Diário de Bordo

Mercado, mercado e… mercado!

George Wachsmann

1 dez 2022, 18:54 (Atualizado em 1 dez 2022, 18:54)

Imagem: Pexels

Provavelmente você leu o meu desabafo na última edição do Diário de Bordo. Preciso dizer que acho que deu certo evitar o tema política, portanto, vou continuar nessa linha. Pelo menos por enquanto. Vou esperar ver como vai terminar a confusão da PEC da Transição e quem estará a frente do ministério da Economia para voltar a abordar esses assuntos aqui. 

Hoje quero falar sobre mercado. Uma das coisas boas do pós pandemia foi a volta dos eventos presenciais. Me sinto muito feliz em poder encontrar pessoas que gosto e admiro. A grande vantagem desses eventos do mercado financeiro é que eles me dão a oportunidade de conversar e ouvir pessoas muito inteligentes falando sobre economia e tendências. 

Então, vou trazer aqui as ideias que tive a oportunidade de ouvir na semana passada e também nessa semana em dois eventos que participei.  

O primeiro evento, que aconteceu na semana passada, foi o JGP Credit Day. O André Jarkuski, fundador e gestor da JGP, falou no último painel do evento. André trouxe alguns pontos que o preocupam no longo prazo. Três pontos de atenção que devem afetar a economia quando olhamos mais à frente: demografia, desigualdade e desglobalização. 

O crescimento da economia de um país depende entre outras coisas do crescimento populacional. O mundo surfou essa onda nos últimos 100 anos, com a população mundial multiplicando 4x, de 2 para 8 bilhões de pessoas.  No Brasil a população cresceu cerca de 30% nos últimos 30 anos. Nada disso vai se repetir no futuro. Ou seja, as economias precisarão ter mais ganhos de produtividade para crescer. Na visão do André a consequência é que teremos que nos acostumar com taxas de crescimento mais baixas no futuro. 

O segundo ponto abordado foi sobre a universalização da democracia e a gigantesca financialização do mundo. Uma contrapartida da democracia é o maior poder para os políticos, que fazem promessas para conseguir votos, geram despesas para cumprir essas promessas e criam impostos para pagar essas despesas (você sabia que há 100 anos não existia Imposto de Renda nos EUA?). Em um dado momento não há mais como aumentar os impostos e o país começa a pedir emprestado. E cedo ou tarde essa dívida precisa ser paga. Importante lembrar aqui, no entanto, a famosa frase que diz que “a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras”. 

Nos últimos 13 anos no mundo isso foi feito de forma “indolor”, “extraindo” dinheiro do setor privado com juros negativos. Nos últimos anos Brasil gastamos muito com os auxílios da pandemia (e com a tentativa de reeleição do atual governo). Parte da conta foi paga também com juros negativos (Selic bem abaixo do IPCA nos últimos anos). Como os governos vão (e devem) combater a desigualdade, o financiamento dessas despesas vai continuar, seja através de mais impostos ou transferindo de quem tem para quem não tem (via inflação). Na visão do André a consequência disso é uma preferência por investir em dívida (renda fixa) do que em ações. 

Nos últimos 20 anos, o mundo se beneficiou de produtos muito baratos, consequência da entrada da China na OMC. A China foi a “fábrica” do mundo nas últimas décadas. Com a os problemas nas cadeias produtivas que enfrentamos durante a pandemia e o aumento da tensão geopolítica no mundo (EUA, Rússia e China têm diferentes visões e valores) o mundo agora pode dar uns passos para trás nessa especialização de funções. Na visão do André a consequência direta dessa desglobalização é mais fricção do mundo, mais inflação e menor produtividade.  

O segundo evento foi um almoço oferecido pela Verde Asset Management, não com o Luis Stuhlberger, mas com Louis-Vincent Gave, CEO da Gavekal Research, uma grande casa de análise muito respeitada mundialmente.  

Um dos assuntos que Louis mais deu ênfase foi a reabertura da China. Ele até considera que esse é um dos principais eventos macroeconômicos de 2023. A China segue até hoje com as políticas de Covid Zero, mantendo o país fechado e a população praticamente trancada em casa. Os impactos são claros na economia mundial (tanto pelo lado do consumo, como pelo lado da oferta e também do fluxo de capitais). A própria população começa a mostrar sinais de cansaço com manifestações públicas pedindo o fim do lockdown. 

E o governo central chinês parece dar sinais de que está prestes a reabrir o país mesmo. Um editorial do jornal Beijing Daily essa semana já trouxe uma narrativa de que a China venceu o Covid e agora os casos não são mais letais, preparando o terreno para o relaxamento das medidas preventivas.  

Se a leitura dele estiver correta, então agora podemos começar a ver uma redução gradual da quarentena, mantendo contact tracing, uma estratégia utilizada para identificar pessoas infectadas e os contatos que ela teve, e os campos de quarentena. Fato é que a China tem baixa infraestrutura, diferente de Hong Kong. Sem hospitais e médicos, fica difícil haver uma reabertura muito rápida. Precisa ser aos poucos. 

