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ABEV3: compre ações da Ambev e tenha cerveja como renda

A gigante cervejeira Ambev pode lhe entregar bons dividendos anualmente

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Data de publicação
4 de janeiro de 2021
Categoria
Investimentos

Algumas empresas recompensam o investidor periodicamente por cada ação comprada, e a Ambev (ABEV3) é uma dessas. Você já considerou receber dinheiro de tempos em tempos sem precisar vender seus ativos para isso?

Mas saiba que investir dinheiro em empresas que pagam dividendos não basta. É preciso entender quais são as ações certeiras para que a recompensa valha a pena.

Por isso, temos especialistas dedicados à séries como o Vacas Leiteiras, do Sérgio Oba, e o Double Income, do Felipe Miranda. Nelas, você encontra os melhores ativos para construir uma fonte de renda alternativa na sua vida.

Como dissemos, um dos ativos dessa seleção exclusiva é ABEV3, indicação que vamos destrinchar neste artigo.

Para otimizar a sua leitura, dividimos o conteúdo nesses tópicos:

As origens da maior fabricante de cervejas do mundo

Atualmente, a Ambev (ABEV3) lidera o mercado brasileiro de cervejas, abocanhando 59,4% de market share.

As empresas que geraram a Ambev são centenárias.

Pré-Ambev: dos primórdios do mercado cervejeiro à fusão

A Ambev surgiu em 1999. Ela é fruto da fusão da Antarctica, fundada em 1885, e da Brahma, de 1888.

O mercado brasileiro de cervejas pré-Ambev era bastante ineficiente. As empresas tinham cadeias produtivas um tanto desorganizadas: muitas vezes faltava cerveja no verão, por exemplo.

A Ambev — que já nasceu sendo a terceira maior indústria cervejeira e quinta maior produtora de bebidas do mundo — tentaria mudar isso. Por trás do projeto, estavam três nomes principais.

O dream team por trás da empresa

O proeminente trio por trás dessa jogada — que deu muito certo — é composto por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Antes da Ambev, eles eram os donos da Brahma. E aprenderam muito nos anos em que a comandaram.

A cultura acomodada e complacente da Brahma e da Antarctica foi transformada na meritocrática e espartana Ambev. Os voos de classe executiva e as regalias no escritório se transformaram em uma obsessão com controle de custos, rentabilidade e eficiência produtiva. Estabeleceram também uma política que, recorrentemente, demite os mais fracos, mas premia amplamente os profissionais de melhor desempenho. Anualmente, zeram os orçamentos para que cada custo seja justificado novamente. Era o fim da moleza.

Concorde ou não, o fato é que funcionou. De 1999 até 2018, a receita líquida da Ambev cresceu quase 670%.

Nosso analista Sérgio Oba destaca que a gestão da Ambev entendeu que o mercado de bebidas é embasado em “marca (com elevado investimento em propaganda e marketing), distribuição e escala”. Esses são os “pilares estruturais que sustentam a empresa há anos”, aponta Oba.

Mas o crescimento orgânico não era suficiente para a ambição do trio. Em 2004, se uniu à cervejaria belga Interbrew para formar a InBev (detendo, então, a marca Stella Artois) e, em 2008, a InBev passou a controlar a Anheuser-Busch, formando a AB InBev (agora incorporando a marca Budweiser também).

Com esse último passo, a empresa alcança um patamar inédito: torna-se líder no mercado mundial, com 29,3% do market share de cervejas.

Apesar da grande diversificação geográfica, com presença em 19 países, o Brasil ainda é o principal mercado da cervejeira, com aproximadamente 60% de market share e com peso de aproximadamente 60% e 50% do EBITDA e faturamento total.

As forças das ações da Ambev (ABEV3)

Dois números impressionam quando analisamos Ambev: margem e caixa.

A margem EBITDA foi de  31,8% nos nove primeiros meses de 2020, um valor bastante alto, embora tenha caído um pouco nos últimos anos por motivos que vamos explicar adiante. Ou seja, a empresa consegue vender por preços relativamente bons e ter custos baixos, o que implica grande rentabilidade.

Isso se desdobra em outra grande qualidade da Ambev: a empresa não só não tem dívidas, como conta com um caixa líquido bastante robusto, de cerca de R$ 7,5 bilhões. Em outras palavras, a dívida da Ambev é “negativa” — algo raro entre as empresas.

