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A combinação de um valuation atraente e catalisadores expressivos à frente pode justificar o início de um grande ciclo de alta da bolsa brasileira. O suficiente para fazer as ações saltarem em média 40%, e 65% em uma perspectiva mais otimista.
A estimativa foi feita em um relatório especial da Empiricus Research, assinado pelo estrategista-chefe da casa, Felipe Miranda, e os analistas Caio Araujo, Larissa Quaresma e Matheus Spiess.
“Não se trata de abstração ou devaneio: ciclos anteriores no Brasil, com paralelos objetivos ao atual, já proporcionaram multiplicações de capital fora do padrão. Não há garantia que retornos passados se repitam no futuro. Mas é possível que estejamos diante de mais um ciclo dessa natureza”, escreveram os analistas no relatório Trincheira Tropical e o Elogio do Vira-Lata: A hora de comprar ações e FIIs.
Existe um bull market global em curso
Segundo a equipe de análise da Empiricus Research, parte do otimismo advém de fatores “puramente exógenos”.
“O fato de a América do Sul ter sido esquecida nos anos anteriores e de não estarmos tão inseridos nas cadeias de suprimento globais acaba nos beneficiando em termos relativos agora, num contexto em que o dinheiro começa a sair dos EUA para a periferia, sobretudo para aquela onde os valuations continuam baratos, e enfrentamos uma reordenação do comércio global”, diz o relatório.
Os analistas destacam que, desde o começo do ano, em um movimento catalisado pelo evento DeepSeek e pelas incertezas da política econômica de Donald Trump, o mundo passou a questionar o excepcionalismo norte-americano.
Na visão da Empiricus, isso não significa o “fim” desse excepcionalismo, como alguns colocaram, mas uma redução dele.
“Se, antes, o investidor global tinha 70% ou 80% de seus ativos em dólar, agora ele pode ter algo mais perto de 60%. Essa readequação pode implicar trilhões de dólares. É brutal”, explica o relatório.
Nesse movimento, o DXY, cesta do dólar contra as principais divisas internacionais, atingiu o menor patamar em quatro anos, e o euro fez máxima em três anos contra a moeda americana.
A Empiricus lembra que, historicamente, os ciclos de dólar fraco estão associados a valorizações vigorosas de mercados emergentes, como é o caso do Brasil. Até o momento, a B3 registrou entrada líquida de cerca de R$ 20 bilhões vindos do exterior em 2025.
“Em paralelo, o mundo todo passa por um bull market (mercado de alta). O ouro renova máximas, o Bitcoin também; as bolsas europeias lideram as valorizações no ano, seguidas de outros mercados acionários em emergentes. Mesmo as bolsas norte-americanas, depois de uma correção no começo do ano, renovaram picos históricos, empurradas pelo otimismo com lucros corporativos, pela expectativa de novos cortes de juros pelo Fed (provavelmente em setembro) e pelo ambiente transformacional associado à inteligência artificial, cujos ganhos de produtividade nos colocam em paralelo com outras grandes revoluções ao longo da História”, afirmam os analistas.

O quanto a bolsa brasileira está barata?
Em meio a este cenário, os ativos brasileiros estão descontados frente aos valores considerados justos.
“Vemos as ações e os fundos imobiliários negociando com grande desconto em relação ao apontado pelos seus fundamentos objetivos, e muito aquém de outros momentos da História”, escreveram os analistas.
Segundo a equipe de análise, o Ibovespa negocia hoje ao redor de 8x lucros, contra uma média histórica de 10,5x.
Já o SMAL11, carteira de small e midcaps, está ainda mais descontado: cerca de 9x lucros, frente a um histórico de 14,8x.
“Somente para voltarmos ao cenário brasileiro típico, já teríamos potencial de valorização relevante. O dividend yield médio projetado, tanto do IDIV (9%) quanto do Ibovespa (5,5%) estão altos para padrões históricos, o que, em outras situações, foi bom preditor de movimentos de valorização das ações. Os fundos imobiliários negociam a 84% de seu valor patrimonial, sendo que consideraríamos justo algo mais alinhado com o book”, destrincha o relatório.
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Os gatilhos que podem fazer a bolsa disparar
Os analistas destacam que a bolsa estar barata não é motivo suficiente para uma virada de chave. É necessário catalisadores para que os preços dos ativos se apreciem.
