Se há governo, sou contra
Apesar de mais curta, tivemos uma semana cheia, repleta de acontecimentos e, do nosso lado, de comemorações. Lá fora, acompanhamos como se fosse aqui o desenrolar das eleições presidenciais americanas.

Lives were spent on the ladder of success
Working for nothing in this, in this worthless mess
Presidents a name, presidents a label
Highest man on the government table
Trecho de “Abolish Government/Silent Majority” – T.S.O.L.
Apesar de mais curta, tivemos uma semana cheia, repleta de acontecimentos e, do nosso lado, de comemorações.
Lá fora, acompanhamos como se fosse aqui o desenrolar das eleições presidenciais americanas.
Enquanto escrevo esta newsletter, o resultado oficial ainda não foi divulgado, mas tudo indica que a faixa irá mesmo para o democrata Joe Biden.
De qualquer forma, a onda azul prognosticada pelos institutos de pesquisa, que mais uma vez passaram vergonha, não se materializou. Não só a vitória de Biden parece ter sido muito mais apertada do que foi antecipado, mas também vimos boa performance dos republicanos no Legislativo, com a muito provável manutenção da maioria no Senado.
Assim, em um país mais dividido do que nunca, teremos nos EUA uma ascensão “meia-bomba” dos democratas ao poder, com pouco espaço para insanidades da ala radical do partido e seus flertes socialistas.
Com a chegada de Biden, um legítimo representante do pântano de Washington (alegoria para a máquina governamental ensimesmada e corrupta), devemos observar um retorno à média dos últimos governos americanos. Com isso, fica para trás a volatilidade de um presidente imprevisível, assim como sua frenética conta no Twitter.
A reação do mercado até agora tem sido boa, com Bolsas subindo e o dólar perdendo espaço contra outras moedas, inclusive o nosso combalido real.
Como governos são, por definição, ruins, é preferível sempre aqueles com menos força, especialmente se a agenda for de maior intervenção estatal.
Falando em governos, e sua crônica incompetência, como não deixar de comentar as medidas de lockdown na Europa para conter a nova onda do vírus?
Já há farta literatura sobre os prejuízos sociais e econômicos de tais medidas restritivas. O consenso indica que lockdowns são medidas extremas, somente indicadas em situações-limite.
Quando o vírus aterrissou na Europa em fevereiro, espalhando vítimas e pânico pelo continente, medidas desesperadas foram tomadas a fim de achatar a curva do contágio. O objetivo seria evitar o colapso do sistema de saúde.
Foi nesse contexto que se adotou um lockdown, uma medida bruta e desesperada.
O espantoso é que, decorridos nove meses, os mesmos governos não foram capazes de se preparar minimamente para um novo enfrentamento com o vírus e voltam a adotar as mesma medidas autoritárias do começo do ano.
Como exemplo dessa abjeta inação, a Bélgica, um dos recordista de óbitos como proporção de sua população na primeira onda, já abriu o bico e está mandando, por via aérea, pacientes para serem tratados na vizinha Alemanha.
Agora resta-nos acompanhar e torcer para mais uma onda passar enquanto a vacina não chega.
Voltando aos temas econômicos e financeiros, nesta semana tivemos a aprovação no Senado Federal do projeto de lei que concede autonomia ao Banco Central.
Apesar de ainda depender da aprovação da Câmara e da Presidência, o projeto deve mesmo ser ratificado e virar lei. Trata-se de um avanço importante, que nos alinha ao modelo adotado nas principais democracias do mundo.
Apesar do meu lado libertário questionar a capacidade de bancos centrais adicionarem valor à sociedade com suas intervenções monetárias, reconheço a capacidade do nosso atual comandante Roberto Campos Neto e saúdo a possibilidade de sua permanência no cargo por um longo período.
Ainda no tema bancos centrais, as seguidas valorizações das criptomoedas, com o bitcoin ultrapassando os US$ 15 mil, demonstram que o questionamento sobre suas competências em estabilizar as moedas fiduciárias só cresce, especialmente com o espectro de mais estímulos monetários em resposta às medidas de contenção da epidemia.
E, por fim, não poderia deixar de encerrar esta newsletter sem compartilhar com você a nossa alegria pelo aniversário da fundação da Empiricus.
Quando publicamos a primeira edição do então Relatório Empiricus, lá em 4 de novembro de 2009, não imaginávamos a incrível trajetória que viveríamos.
Completamos os nossos 11 anos com a certeza de termos contribuído para a evolução das nossas centenas de milhares de assinantes.
Temos um compromisso inalienável de trazer a você as melhores ideias de investimento dentro de um modelo independente, longe de conflitos de interesse.
Estamos inclusive ampliando nosso compromisso ao lançar, em parceria com a Estácio, o melhor MBA para a formação de profissionais de finanças e investimentos do país.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Um abraço e boa leitura,
Caio