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Ratings: entenda como funciona as notas de classificação de risco

Os ratings são um tipo de classificação de risco dada por agências para governos, bancos e empresas. Entenda como funciona o sistema de ratings e o que cada um significa.

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Data de publicação
23 de outubro de 2022
Imagem representando o Rating, mostrando uma pessoa selecionando uma nota em estrelas.

Minimizar o risco e maximizar os ganhos é o desejo de todos os investidores. Para conseguir isso existem ferramentas e índices como o rating.

Vale destacar que os ratings nada mais são que uma classificação das notas de crédito cujo propósito é mostrar para o investidor qual é o grau de risco que um ativo possui.

O que é são ratings?

Em sua tradução literal, rating significa classificação de risco. Portanto, o termo faz referência a uma nota de classificação que é dada a um título ou até mesmo uma empresa para avaliar o seu grau de risco de crédito.

Essa é uma informação importante para os investidores, pois ela serve como um complemento na análise para a tomada de decisão. As notas são dadas com o intuito de avaliar a capacidade que o governo, banco ou empresas têm de honrar as suas dívidas.

Quando uma organização tem uma grande possibilidade de não conseguir honrar os seus compromissos, a sua nota será menor. Para dar essa nota são levados em consideração diversos tipos de informações.

Existem basicamente o rating de bancos que classifica os maiores bancos do mundo, o rating de crédito e o rating de empresas que avalia as maiores organizações listadas na Bolsa de Valores.

Quais são os tipos de ratings que existem?

No mercado, os ratings são atribuidos, de forma generalista, por graus, e também por um formato mais especifico, por notas

Ratings por grau

Quando é dado por grau, a classificação estabelece uma linha de corte de crédito em uma escala determinada. Nesse caso ela vai de grau de investimento até especulativo.

Grau de investimento

Os títulos que possuem grau de investimento são aqueles com as melhores notas e por isso têm um risco menor. Afinal, há menos chances do emissor dar um calote na dívida.

No entanto, por conta de ter um risco menor a rentabilidade também é mais baixa, em consonância com a relação risco x retorno.

Geralmente esses títulos são emitidos por empresas bem administradas e que já contam com uma grande solidez no mercado, ou até mesmo, que sejam pouco alavancadas.

Grau especulativo

Quando os emissores possuem mais chances de inadimplência, os títulos são classificados como grau especulativo. Eles são considerados mais arriscados.

Em contrapartida, por conta do risco também oferecem uma rentabilidade nominal maior. Um bom exemplo disso são os títulos da dívida pública do Brasil comparado com os Estados Unidos.

O rating do Brasil é classificado pela agência Fitch como BB- o que é considerado uma nota de grau especulativo, ao passo que a mesma agência classifica os EUA como AAA que é uma nota de grau de investimento.

Portanto, como investir nos títulos do tesouro americano é muito mais seguro, se a rentabilidade dos títulos brasileiros for igual, não há razão para um investidor estrangeiro correr o risco de investir aqui.

Por isso, os títulos do tesouro brasileiro rendem mais do que os títulos do tesouro americano, pois ambos estão em graus diferentes.

Ratings por nota

Fora a classificação por grau, também há a classificação por nota. Eles são mais populares no mercado, e seguem a tabela que mostramos no início deste artigo.

As notas são dadas em uma escala, sendo que o nível de risco vai do mais alto até o mais baixo. Os títulos com as notas mais altas são aqueles que possuem mais segurança e consequentemente oferecem também menor rentabilidade.

Quais são os ratings das principais agências?

A avaliação de um ativo é determinada por uma agência de classificação de risco. Há muitas delas espalhadas pelo mundo, mas as principais e mais confiáveis são:

  • Fitch;
  • Moody’s;
  • Standard & Poor’s (S&P).

A nota mais alta dada por essas agências é Aaa para a Moody’s e AAA para a Standard & Poor’s (S&P) e para a Fitch. O sistema de classificação de risco é o seguinte:

Moody’sS&PFitchCategoria
AaaAAAAAAPrime
Aa1AA+AA+Grau elevado
Aa2AAAAGrau elevado
Aa3AA-AA-Grau elevado
A1A+A+Grau médio elevado
A2AAGrau médio elevado
A3A-A-Grau médio elevado
Baa1BBB+BBB+Grau médio baixo
Baa2BBBBBBGrau médio baixo
Baa3BBB-BBB-Grau de não-investimento especulativo
Ba1BB+BB+Grau de não-investimento especulativo
Ba2BBBBGrau de não-investimento especulativo
Ba3BB-BB-Grau de não-investimento especulativo
B1B+B+Altamente especulativo
B2BBAltamente especulativo
B3B-B-Altamente especulativo
Caa1CCC+CCCRisco substancial
Caa2CCCCCCExtremamente especulativo
Caa3CCC-CCCEm moratória com pequena expectativa de recuperação
CaCCCCCEm moratória com pequena expectativa de recuperação
CCCCEm moratória com pequena expectativa de recuperação
CDDDDEm moratória

Para que essas notas sejam emitidas, essas agências consideram vários aspectos econômicos e políticos do país.

