Conheceremos o Vírus ao fim desta próxima semana
Foi curioso encontrar, nas redes sociais, gente postando que o Coronavírus viralizou.

Foi curioso encontrar, nas redes sociais, gente postando que o Coronavírus viralizou.
O verbo "viralizar" transbordou a metalinguagem e ganhou vida própria, como se sua aplicação a um vírus fosse apenas um caso específico.
Perto do que acontece com as redes sociais, é até surpreendente que um vírus seja capaz de viralizar assim, com tamanha rapidez.
Nesta semana viral, caímos e subimos. Para sermos justos, mais caímos do que subimos.
Isso é o bastante para alegar que estamos em um de nossos melhores momentos.
Segundo a boêmia sabedoria de Jorginho Guinle, "o melhor momento das pessoas é quando elas estão subindo ou descendo. No topo, todos ficam chatos”.
Será que o topo do Coronavírus está ainda por vir? Ou será que logo vai ficando para trás? Perguntas de um milhão de dólares.
Ao ler as manchetes, ficamos com a impressão científica desvirtuada pela ânsia por cliques.
Por isso, nessas horas de pânico, prefiro sair à francesa, me afastar respeitosamente dos jornais, e procurar fontes de conhecimento um pouco mais serenas.
Por exemplo, os dados brutos e oficiais das autoridades de saúde na China.
No gráfico acima, temos novos casos confirmados (azul), novos casos suspeitos (vermelho) e a soma de ambos (verde).
Não restam dúvidas de que o comportamento é exponencial. No entanto, embora ainda seja cedo para concluir, a curvatura do crescimento pode estar se aplainando gradualmente, como resultado do recente congelamento de pessoas e de viagens.
Como o lockdown chinês começou em 25 de janeiro, precisamos tipicamente de umas duas semanas desde o lockdown para enxergar melhor a real curvatura do contágio.
Logo, esta próxima semana provavelmente funcionará como um oito ou oitenta.
Não quero ser otimista aqui, até porque se trata de um fenômeno complexo, para o qual não cabem previsões.
Além disso, para essas questões de saúde global, que colocam minimamente em risco toda a humanidade, realmente devemos cultivar alguns graus de paranoia, em nome da sobrevivência da espécie.
Mas acho também que o viés atual em relação ao Coronavírus pode estar tendendo a um pessimismo exagerado, ao menos se tomarmos por base as informações disponíveis até o momento.
Uma característica interessante de processos de crescimento exponencial é que, uma vez que a causa ou o mecanismo de contágio tenham sido neutralizados – ou mesmo amenizados –, seu decaimento também se manifesta exponencialmente.
Não sabemos ainda como se comporta o vírus. Suspeito que até domingo que vem teremos uma boa ideia.