Na visão do Louis, a reabertura chinesa será inflacionária, seja pela possível falta de mão de obra por conta da volta progressiva ao trabalho, assim como aconteceu nos EUA e na Europa, pelo aumento de demanda por petróleo (possivelmente no mesmo tempo que os EUA recompõem seu estoque estratégico). 

Louis falou também sobre o bear market nos EUA. Demonstrou preocupação com as falências que estão por vir e o impacto no mercado de crédito, que deve receber uma enxurrada de junk bonds. A expectativa dele é que essa parte do mercado de títulos de dívida abaixo de grau de investimento deve mais do que dobrar de tamanho ano que vem e não há comprador para tudo isso.  

Ele também está preocupado com a alocação em fundos de pensão, municipais ou estaduais em fundos de Private Equity e Venture Capital. Alguns estados americanos estão com um problema de endividamento parecido com o do Brasil. Alguns fundos estaduais estão perdendo membros que estão de mudança. O que fazer agora? Aumentar impostos ou emitir dívida? E de novo, quem é que vai comprar essa dívida?  

A boa notícia, é que na visão do Louis é que isso tudo é bom para … os mercados emergentes! E o Brasil é um dos principais países que podem se beneficiar disso. Segundo ele, o futuro presidente Lula pode, mais uma vez, assim como em 2003, ter a sorte de pegar um vento a favor vindo da China. 

2023 promete ser um ano agitado! 

200% do CDI: fique atento! 

Em algumas outras edições do Diário de Bordo, eu comentei com você sobre investimentos em precatórios. Teve até um DB sobre “Mas que são precatórios, afinal de contas?” que vale a pena você ler. Acesse aqui

Para amanhã, temos uma nova oportunidade disponível. Serão mais de 200% do CDI livre de IR. Meu único recado é que você fique atento à sua caixa de entrada logo às 8h de amanhã. Das últimas vezes esse título se esgotou antes mesmo do horário de almoço. Se puder, já faça sua TED agora para a conta para aproveitar a oportunidade. Clique aqui

Confira o que rolou ontem na Live mensal do Carteira Universa 

Seguindo nossa rotina mensal, ontem rolou mais uma live do Carteira Universa. A última do ano. Eu, Kiki, Felipe Miranda, Larissa Quaresma, Fernando Ferrer e João Piccioni nos reunimos para falarmos sobre cenário: dólar, juros americanos, inflação, Lula III, além, é claro, do desempenho do fundo.  

Novembro foi um mês muito complicado, com a incerteza fiscal, indefinições sobre equipe econômica. A carteira que vinha em um movimento de recuperação muito bom nos últimos meses, acabou ficando negativa em novembro, levantando uma discussão sobre o que acontece a partir de agora.  

Para conferir toda a análise feita sobre o cenário, basta assistir a reprise da live clicando aqui

Mudanças nos nossos fundos 

Na próxima semana, teremos o evento de incorporação de três fundos. O Coin Smart, o Coin NFT e o Coin DeFi serão incorporados pelo Coin Cripto. Você, investidor desses fundos, seguirá com exposição a um portfólio 100% composto por criptoativos. 

Novas Operações Estruturadas disponíveis 

Está disponível na plataforma duas novas operações estruturadas. 

A primeira delas é uma recomendação do Felipe Miranda e trata-se de uma operação estruturada com Small Caps. O fundamento da tese está baseado no momento atual do Ibovespa e do índice SMAL11.  

Na análise feita pelos especialistas da série Palavra do Estrategista, da Empiricus, as small caps estiveram subvalorizadas frente ao Ibovespa. Enquanto o Ibovespa sobe 5% no ano, o SMAL11 está com uma queda acumulada de mais de 10%. 

Em uma virada de ciclo, as coisas deveriam se inverter rapidamente. É por isso que eles veem como interessante uma posição comprada em small caps agora. Você pode alcançar até 39% ao investir. 

A segunda estratégia é uma Put Spread com as ações de Banco do Brasil, para você buscar lucros com a queda. É uma recomendação do Sergio Oba e você pode conferir o racional acessando o relatório aqui.  

Para solicitar a sua entrada em algumas dessas operações (ou em ambas), basta clicar aqui e falar com assessor

Carteira Quantitativa Mensal 

Já está disponível a carteira do Nilson Marcelo, analista quantitativo aqui da Empiricus Investimentos. Você pode acessá-la gratuitamente agora mesmo. 

Aproveite essa chance e confira agora mesmo as recomendações para se posicionar o quanto antes, ainda no início desse mês. Aliás, esse é nosso alerta: por favor, caso você tenha interesse em seguir a carteira, não deixe para última hora. Apesar de mensal, as boas oportunidades nem sempre mantém constância como planejado. 

Para acessar as recomendações das cinco ações para o próximo mês em busca de lucros, basta clicar aqui

Caso você tenha alguma dúvida ou sugestão, basta enviar-nos pelo 

atendimento@empiricusinvestimentos.com.br

Até a próxima semana! 

Um abraço, 

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