Além da entrada de recursos em países emergentes já abordada neste texto, a equipe da Empiricus destaca outros dois fatores relevantes a favor das ações e dos fundos imobiliários:
- A provável queda da Selic; e
- A probabilidade de alternância do ciclo de economia política.
Selic em potencial queda ao longo de 2026
O relatório da Empiricus destaca que, com a taxa Selic no patamar atual, em 15% ao ano, há poucos incentivos para que o investidor corra algum tipo de risco. “Se temos um ativo de liquidez diária, sem volatilidade, com baixo risco e, muitas vezes, isento de imposto, a concorrência beira a deslealdade.”
No entanto, os analistas veem “sinais inequívocos” de que um ciclo de queda da taxa de juro brasileira se iniciará entre o final de 2025 e o início de 2026. E os fatores para isso são:
- As expectativas de inflação mais bem comportadas, com dinâmica mais benigna do que o esperado;
- Os sinais de desaceleração da atividade econômica local;
- O nível restritivo da Selic: “Com juro nominal de 15% e uma inflação de 4,5% (projetada para 2026), temos, grosseiramente, um juro real de 10,5%. É uma enormidade”;
- O Federal Reserve, o banco central dos EUA, se encaminha para prováveis dois cortes de juros neste ano, o que amplia o diferencial entre as taxas interna e externa, atrai capitais e ajuda a controlar o câmbio.
“Com o Banco Central dos EUA afrouxando o torniquete monetário, ganhamos graus de liberdade por aqui. Ora, se a Selic em alta nos machucou tanto desde julho de 2021, o que deveria acontecer com os ativos de risco no momento de queda da taxa básica? A resposta não parece muito difícil”, enfatizam os analistas.
Probabilidade de mudança no pêndulo político
O relatório avalia ainda que boa parte dos ciclos positivos dos mercados brasileiros e latinoamericanos estiveram associados à alternância do pêndulo de economia política em favor de uma orientação mais “pró-mercado, reformista e fiscalista” – o caso recente mais emblemático é o da Argentina, desde a eleição de Javier Milei.
“Não é possível neste momento antever o resultado do pleito. Não se trata disso”, dizem os analistas.
“O argumento aqui é que a mera probabilidade de mudança do ciclo de economia política em direção a uma maior responsabilidade fiscal e postura pró-mercado deveria fazer preço”, afirma o relatório.
Ações podem subir 40% na média e 65% em cenário positivo; small caps podem triplicar
Para avaliar o tamanho da oportunidade que se desenha, os analistas testaram alguns cenários, com base em múltiplos e preços de ativos sob uma hipótese mais construtiva de ciclo.
Hipótese conservadora:
“Apenas assumindo a volta dos múltiplos ao patamar histórico e projetando um crescimento de lucros de 15%, o potencial médio de valorização das ações brasileiras gira em torno de 40%”, estimam os analistas.
Cenários mais otimistas:
“Com múltiplos de saída compatíveis com outros momentos de euforia cíclica no Brasil, esse número sobe para cerca de 65%. Em algumas small caps, a chance de dobrar ou até triplicar é concreta – não como hipótese remota, mas como extrapolação de movimentos que já vimos acontecer”.
Os analistas destacam que os números podem parecer exagerados à primeira vista. No entanto, lembram que os investidores mais experientes passaram por fases marcantes, como o ciclo de 2016 a 2019 ou, voltando ainda mais, o período entre 2003 e 2007.
“Multiplicações de capital investido da ordem de 5, 10, até 20 vezes foram não apenas possíveis, mas relativamente acessíveis.”
Nos gráficos abaixo, podemos ver alguns exemplos desses desempenhos nas janelas mencionadas:


“A História mostra que, nos momentos de virada, os movimentos reais costumam ser muito mais intensos e rápidos do que nossa mente linear é capaz de antecipar”, completam os analistas.
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Quais ações e fundos imobiliários comprar neste cenário?
Além de destrinchar o cenário e os gatilhos que justificam um ciclo de alta vigoroso para a bolsa brasileira, os analistas também fizeram recomendações de ações e fundos imobiliários para capturar o movimento.
São dez ações e cinco fundos imobiliários recomendados que devem se aproveitar de todo o contexto abordado ao longo da matéria.
Você pode conferir o relatório, com as análises na íntegra e todas essas recomendações, de maneira gratuita como uma cortesia da equipe de análise da Empiricus Research.
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