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Reserva de emergência: como calcular, quanto guardar e onde investir a sua?

Ter uma reserva de emergência é essencial para organizar sua vida financeira. Confira dicas sobre como formar e onde guardar a sua reserva de emergência.

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Data de publicação
10 de outubro de 2022
Imagem representando a Reserva de Emergência, mostrando uma pessoa fazendo cálculos enquanto separa dinheiro.

Considerada o ponto de partida do mundo dos investimentos, a reserva de emergência é um importante aliado para qualquer tipo de planejamento financeiro. Com ela, investidores de todas as idades podem se resguardar de eventuais imprevistos e ainda rentabilizar de maneira segura e equilibrada.

Compreender a sua importância e os passos necessários para formar uma reserva de emergência é essencial para adquirir uma maior independência financeira.

O que é reserva de emergência?

Como o próprio nome sugere, a reserva de emergência é um investimento de curto prazo que funciona como um fundo de acesso facilitado. Ele deve ser utilizado para imprevistos e também para fortalecer o orçamento do investidor.

A criação da reserva estimula um hábito saudável com as finanças, a partir do momento que fomenta uma economia “forçada” por meio da organização dos gastos. Esse ciclo gera maior clareza sobre os gastos, permitindo a você poupar de forma estratégica para diferentes objetivos. Por isso, ela é considerada o primeiro passo de uma vida financeira bem estruturada.

O fundo de reserva deve ser visto como uma espécie de seguro para emergências, que podem se manifestar em uma demissão inesperada, gastos médicos, conserto do carro, pagamento de dívidas acumuladas etc.

A partir da criação e movimentação desse aporte financeiro, o investidor adquire um controle maior sobre os seus próprios gastos. A partir disso, pode seguir para o próximo passo, que é escolher bons investimentos que façam esse dinheiro guardado “trabalhar” para si no longo prazo.

Quanto guardar na reserva de emergência?

Uma das dúvidas mais frequentes a respeito da poupança emergencial é sobre como calcular o aporte mensal desse fundo. Em geral, você deve levar em conta o que entra e o que sai da sua conta corrente mensalmente, e então multiplicar a sua renda por um determinado número de meses.

Com base no salário

A quantidade exata de meses depende do formato de contrato profissional ao qual você está inserido, além do valor que recebe mensalmente. Especialistas apontam que o prazo médio para se considerar no cálculo da reserva é entre 6 e 12 meses de recebíveis líquidos.

Outro fator importante para o cálculo é a estabilidade da profissão e as diferentes frentes pelas quais você pode gerar renda – seja de maneira direta, seja de maneira indireta (trabalho extra, benefícios, prestação de serviços etc.).

Se você é um funcionário público ou um profissional CLT, por exemplo, há uma maior previsibilidade sobre os ganhos. Já para trabalhadores autônomos e MEIs, o cálculo deve ser feito de forma um pouco diferente, visto que os ganhos variam de um mês para o outro.

Com base nos gastos fixos

Outra estratégia interessante para definir um montante ideal para a reserva de emergência é pensar no seu custo de vida. Quanto você gasta ao mês para cobrir despesas fixas e essenciais do seu dia a dia? A partir disso, quanto seria necessário acumular para que, em caso de perda de receita, esse aporte fosse suficiente para te manter no mesmo padrão de vida que você se encontra hoje?

Nesse caso, o valor da reserva deve ser proporcional ao quanto você gasta todos os meses (com aluguel, luz, condomínio, energia etc.). Ou seja:

  • Até R$ 1.000 por mês: reserva entre R$ 6.000 e R$ 12.000;
  • Até R$ 5.000 por mês: reserva entre R$ 30.000 e R$ 60.000;
  • Até R$ 10.000 por mês: reserva entre R$ 60.000 e R$ 120.000

Como calcular a reserva de emergência

Além dos critérios apresentados anteriormente, o cálculo da reserva de emergência deve ser feito de acordo com o regime profissional de cada investidor.

Para quem tem estabilidade financeira

O regime CLT oferece garantias trabalhistas como FGTS e seguro desemprego, além de um salário previsível todos os meses. Assim, o recomendado é que você acumule o equivalente a (pelo menos) 6 meses de recebíveis. Essa é a quantia mínima que você precisa ter em conta para se manter tranquilo caso perca o emprego.

Um salário base de R$ 2.500 multiplicado por seis meses, por exemplo, equivale a R$ 15 mil. Ou seja, seis meses de salários que ficam resguardados e que permitem a você se planejar com calma para um novo passo na carreira se necessário. Além disso, você não fica refém do saldo do FGTS – que, inclusive, não rende acima da inflação.

Já para os funcionários públicos que têm uma segurança maior no emprego, o tamanho da reserva pode ser menor, correspondendo aos gastos de 3 ou 4 meses. Nesse caso, o montante mensal deve ser pensado para gastos menores do dia a dia, como pequenos reparos em casa, a compra de equipamentos ou demais pagamentos fora do orçamento.

