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A decisão do Tribunal de Apelações dos Estados Unidos de manter em vigor as tarifas impostas pela administração de Donald Trump despertou o mercado no vermelho nesta sexta-feira (30). Os principais índices norte-americanos, o Ibovespa e outros indicadores globais apresentam aversão a risco no pregão.
A contestação ainda deverá ser analisada pela instituição que pediu pelo bloqueio parcial, o Tribunal de Comércio Internacional. Enquanto isso, analistas estudam se ela poderá ser um percalço para a saída de fluxo de capital dos EUA para mercados emergentes.
“O questionamento central está em torno do excepcionalismo americano ou se estamos tratando de um caso absolutamente pontual. Tendo a acreditar que é algo que ainda deverá se estender, mas não de forma radical para um ‘repúdio americano’”, diz Felipe Miranda, CIO da Empiricus Research, em entrevista ao Morning Call do BTG Pactual esta manhã (30).
Segundo Miranda, o que ficou claro nas últimas 24 horas é que “as instituições americanas ainda existem”.
O que aconteceu com as tarifas?
Entenda os últimos acontecimentos envolvendo as políticas tarifárias do Donald Trump:
- Na quarta-feira (28), o Tribunal de Comércio Internacional, de instância inferior, havia anulado a maior parte das cobranças impostas;
- O bloqueio foi determinado por um colegiado de três juízes da instituição, argumentando que Trump guiou a política comercial dos EUA “aos seus caprichos” e “desencadeou um caos econômico“;
- “As Ordens Tarifárias Mundiais e Retaliatórias excedem qualquer autoridade concedida ao Presidente pela IEEPA para regular importações por meio de tarifas”, escreveu o tribunal, referindo-se à Lei Internacional de Poderes Econômicos de Emergência de 1977 (IEEPA, na sigla em inglês);
- O Tribunal de Apelações dos EUA restabeleceu as tarifas na quinta-feira (29), atendendo a um recurso da Casa Branca que solicitava a suspensão temporária da sentença.
Agora, o Tribunal de Apelações estabeleceu o prazo até 5 de junho para que os autores da ação contra as tarifas respondam ao recurso apresentado pelo governo. Enquanto isso, as tarifas comerciais permanecem em vigor.
“A principal mensagem [da ação contra as tarifas] é que ainda existe uma certa institucionalidade clássica da democracia liberal. Achei ela [a mensagem] positiva”, diz Miranda.
“Não dá para chegar um louco furioso e achar que leva a história para qualquer lugar. Trump agora pensaria duas vezes que não dá para fazer tudo. Não quero dizer que ele não vá continuar com o seu comportamento dionisíaco, pouco ritualístico e pouco litúrgico”, afirma.