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Mineração de Criptomoedas: saiba o que é, como funciona e se vale a pena minerar

A mineração de criptomoedas tem o objetivo de validar e incluir novas transações na Blockchain. Veja o passo a passo para mineração de criptomoedas.

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Data de publicação
26 de setembro de 2023
Imagem representando a mineração de criptomoedas, com uma pessoa segurando uma carteira com criptomoedas.

A primeira e principal criptomoeda do mundo, o Bitcoin (BTC), foi criada em 2008 por Satoshi Nakamoto. Ela foi desenvolvida para que existisse um número limitado de moedas, no total de 21 milhões. A ideia por trás desse limite é replicar o conceito de escassez do ouro e de outras commodities no ambiente virtual.

A emissão de novos bitcoins se dá com o registro das transações que ocorrem na rede, que é feito por seus próprios participantes. No início do funcionamento da rede, a cada novo grupo de transações registrado, as pessoas que faziam a mineração de criptomoedas recebiam 50 novas moedas. A cada quatro anos, contudo, essa recompensa é reduzida pela metade.

Atualmente, a recompensa por bloco registrado está em 6,25 Bitcoins e estima-se que até 2140 todos os bitcoins tenham sido minerados. Isso porque os registros passam, a cada duas semanas aproximadamente, por um ajuste de dificuldade para que um novo bloco seja minerado a cada dez minutos em média.

O que é a mineração de criptomoedas?

A mineração de criptomoedas consiste no registro de transações em blocos em seu Livro Razão, a blockchain. Essa atividade é recompensada com a emissão de novas moedas para os que são bem-sucedidos em efetuar o registro.

Os mineradores de criptomoedas, por sua vez, são pessoas ou empresas que emprestam seu poder computacional para a rede com a intenção de resolver uma série de equações complexas, cujo objetivo final é o registro das transações que ocorreram na rede.

A principal função do minerador no ecossistema é garantir que todas as transações sejam válidas, por meio da verificação da disponibilidade do saldo enviado pelo remetente e da validação do endereço do destinatário, impedindo, assim, a ocorrência de uma transação fraudulenta.

A rede Bitcoin, por exemplo, remunera o poder computacional e o gasto energético empregados com a emissão de novos bitcoins e, também, com a cobrança de taxas incluídas nas transações, comumente denominadas taxas de mineração. Quanto maior for sua contribuição em poder computacional, maior será a sua probabilidade de ser bem-sucedido em registrar um grupo de transações.

De maneira simplificada, a cada dez minutos em média, um novo bloco é minerado. Dessa mineração surgem 12,5 novos bitcoins.

Aqui é importante esclarecer um detalhe: muitas pessoas acham que minerar significa procurar criptomoedas já existentes, assim como a atividade de mineração de ouro e de outras pedras preciosas significa escavar uma área em busca do material.

Porém, a mineração é apenas um sistema de recompensas da rede. Você gasta dinheiro com seu computador e com energia elétrica para manter a rede ativa e o software (o protocolo) o remunera com a criação de novas criptomoedas.

Como funciona a mineração de criptomoedas?

Apesar de a atividade de mineração de criptomoedas ser absolutamente legal e ter um alto potencial de retorno para os que se aventurarem na empreitada, a tarefa pode não ser tão simples quanto parece.

O processo requer conhecimentos básicos em ciência da computação, engenharia elétrica e gestão operacional. Afinal, você estará concorrendo com mineradores do mundo todo, que mantêm suas máquinas ligadas 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Se você tem interesse em minerar criptos, prepare o bolso: é preciso um investimento inicial que pode ser considerável, a depender de quanto você tem disponível. É importante também que se faça um checklist de todos os itens indispensáveis para que tenha êxito nessa atividade.

No processo de mineração mais conhecido, o Proof-of-Work (PoW), o que ocorre é uma incansável busca pela solução de um problema matemático complexo. O minerador, portanto, procura incluir novas transações em um bloco e encontrar uma solução matemática que o valide para ser adicionado ao Livro Razão já existente.