Abaixo, o gráfico da dívida líquida da Ambev de 2009 a 2018:

Fonte: Bloomberg

Os pontos fracos das ações da Ambev (ABEV3)

Esses números maravilhosos e a capacidade de gestão extraordinária da Ambev fez a ação ser a queridinha da Bolsa do começo dos anos 2000 até o começo de 2018, período no qual se valorizou mais de 4.800%.

Até que a Ambev e a sua cotação começaram a sofrer.

Isso teve três causas principais.

A primeira delas é o crescimento expressivo de competidores competentes e bem-posicionados em termos de portfólio de cervejas. E nesse cenário, a Heineken se destaca.

Com a compra da Brasil Kirin em 2017, a Heineken mais que dobrou seu market share, saltando dos seus 9% para os atuais 20%. As suas cervejas de categoria premium (mais caras e com prestígio social) e value (as mais baratas) fizeram sucesso. Por ora, a principal fonte de receita da Ambev, as cervejas da categoria core (meio-termo entre as outras duas, como Skol e Brahma), é o ponto fraco da concorrente. Ainda assim, ABEV3 ganhou uma concorrente de peso.

A segunda causa da desvalorização dos papéis foi a falta de inovação da companhia, ainda mais notável na área de marketing. O próprio Lemann admite: “compramos marcas e achamos que elas durariam para sempre, e aí a gente só administrava aquilo de forma um pouco mais eficiente”.

Então, ele aprendeu a lição na marra.

O empresário conta que, certo dia, fez “uma reunião do conselho num restaurante em que havia 200 marcas de cerveja artesanal”, nenhuma delas da Ambev.

O terceiro motivo é a pandemia da covid-19, que impactou os bares e restaurantes severamente. Esses negócios representam cerca de 55% das vendas totais da Ambev. O resultado foi a diáspora dos canais “on-trade” (venda direta ao consumidor em bares, hotéis e restaurantes) para os “off-trade” (quando a venda é feita para um outro canal de venda, como supermercados).

Desde o pico atingido no 1T18, a desvalorização foi de quase 65%. Quando analisamos sob a perspectiva do P/L, o múltiplo contraiu para a casa das 15 vezes.

Fonte: Bloomberg; Empiricus

Veredito sobre ABEV3: compro ou não compro?

Entendemos que o desconto no preço cria uma grande oportunidade: compre ABEV3.

Lembra das três causas de desvalorização das ações? Já estão sendo confrontadas enquanto você lê esse artigo.

Concorrência? A empresa deixou claro sua postura: “compramos 20 empresas de cerveja artesanal [e] se uma cerveja artesanal aparecer na Argentina ou no Brasil e parecer boa, vamos comprar na hora”, aponta Lemann.

Sobre a arqui-inimiga Heineken, o combate é ainda mais direto. A estratégia é investir mais em novas marcas e estender as marcas existentes nos segmentos premium e value. E aqui, trabalhamos com nomes: no primeiro grupo, Beck’s e Stella Artois se opõem à Heineken; enquanto o main card do segundo grupo é composto por Antarctica vs. Nova Schin.

Falta de inovação? Lemann aprende rápido: “na cerveja, nós montamos um departamento totalmente separado: chama-se Zx, e a missão dele é lidar com essas rupturas. Contratamos gente de todos os tipos: mais jovem, mais voltada para o digital e para dados. Queremos que esse seja um modelo que possamos replicar nas nossas outras empresas”.

“Há um ano e meio, me intitulei [como] um dinossauro apavorado. Hoje, sou um dinossauro se mexendo. Correndo atrás para ver se me atualizo, se não você vira um dinossauro extinto”, explica Lemann.

Fica claro que superar a Ambev não vai ser fruto de uma disrupçãozinha aqui e outra ali.

Pandemia da covid-19? A vacina já existe e está sendo distribuída no Reino Unido e EUA. Em breve, vai chegar a nossa vez.

E isso muda muita coisa para ABEV3.

Em um momento pós-vacina (com o fim do isolamento social, a reabertura da economia e a recuperação gradual da demanda), os papéis da companhia podem superar significativamente os preços atuais.

Números das ações da Ambev

Oba quantifica: “a volta de ABEV3 para a média dos últimos anos levaria a uma valorização de algo próximo a 30%. Enquanto isso, o carrego é robusto, com o dividend yield em torno de 4,5% ao ano”.

Ao nos lembrarmos da alta rentabilidade desse segmento e da qualidade da gestão, concluímos que a queda no valuation deve ser compreendida como uma brecha para investir na Ambev — especialmente para aqueles um pouco mais pacientes.

Com isso, finalizamos o artigo com essa recomendação: compre ABEV3 para ganhar dinheiro com aquilo que ama.