Para quem não tem estabilidade financeira

Quanto maior for a sua instabilidade financeira, maior deve ser a reserva de emergência. E como os trabalhadores autônomos têm maior dificuldade de estabelecer quanto ganham ao mês – uma vez que as receitas não são fixas –, é preciso calcular uma média dos últimos aportes e das despesas fixas. E então, estabelecer uma quantia acumulada de pelo menos 12 meses de trabalho.

Esse dinheiro não precisa ser juntado da noite para o dia. O importante é guardar um pouco a cada novo mês e, assim, ir alimentando a reserva gradativamente e de forma organizada. Quanto maior o acúmulo, mais segurança e liberdade você terá para fazer novos aportes e fomentar uma renda passiva mensal.

Passo a passo para montar uma reserva de emergência

Tão importante quanto criar uma reserva de emergência é saber aprimorá-la gradativamente, e para isso é preciso uma boa dose de disciplina e organização. Um planejamento financeiro é o principal aliado para a manutenção de uma fonte de renda independente e bem estruturada.

Entretanto, nem todos os brasileiros têm condições de criar uma reserva do zero a qualquer momento. O Brasil é um dos países com maior número de famílias endividadas do mundo. Por isso, o primeiro passo deve ser avaliar a própria vida financeira, e a partir disso estabelecer etapas realistas para acumular dinheiro todo mês.

Às vezes, é preciso reformular os gastos e sanar pendências antes de guardar esse dinheiro de fato. Por isso, se você não sabe por onde começar, siga três fundamentos básicos:

1. Avalie o orçamento

Ao criar um orçamento mensal, fica mais fácil para você compreender para onde o dinheiro está indo e quais são os gastos essenciais e supérfluos das faturas. Depois que você mapear as receitas e despesas, é possível traçar caminhos para conter esses gastos e começar a economizar com base no cálculo da reserva.

Como a prioridade nessa etapa é controlar os gastos e avaliar o orçamento, ter a ajuda de uma ferramenta pode ser uma mão na roda. Para isso, você pode utilizar metodologias, planilhas e aplicativos digitais focados no controle de gastos.

Depois de entender as finanças, você deve estabelecer um valor mensal para guardar na reserva e seguir firme todos os meses. Não espere sobrar dinheiro para poupar, separe pelo menos uma parcela mínima para começar a alimentar a sua reserva mensalmente. Assim, você cria um compromisso com a manutenção do seu aporte e adquire maior disciplina.

2. Reduza as despesas

Outro ponto importante para organizar as finanças é reduzir as despesas fixas mensais. Se você tem dívidas ativas com juros altos que comprometem o seu orçamento, deve começar por quitá-las antes de formar a sua reserva de emergência. Uma dica é entrar em contato com o banco para renegociar as pendências e pedir descontos para pagamento à vista.

O mesmo vale para despesas com o cartão de crédito e o crédito rotativo, que quando acumuladas viram uma grande bola de neve. Priorize o pagamento dos boletos em atraso e zere o seu débito com as instituições antes de pensar no acúmulo mensal de receitas.

Já a quitação de dívidas de longo prazo – como os financiamentos imobiliários (que podem levar até 30 anos para serem amortizados) – não precisam ser uma prioridade, desde que as parcelas sejam estruturadas mensalmente para serem pagas em dia e não comprometam todo o orçamento.

A redução de despesas é feita de forma gradual e leva tempo, mas conforme você detecta vícios e reduz os gastos superficiais, você começa a fomentar o hábito de alimentar a reserva aos poucos e de maneira sustentável ao longo dos meses.

3. Aumente as receitas

A partir do momento que você organiza as suas pendências e começa a poupar, a meta deve ser sempre aumentar a sua fonte de acúmulo. Afinal, tão importante quanto poupar dinheiro todo mês, é fazê-lo “trabalhar” para você. E a melhor forma de estabelecer uma rentabilidade segura para essa reserva é por meio dos investimentos de renda fixa.

A reserva de emergência pode ser aplicada em um fundo de baixo risco que permita um rendimento previsível e constante ao longo dos meses. Assim, o seu dinheiro não perde valor com as oscilações do mercado – como ocorre com a poupança em tempos de inflação, por exemplo.

Há diversas opções de investimentos focados na manutenção da reserva de emergência, que ajudam o seu dinheiro a se manter ativo e trabalhando conforme os juros da aplicação.

Onde investir a reserva de emergência?

Como dito anteriormente, ao compreender as principais etapas para montar uma reserva de emergência, é chegada a hora de considerar um passo adiante: fazer o dinheiro guardado trabalhar para si.

Como o montante da reserva deve ser pensado para o curto prazo, ele precisa ser aplicado em um investimento previsível, de baixo risco e com liquidez diária – ou seja, que ofereça resgate facilitado. Para descobrir o tipo de ativo que mais se encaixa nesses critérios, atente-se para esses 4 fatores essenciais:

  1. Liquidez: facilidade para sacar o montante a qualquer momento;
  2. Baixo custo: investimentos que não cobram taxa administrativa e são isentos de Imposto de Renda;
  3. Segurança: ter garantia assegurada pelo FGC ou outros mecanismos de segurança (como por exemplo, ser um título público emitido pelo);
  4. Baixa volatilidade: ter rentabilidade previsível e sem grandes oscilações.

