Diário de Bordo

Reta final de 2023: o rali de Natal

João Piccioni

5 dez 2023, 18:46 (Atualizado em 5 dez 2023, 18:46)

ação ibovespa rali de natal

O mês de novembro trouxe alegrias para os investidores. A bolsa brasileira disparou e voltou a se aproximar das suas máximas históricas atingidas em 2021. Lá fora, o índice S&P 500 voltou a se aproximar da casa dos 4.600 pontos e trouxe de volta o apetite pelo risco dos investidores globais.

Para os fundos da Empiricus Gestão, o mês foi muito bom. Praticamente todas as classes de ativos apresentaram fortes ganhos. Os fundos de ações e multimercados da casa foram o destaque e apresentaram fortes valorizações (veja rentabilidade de alguns deles no quadro neste link). No primeiro caso, vale mencionar os ajustes no portfólio do Empiricus Deep Value FIA para alinharmos as práticas da nova gestão — a primeira carta do fundo delineando sua estratégia e abrindo sua alocação será publicada na próxima quinta-feira (7) —; o bom desempenho dos fundos de ações ligados à Empiricus Research, com destaque para o Empiricus MAB FIA; e a boa surfada dos fundos internacionais (Empiricus MoneyBets FIA BDR, Empiricus Tech Select FIA BDR e Empiricus Money Rider Ações Dinâmico FIA BDR), que se aproveitaram dos excelentes resultados corporativos e do maior dinamismo na condução do processo decisório. 

Para dar um exemplo, no Tech Select, conseguimos aproveitar a forte valorização das ações da Salesforce após os seus resultados trimestrais, ao aumentar a exposição no ativo em 9 pontos percentuais alguns dias antes da divulgação. Já havia cogitado esse posicionamento ao rever o caso, dado o seu bom desempenho na primeira metade de 2023 e, também, devido às melhorias nos seus produtos acarretadas pela implementação de ferramentas de inteligência artificial. No trecho da carta do Tech Select, divulgado há algumas semanas, havia aventado a hipótese. Trata-se de uma empresa única que terá um espaço gigantesco para crescer com o uso da IA.

No segmento de renda fixa, destaque para o Empiricus Renda Fixa Ativo FI RF Crédito Privado LP que avançou 1,56% (169% do CDI), reflexo da pequena recalibragem na estratégia de gestão. Já os fundos dolarizados ligados à renda fixa (Dólar Income e Bonds USD) sofreram o revés do dólar, que em relação ao real, caiu 2,31%. Apesar do bom fechamento das taxas de juros lá fora, o desempenho desses fundos deixou a desejar. Essa dinâmica em relação ao dólar provavelmente perdurará ao longo dos primeiros seis meses de 2024 e deverá ser um vento contrário ao desempenho desses fundos. Minha leitura é que o caminho para rentabilidade em dólar será encontrado mais facilmente nas estratégias que guardam maior diversificação de classes, como por exemplo, no MoneyRider Hedge Fund FIM IE ou FoF MF Global FIM.

Falando em multimercados, todos apresentaram resultados superiores aos seus benchmarks, com destaque para o Empiricus Carteira Universa FIM que avançou 6,78% no mês. O maior peso em ações finalmente fez valer. Também é preciso mencionar os bons calls na renda fixa, ouro e criptomoedas, que ajudaram marginalmente a aumentar o desempenho da carteira. Dentre os fundos que investem lá fora, o destaque foi o Empiricus MoneyRider Hedge Fund FIM IE, que avançou 4,05%, mesmo com a desvalorização do dólar. O que funcionou aqui foi a posição de juros, baseada na leitura de Stanley Druckenmiller, e, também, os acertos ligados à posição em ações japonesas, bitcoin e urânio.

Os fundos ligados às estratégias específicas apresentaram desempenho misto. Os destaques vieram dos fundos de Criptomoedas (Empiricus Criptomoedas FIM, Empiricus Cripto High Beta e Empiricus Coin Cripto), que avançaram na esteira do Bitcoin. As principais moedas digitais (bitcoin e ether) avançaram substancialmente ao longo do mês, impulsionadas pelas notícias associadas às possíveis aprovações dos ETFs do setor. A institucionalização da classe é cada vez mais desejosa e tem ganhado corpo nas discussões de políticas de investimento dos fundos de pensões lá fora. 

O Empiricus Urânio FIM também subiu fortemente (+5,41%), devido ao avanço dos preços do minério. As discussões favoráveis à energia nuclear na COP-28 têm deixado os investidores menos relutantes com a tese — na sexta-feira (8), divulgaremos um relatório sobre o setor com a nossa visão. O petróleo, por sua vez, tem sofrido com as expectativas negativas da economia global e, mesmo diante da leitura da possibilidade de novos cortes de produção (ratificados no encontro da OPEP da semana passada), apresentou mau desempenho. O Empiricus Petróleo FIM caiu no mesmo passo do barril do petróleo (-5,87%).

