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Investimentos

S01E27 – Dancing Queen

Nosso analista com cara de mau fala sobre como poucos dias fazem a diferença quando estamos falando de Bolsa.

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Data de publicação
2 de maio de 2017
Categoria
Investimentos

Casa 92.

6 horas da manhã – você já tomou bem mais cerveja do que a OMS julga aceitável..

Já está quase perdendo a habilidade da fala.

Hora de ir.

Na porta da balada, um táxi branco reluzente.

Do seu lado uma lindinha que parece já ter tomado sua quota de vodka com suco de cranberry.

Se comunicam por sinais, parece que vão para o mesmo lado.

Dividem aquela última esperança de chegar em casa.

Durante os 15 minutos do trajeto até a casa da moça, você pensa em várias coisas pra falar, mas nada que faça sentido se forma na sua cabeça.

Ela desce, linda.

No dia seguinte, seu cérebro, sofrendo com o abuso da noite anterior, decide te torturar…

“Ela entrou no táxi com você”.

“Você nem perguntou o nome dela”.

“Ela era linda”.     

Aquela imagem não sai da sua cabeça e você decide voltar lá no sábado seguinte.

Seu cérebro, ainda sedento por vingança, vai te empurrando toda semana ali pro Largo da Batata.

Na sua cabeça, você já sabe tudo sobre ela.

A morena do táxi virou uma obsessão e encontrá-la, uma questão de honra.

Todo sábado, você lá, no mesmo lugar.

Depois de meses você desiste.

Naquele sábado, nada do Largo da Batata.

No momento que você se senta em um bar na Vila Madalena, a morena desce do táxi em frente à Casa 92 procurando por você.

A história, obviamente, é bem dramática e, a não ser que você seja o Ted Mosby, dificilmente criaria uma obsessão por uma menina com quem nunca nem conversou.

Mas funciona bem para explicar meu ponto.

Eu puxei aqui na Bloomberg o desempenho do Ibovespa de janeiro de 2000 até a última quinta feira.

No período, o índice rendeu pouco mais do que 280 por cento – é bem pouco, para ser sincero (o CDI rendeu 820 por cento, por exemplo).

Mas, se você tirar os 10 pregões de maior alta, seu retorno total vai para 56 por cento. Se tirar mais 8, você fica no zero a zero.

De janeiro de 2000 a abril de 2017 foram 4.288 pregões.

Se você tivesse ficado fora de 19 dias (0,4 por cento), seu rendimento seria NEGATIVO.

A maior alta do período foi no dia 13 de outubro de 2013: 14,7 por cento.

O Lehman Brothers quebrara há cerca de um mês e os mercados estavam completamente caóticos.

Nos sete dias anteriores, a bolsa acumulara queda de quase 30 por cento, quem vai pensar em alta no meio disso tudo?

Depois de dias sangrando MUITO forte, um pacote para salvar os bancos europeus nos deu uma das maiores altas da Bolsa de todos os tempos.

(Dois dias depois, a danada despencou 11 por cento e, no dia 20 de outubro, nova alta de mais de 8 por cento).

Da mesma forma que a menina da balada, a Bolsa pode aparecer te procurando quando você menos espera – mas também pode te fazer perder vários dias em vão.

Se você quiser ser um equity guy, não tem muito o que fazer.

Vai ter que ficar o tempo todo posicionado.

Tentar escolher os melhores pontos de entrada e saída vai deixar sua corretora rica e você frustrado.

Investir em ações é um exercício de fé, amigo.

Estamos aqui, no meio da tempestade, com o Trump querendo brincar de guerra e o ápice das tensões das reformas e da Lava Jato.

É fim de tempora

Tudo vai se resolver nos próximos capítulos.

Reforma da Previdência, depoimento do Lula e julgamento no TSE.

Ninguém sabe o que vai subir ou cair amanhã.   

Se quiser se preparar, compre opções, escolha ações baratas, confie na sua carteira, mas, nunca, nunca mesmo, tente acertar o timing do mercado.

No dia que resolver zerar sua carteira, a Bolsa vai subir.

Você vai estar ali, sentado no bar, enquanto ela convida algum outro cara pra dançar.

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