Dentre esse conjunto de critérios, os melhores investimentos para aplicar a reserva de emergência são:

  • Tesouro Selic;
  • Fundos DI;
  • CDBs com liquidez diária.

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Tesouro Selic

Os títulos do Tesouro Direto são uma das formas mais seguras de cultivar uma reserva de emergência. Apesar de não serem protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), são ativos dos mais inabaláveis do mercado, uma vez que são emitidos pelo governo federal.

O Tesouro Selic, por exemplo, tem liquidez diária e rentabilidade 100% atrelada à Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Assim, o seu dinheiro não sofre com as oscilações do mercado ou de eventuais altas dos juros – como ocorre com a poupança, que não acompanha esse movimento de mercado.

Esse tipo de investimento tem uma rentabilidade menor quando comparado a outros de maior volatilidade, mas como o foco da reserva é a manutenção  e proteção do seu patrimônio, a rentabilidade fica em segundo plano. Ainda assim, com o Tesouro Selic, não há risco de a aplicação valer menos do que o esperado caso seja resgatada antes do vencimento.

Fundos DI com D+1

Os fundos de renda fixa com resgate da aplicação no dia seguinte à solicitação (D+1) são a melhor escolha para quem quer ter acesso facilitado à reserva. Os fundos são aplicados em ativos seguros e previsíveis, como títulos públicos e privados, e seguem a um indexador como o CDI ou a Selic.

Por oferecerem liquidez diária, os fundos DI são uma ótima estratégia para você manter um fluxo de caixa de curto prazo como a reserva. Além disso, eles também rendem mais do que a poupança e, em alguns casos, até mais que o Tesouro Direto.

CDBs com liquidez diária

Os populares CDBs (Certificados de Depósitos Interbancários) também são opções interessantes para guardar a sua reserva de emergência. Ao comprar esses papéis, você empresta dinheiro ao banco emissor em troca de rentabilidade prefixada, pós-fixada ou híbrida.

Existem vários tipos de CDB diferentes a disposição no mercado. Porém, para a reserva de emergência, o melhor é optar pelos títulos que possuam liquidez diária (D+0).

Além disso, esses ativos oferecem isenção de Imposto de Renda e são protegidos pelo FGC. No caso dos CDBs de liquidez diária, ainda é possível encontrar rentabilidades próximas ou até mesmo superiores a 100% do CDI.

A poupança pode ser usada para reserva de emergência?

Por muitos anos, a caderneta de poupança despontou como o principal investimento dos brasileiros. Porém, se colocarmos na ponta do lápis o quanto ela gera de retorno para o investidor, a conta fecha no negativo. Isso porque o percentual de rendimento da poupança não é tão alto quando comparado a outros ativos disponíveis no mercado financeiro.

Em linhas gerais, a poupança rende até 70% da taxa Selic, enquanto outros investimentos (como o próprio Tesouro Selic) rendem no mínimo 100%.

Além disso, a poupança rende uma vez ao mês e apenas no dia estabelecido como “aniversário”. Assim, caso você precise tirar o montante de emergência para sanar algum imprevisto, acaba perdendo a remuneração corrigida.

Como é possível observar, há investimentos melhores que a poupança, que oferecem a mesma segurança, maior rentabilidade e alta liquidez, permitindo que você resgate o montante sempre que necessário e com a correção devida dos valores.

Quando utilizar a reserva de emergência?

Engana-se quem pensa que a reserva de emergência serve apenas para perfis específicos. Fato é que ela é importante para todas as pessoas economicamente ativas, independentemente do nível de renda e da idade. O que muda é o tamanho da quantia acumulada e os desafios para mantê-la sempre atualizada.

Essa espécie de “seguro” traz uma maior independência financeira para o investidor, uma vez que você deixa de ser dependente dos benefícios sociais que nem sempre são possíveis em algumas condições empregatícias – em caso de trabalho autônomo, por exemplo. Além disso, a reserva serve como uma cobertura para despesas emergenciais como:

  • Contas fixas mensais durante o período de desemprego;
  • Despesas médicas e odontológicas que não são cobertas pelo plano (como cirurgias e internação);
  • Atendimentos veterinários de urgência para seu pet;
  • Reparos estruturais no imóvel, como vazamentos, troca de móveis ou eletrodomésticos;
  • Viagens urgentes e não planejadas por motivos familiares;
  • Mudança de cidade, que exige contratação de frete e outras burocracias cartorárias;
  • Pagamento de multas e contas que não estavam no orçamento;
  • Necessidade de dinheiro rápido para fins específicos sem a necessidade de contratar empréstimos com altas taxas de juros.

Ou seja, a reserva de emergência não é um dinheiro que você deve usar quando quiser, mas sim quando precisar. O último ponto listado, inclusive, é um dos mais importantes: a reserva de emergência é um importante aliado para a sua saúde financeira, uma vez que impede a tomada de crédito por meio de bancos e instituições, evitando novas dívidas.