambiente macroeconômico não afetou os fundamentos de algumas ações, na visão do analista. “Existem oportunidades na categoria diante dos preços que estamos vendo hoje”, disse em entrevista.
Uma dessas ações é a Cyrela (CYRE3). De acordo com Araujo, a companhia negocia a menos de 6 vezes Preço sobre Lucro (P/L) para 2025 e tem uma margem de segurança interessante por mais que haja volatilidade.
Além disso, cabe destacar que, nesta semana, a construtora divulgou uma prévia dos resultados do 3º trimestre de 2024 que impressionaram o mercado. A Cyrela teve uma alta de 44% no Valor Geral de Vendas (VGV), de R$ 3,13 bilhões no período, e um avanço de 41% nas vendas, que somaram R$ 3,2 bilhões no trimestre.
Os números comprovam que, apesar das condições adversas, a companhia manteve a resiliência, superando as projeções dos especialistas. Por isso, na visão de Caio, ela está entre as suas preferidas do setor agora e é uma recomendação de compra.
Outro destaque, na visão do analista, é a Direcional (DIRR3). “É um case com muita opcionalidade, aumento de margem consecutiva e possibilidade de dividendos bem atrativa”, explicou.
Na prévia do 3T24, a companhia reportou uma robusta melhoria na geração de caixa, que totalizou R$ 194 milhões no acumulado do ano. O número sugere a possibilidade de um aumento na distribuição de dividendos, lembrando que R$ 357 milhões em proventos já foram anunciados em 2024.
Por tudo isso, essas são as duas ações mais promissoras da construção civil para ter na carteira agora, para Caio Araujo. Mas vale lembrar que, em uma carteira diversificada, não se deve “colocar todos os ovos na mesma cesta”.
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