Portanto, se uma empresa tem uma boa solidez financeira, um bom balanço, mas sua matriz está situada em um país com uma nota baixa, dificilmente essa organização terá uma classificação elevada.

Quais são as principais agências de risco do mercado?

Conforme antecipamos, há três agências de classificação de risco que são consideradas as mais sólidas e sérias do mercado: Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch. Vamos falar sobre cada uma delas.

Standard & Poor’s

Essa é uma das maiores agências de classificação de risco mundial. Ela é a mais tradicional de todas, uma vez que sua histórica começou em 1860 nos EUA.

O modelo atual adotado pela agência para classificar o risco começou na década de 40 quando houve uma fusão entre a Poor’s Publishing e a Standard Statistics. 

Desde então, a sede da empresa fica em Nova York, e ela se consolidou como uma referência tanto na avaliação de títulos públicos quanto privados.

Moody’s

A Moody’s é uma companhia que foi criada por John Moody em 1909 e desde então se consagrou no mercado. 

Um fato curioso é que a agência possui ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York sob o ticket MCO. Em 2018 a Moody’s recebeu um aporte de quase 3,5 bilhões de dólares da empresa Berkshire Hathaway controlada por Warren Buffett.

Fitch

A Fitch também é uma agência de risco que despontou no mercado. Foi fundada em 1913 pelo americano John Knowles Fitch, e possui uma escala de classificação parecida com a Standard & Poor’s.

Atualmente a agência é a menor dentre as três e possui sede tanto em Nova York quanto em Londres. Suas classificações são bem conceituadas no mercado.

Por que o rating é importante para a decisão de investimentos?

O rating não deve ser avaliado como uma questão isolada. Afinal, como dissemos, pode ocorrer de uma empresa sólida estar situada em um país vulnerável e por isso ter uma classificação de risco não tão boa.

No entanto, como as agências avaliam todo o contexto econômico, saber qual é o grau de risco de um investimento traz mais segurança para o investidor no momento de investir.

Afinal, ao optar por uma empresa que tem uma classificação muito baixa, as chances de você perder dinheiro com o investimento são maiores. 

Por isso, essa classificação ajuda na tomada de decisões, principalmente na ponderação entre o risco e o retorno que aquele determinado ativo pode trazer.

Nesse sentido, de acordo com a classificação, fica mais fácil de você saber qual é o chamado “Prêmio de risco” de cada título segundo a sua nota.

O que é levado em consideração para as notas?

Antes da crise de 2008 as notas de classificação de risco dadas pelas agências eram consideradas muito subjetivas. Isso quer dizer que os critérios de análise não eram tão sólidos quanto pareciam.

Afinal, muitas empresas altamente alavancadas recebiam notas muito altas das agências de risco. No entanto, por conta do aumento da desconfiança, de lá para cá muita coisa mudou.

Agora são analisados vários critérios como a saúde financeira da empresa, a conjuntura econômica, os balanços e demonstrações contábeis, índices de liquidez e solvência, histórico de pagamentos e até mesmo os princípios ESG.

Em caso de governos também são considerados o ambiente político do país. E todos os dados são mostrados em um comitê que discute a possibilidade de inadimplência ou insolvência que pode aumentar ou diminuir a nota.

Como avaliar o rating de uma instituição?

O rating de uma empresa pode ser avaliado de acordo com a nota e o grau. 

Portanto, seguindo a tabela, quando a classificação de uma empresa vai de AAA até BBB- pelas agências Standard & Poor’s e Fitch Rating, isso quer dizer que a organização tem mais solidez e por isso, grau de investimento.

Já quando elas estão do BB+ para baixo, se encaixam no grau especulativo. Isso representa maior risco para o investidor. Portanto, pode ser uma oportunidade para ganhar dinheiro com trade ou especulação.

Todavia, não são companhias que possuem uma boa solidez para que sejam feitos investimentos com foco no longo prazo e de olho na segurança financeira.

Como as empresas devem encarar a classificação de ratings?

As empresas devem encarar a classificação como uma crítica construtiva. Isso quer dizer que ao receber uma nota de risco, elas precisam adequar suas dívidas, rever sua alavancagem e até mesmo suas estratégias de vendas e lançamento de produtos.

Um dos objetivos que as companhias listadas na bolsa devem perseguir é uma melhora na sua avaliação com o intuito de trazer investimento de longo prazo e não capital especulativo para dentro da organização.

Entretanto, há algumas críticas em relação às agências de classificação de risco. Em 2008, por exemplo, o Lehman Brothers possuía notas de alta qualidade, e isso atraiu muitos investidores para o banco. No entanto, a instituição foi à falência naquele ano.

Além dos critérios, um outro ponto de desconfiança é que as avaliações são pagas por empresas e governos que são avaliados, o que gera um certo conflito de interesses. O que levaria a crer ser esse o motivo para o Lehman ser tão bem avaliado em 2008.

Entretanto, em vista da crise na ocasião, as próprias agências reviram seus métodos e critérios, e por isso servem como um bom parâmetro para quem deseja minimizar o risco e maximizar os ganhos.

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