Todos os mineradores competem ao mesmo tempo por essa solução e aquele que primeiro encontrá-la é recompensado com as taxas de mineração e as novas criptomoedas criadas.

Para simplificar, imagine o processo de mineração como um enorme jogo de Sudoku, com inúmeras linhas e colunas, em que todos os mineradores disputam, simultaneamente, para encontrar a solução. Toda vez que alguém encontra uma solução, o jogo é “resetado” e uma nova busca é iniciada.

Processo de mineração (PoW)

O processo de mineração (PoW) ocorre da seguinte forma: conforme novas transações são geradas e enviadas à rede, elas são adicionadas a um grupo de transações não registradas. Cada participante da rede é informado da existência dessas transações.

Então, cada minerador tenta construir um novo bloco contendo as transações não registradas, a identificação do bloco de transações anterior e uma transação especial, que contém o pagamento da recompensa pelo bloco minerado para seu próprio endereço.

A partir daí, começa o processo de PoW para o novo bloco, em busca de sua solução. Se ela for encontrada, o bloco, bem como as transações contidas nele (incluindo a da recompensa), será considerado como válido e será inserido na sequência do blockchain.

Quais os equipamentos para minerar criptomoedas?

A seguir, veja alguns pontos importantes a serem esclarecidos e os equipamentos necessários para que você inicie nessa nova atividade:

1. O algoritmo hash SHA-256

O processo de mineração de criptomoedas funciona da seguinte forma: o hardware do minerador trabalha para encontrar uma solução para o algoritmo de PoW que faz com que o bloco seja válido. Isso significa encontrar um hash (identificador obtido por meio de um cálculo matemático, composto por letras e números) que seja válido para o bloco em questão.

Para calcular o hash, é utilizada a função hash criptográfica SHA-256. Uma função como essa toma uma combinação de palavras e/ou números de qualquer tamanho e a transforma em uma sequência de caracteres de tamanho padronizado.

Como cada frase gerará um hash completamente único, o minerador precisará testar repetidamente vários cálculos de hash SHA-256, até que encontre uma solução válida e consiga, assim, efetuar o registro das transações, recebendo, em troca, a sua recompensa.

2. Tenha um equipamento exclusivo para mineração

Logo que o bitcoin surgiu, era possível realizar a mineração da criptomoeda em seu computador doméstico. Entretanto, no decorrer do tempo, milhões de dólares foram investidos em poder computacional ao redor do mundo para a realização dessa atividade, tornando a mineração com CPU (processador de um computador doméstico) e até mesmo com GPU (placas de vídeo) uma atividade inviável.

Os equipamentos mais indicados para mineração de criptomoedas hoje em dia são os que contêm os chips ASIC (sigla em inglês para Circuito Integrado de Aplicação Específica), que têm como única função a realização do cálculo de hashes SHA-256. Eles oferecem desempenho até 100 vezes maior do que os equipamentos comuns.

Além disso, já existem empresas especializadas na produção de hardware próprio para mineração, como é o caso da Bitmain e seu famoso Antminer. Você pode encontrar equipamentos como esse em sites especializados em mineração de criptomoedas, como o CoinPY.

3. Software de mineração

Com a máquina nas mãos, é hora de baixar o software que executará o trabalho de mineração. Os dois mais populares são o CGMiner e o BFGMiner.

O CGMiner é compatível com todos os sistemas operacionais, suporta vários pools e dispositivos de mineração.

O BFGMiner é baseado no CGMiner, mas foi criado especificamente para os chips ASIC. Esse software monitora a temperatura dos dispositivos e pode ser conectado a vários pools de mineração, evitando os inacessíveis e, assim, economizando energia elétrica.

4. Junte-se a um pool

Pools de mineração são grupos de mineração que trabalham juntos para resolver um bloco e compartilhar as recompensas. Imagine os pools como bolões de loteria: quanto mais gente aportando dinheiro, mais números são escolhidos, aumentando suas chances de ser premiado.

