Investimentos

Ifix encerrou o primeiro semestre na máxima histórica; o que esperar dos fundos imobiliários na segunda metade do ano?

O analista de fundos imobiliários da Empiricus, Caio Araujo, trouxe o panorama da classe de ativos e fez duas recomendações para o segundo semestre

Por Juan Rey

03 jul 2025, 20:30

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Imagem: iStock.com/Peshkova

O Ifix, principal índice de fundos imobiliários da bolsa brasileira, encerrou o primeiro trimestre de 2025 na máxima histórica, aos 3.483 pontos. Depois do desempenho robusto, o que esperar para a classe de ativos no segundo semestre?

Este foi um dos temas do painel de fundos imobiliários do especial Onde Investir no 2º semestre, organizado pelo portal Seu Dinheiro. Na conversa, estiveram presentes o analista de fundos imobiliários da Empiricus, Caio Araujo, o gestor da Kinea, Pedro Bruder, e o sócio e diretor de gestão da TRX, Gabriel Barbosa.

Araujo lembra que os fundos imobiliários, assim como as ações locais, estavam muito descontados no início de 2025. Com a valorização de 11,7% no Ifix na primeira metade do ano, alguns indicadores de valuation convergiram para a média, segundo o analista.

“Hoje o cenário está um pouco melhor, mas todos os setores ainda apresentam desconto. Em alguns casos, de dois dígitos”, destacou, reiterando a importância de selecionar bem o FII escolhido.

O que esperar dos fundos imobiliários no segundo semestre?

De acordo com o analista, a dinâmica para o segundo semestre está dependente do ambiente macroeconômico. 

“Acabamos de ter o término do ciclo de alta de juros, então a dinâmica da política monetária será muito importante. É importante acompanhar os indicadores de inflação, as perspectivas de juros de curto prazo e se o custo de oportunidade pode cair ou não. Isso será dominante na tomada de decisão”, disse.

Outro ponto destacado pelo analista, também no âmbito macroeconômico, é a política fiscal, que afeta o juro longo. Os desdobramentos em torno do gasto público e possíveis novidades em relação às eleições de 2026 podem fazer preço já no segundo semestre, avalia Araujo.

E os dividendos dos fundos imobiliários?

Os fundos imobiliários são divididos em três categorias: tijolo, papel e híbrido. Os primeiros investem diretamente nos imóveis físicos, enquanto os de papel investem em títulos de renda fixa do mercado imobiliário, como CRIs, LCIs e debêntures.

Segundo Araujo, os FIIs de papel que investem em títulos pós-fixados atrelados ao CDI podem ter uma janela melhor de proventos no curtíssimo prazo em decorrência da Selic em 15% ao ano. 

Por outro lado, os títulos indexados à inflação devem ter “uma sazonalidade que pode trazer mais volatilidade aos rendimentos”, disse.

“No caso dos fundos de papel, é um cenário mais atrelado aos indexadores e à correção monetária do contrato”, afirmou Caio Araujo.

Já no caso dos fundos de tijolos, o analista não vê tanta volatilidade no que diz respeito aos dividendos. “Vai depender mais do nível de ocupação e do potencial de revisão dos aluguéis, que é mais limitado nesse nível de juros”.

Em quais fundos imobiliários investir no segundo semestre? 

O analista vê oportunidades atrativas em todos os setores de fundos imobiliários. Ele destaca os fundos de tijolos voltados para escritórios, onde estão “os maiores descontos e oportunidades de aumentos de aluguéis e valorização de capital”. No entanto, isso não deve ocorrer nos próximos seis meses por conta do patamar restritivo de juros, ponderou Araujo.

“Vejo como uma aposta super válida pensando em médio e longo prazo”.

No curto prazo, o analista vê vantagem para os fundos híbridos. “Têm mais estabilidade de rendimentos, contratos atípicos, oferecem mais segurança e têm portfólios diversificados”.

Os fundos de logística também foram mencionados pelo analista por conta do “potencial de ganho de capital e renda em patamar interessante”.

Entre as recomendações do analista para o segundo semestre está o RBR Rendimento High Grade (RBRR11).

“Vejo a carteira deles como uma das melhores do setor, e com um desconto de quase 20% sobre o valor patrimonial. Entendo que seja uma possibilidade interessante de investimento”, recomendou.

Outra recomendação é o JS Real Estate Multigestão (JRSE11), o fundo de escritórios do Safra. “É uma carteira de qualidade e que tende a crescer gradualmente os rendimentos, tanto por meio do aumento de ocupação recente quanto com os reajustes dos aluguéis”, concluiu. 

Onde Investir no 2º semestre: assista ao painel de fundos imobiliários na íntegra

Caso tenha interesse em conferir o painel completo de fundos imobiliários do Onde Investir no 2º semestre, basta clicar no player ao final da matéria.

No vídeo, além das análises e recomendações de Araujo, você poderá conferir na íntegra as estratégias e visões de mercado do gestor da Kinea, Pedro Bruder, e do sócio e diretor de gestão da TRX, Gabriel Barbosa.

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Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br