Sob a ótica do apetite dos investidores, houve uma mudança significativa de posicionamento em relação ao mês de outubro. O discurso mais atenuado dos Bancos Centrais, associado aos dados econômicos mais fracos, foram responsáveis por direcionar os recursos para os ativos de risco. Já teci comentários sobre este posicionamento ao longo dos últimos Diários de Bordo, e reforço que este comportamento se manterá enquanto o cenário de maior probabilidade se mantiver conectado à hipótese do “soft landing”.

Figura 1 — Fear & Greed Index. Fonte: CNN International.

A grande questão que paira no ar (e que será tema do relatório sobre o cenário de 2024 que trarei dentro das próximas semanas) é o que vem depois do estágio de “soft landing”. Historicamente, toda deterioração econômica mais grave passa pelas redes de contenção de uma leve desaceleração econômica. A questão principal é o quão disposto estará o Fed em utilizar suas ferramentas monetárias para segurar a economia caso ela se deteriore. Se a anemia for global, não duvido que haverá esforços hercúleos. Se ela for pontual, e abarcar somente alguns segmentos de negócios, provavelmente não veremos uma reação rápida da política monetária. Equilibrar as carteiras dos fundos para atravessar essa corda bamba será um desafio interessante.

O comportamento dos mercados no mês de dezembro

O início do mês de dezembro deu sinais de que o apetite ao risco deve continuar elevado. Pelo menos no que tange a prancheta, os investidores se mostram com uma menor aversão ao risco. Nos pregões dos últimos dias, no entanto, houve leve recuperação da volatilidade. Por ora, nada que assuste.

No fechamento de hoje (5), o Ibovespa se manteve dentro da casa dos 126 mil pontos, mas sofreu uma leve realização de lucros. Lá fora, também houve um pequeno movimento de queda, em especial nas megacaps. Nada de anormal, dado o forte movimento de alta no mês passado. Para os fundos de ações, este é um momento interessante: é preciso transitar (escolher) entre as alocações e aproveitar eventuais momentos oportunos para aumentar ou reduzir participações. Neste sentido, na virada do mês, acabamos pilotando a maior parte dos fundos de renda variável e os deixando com um pouco de renda fixa em suas carteiras. Isso foi providencialmente positivo no começo deste mês, mas não deve ser uma estratégia a ser perseguida.

Do lado da Renda Fixa, houve um alívio da retração da curva de juros, apesar da leitura dos investidores sobre a possibilidade de um processo de afrouxamento monetário mais robusto. No caso brasileiro, a taxa DI com vencimento em janeiro de 2026 voltou a marca dos 10,07%. A dúvida dos economistas está relacionada aos efeitos marginais das decisões do governo relativas à reforma tributária e, mais especificamente, ao ICMS que deve impactar os serviços no ano que vem. O equilíbrio dos problemas fiscais brasileiros via aumento de arrecadação tem efeitos deletérios, ao afetar preços de produtos e serviços e aumentar o peso morto na economia real.

Minha expectativa é que o rali de Natal volte a ganhar contornos após as reuniões do Fed e do BCB que acontecem simultaneamente nos dias 12 e 13. Até lá, ainda teremos alguma volatilidade, devido aos indicadores econômicos que serão divulgados, especialmente lá fora. Os olhos se voltarão especificamente para os números do emprego e inflação ao consumidor, cujas expectativas apontam para o enfraquecimento da economia. Aqui no Brasil, foi divulgado o PIB brasileiro relativo ao terceiro trimestre hoje (5) pela manhã. A economia brasileira mostrou uma leve desaceleração do crescimento na margem, mas um crescimento trimestral de 0,1%. O agronegócio deu sinais de resfriamento ante ao bom momento do primeiro semestre, ao contrário do consumo e indústria que apresentaram melhora marginal, insuficiente para impulsionar o PIB. Aos poucos o afrouxamento da política monetária vai ficando mais do que justificável. Passa a ser necessária. Vamos em frente.

PS 1. Lançamos na semana passada o Empiricus Renda Fixa Ativo FI RF PREV, um fundo de previdência conservador. Para inaugurá-lo, criamos uma campanha que mostra um tutorial de como turbinar sua restituição no ano que vem. É provável que você tenha um valor na casa dos milhares de reais para receber a mais do governo na sua restituição de IR do ano que vem. Confira o vídeo e entenda como o nosso novo fundo de previdência pode te ajudar a tomar posse desse dinheiro.

PS 2. Nesse mês, também lançamos o Empiricus Cash Yield FI RF para facilitar os aportes para recursos de liquidez. O objetivo aqui é rodar com algum prêmio em relação ao CDI (ele já está disponível na plataforma do BTG — leia o seu regulamento antes de investir).

PS 3. Na próxima quinta-feira (7), publicaremos a primeira carta do Empiricus Deep Value FIA nos mesmos moldes daquela que fizemos para o Empiricus Tech Select FIA. O objetivo é mostrar para os investidores a estratégia utilizada para montar a carteira do fundo, além de uma pincelada nas principais teses de investimento presentes no fundo. Não deixe de ler.

PS 4. Não esqueça de fazer o seu cadastro no Telegram da Empiricus Gestão! Siga este link.

PS 5. Realizamos ontem a primeira Live de rentabilidade mensal dos fundos após meu início na Empiricus Gestão. Se você ainda não assistiu, veja aqui!

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