De maneira análoga, ao juntar forças com outros mineradores, suas chances de achar um bloco são muito maiores.

5. Tenha uma boa wallet

As wallets são os dispositivos de armazenamento de criptomoedas minerados. O ideal é que você tenha uma wallet para as criptos que você vai movimentar com frequência e outra para os que você pretende armazenar como reserva de valor.

Para as criptomoedas que você pretende movimentar com frequência, existem diversas soluções online de gerenciamento que funcionam de maneira semelhante a um aplicativo de internet banking.

Já as que você pretende manter como reserva de valor, o ideal é que você os envie para uma cold wallet, ou seja, uma carteira virtual desconectada da internet. Dessa forma, você assegura que suas criptomoedas não serão acessadas por invasores.

Além disso, para os dois casos, é fundamental uma boa gestão de segurança. Tenha um computador especificamente para controle de suas criptomoedas e em hipótese alguma o utilize para acessar sites ou para abrir e-mails suspeitos. Além disso, mantenha sempre todos os softwares atualizados e habilite a autenticação em dois fatores (2FA) para toda e qualquer movimentação em sua carteira.

Quanto custa para minerar criptomoedas? É rentável?

O custo de mineração é muito variável. Depende, primeiramente, de onde (geograficamente falando) você está e do custo da energia elétrica em seu país.

Outra questão, ainda geográfica, é o clima do seu país. As máquinas utilizadas para mineração de criptomoedas se aquecem muito e, para evitar o superaquecimento, necessita-se de um sistema de refrigeração. Se o clima do país for frio, já é um custo a menos. Caso contrário, terá de gastar com o sistema de refrigeração específico para o ambiente das máquinas.

Uma pesquisa da Elite Fixtures, publicada no site portaldobitcoin.com, revelou que a Venezuela é o país com menor custo de mineração no mundo: US$ 531 por bitcoin. Já a Coreia do Sul é o país mais caro, onde o gasto pode chegar a US$ 26.170. No Brasil, o custo é de US$ 6.741, enquanto nos Estados Unidos, de US$ 4.758. A pesquisa levou em consideração, além dos gastos com o equipamento, o custo médio da energia elétrica.

Ou seja, no Brasil, apesar de não ser o maior do mundo, o custo para minerar criptomoedas é bem alto.

É seguro minerar criptomoedas?

A atividade de mineração é totalmente legal. E, seguindo as orientações certas, os riscos ao minerar são menores.

Claro que não é possível afirmar que será um investimento seguro e com retorno garantido.

A única coisa que sempre sugerimos é que você não se envolva com mineração em nuvem. Isso porque existem diversas fraudes nesse meio, e não há como comprovar que de fato esteja sendo exercida a mineração.

Vantagens e desvantagens da mineração

Agora você já está munido de todas as informações necessárias para decidir se irá ou não se aventurar pelo universo da mineração de criptomoedas. Se ainda assim estiver em dúvida, veja as principais vantagens e desvantagens da mineração.

Vantagens da mineração de criptomoedas

  • É possível ganhar dinheiro apenas “mantendo o computador ligado”;
  • É uma forma de contribuir ativamente para a rede de transações de criptomoedas;
  • Pode representar, no longo prazo, uma interessante forma de complementação de renda;
  • Com uma boa gestão, pode-se obter ganhos significativos;
  • No caso de um upside nos preços do bitcoin, os seus lucros aumentam.

Desvantagens da mineração de criptomoedas

  • Dependendo do cenário, não é rentável. Vale mais a pena comprar criptomoedas diretamente com o valor que se pretendia investir com infraestrutura e computadores para minerar, e esperar a valorização;
  • “Payback” (retorno) de longo prazo, aos preços atuais;
  • É necessário ter uma excelente gestão de segurança e noção de computação;
  • No caso de um downside nos preços das criptomoedas, os seus lucros diminuem.

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