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Investimentos

COP30, possível fim do shutdown e ata do Copom: Fique por dentro do que ocupa os holofotes do mercado esta semana

No Brasil, a conferência que reúne líderes globais e especialistas para discutir estratégias globais às mudanças climáticas inicia oficialmente esta semana.

Por Matheus Spiess

10 nov 2025, 09:23

Atualizado em 10 nov 2025, 09:23

mercado ibovespa ações bolsa b3

Imagem: iStock.com/imaginima

A semana começou com um pouco mais de otimismo nos mercados globais após o Senado dos EUA avançar em um acordo para encerrar o shutdown de mais de 40 dias. Embora a proposta ainda precise ser aprovada na Câmara, onde enfrenta resistência, apenas o sinal de avanço já foi suficiente para impulsionar os futuros em Nova York e levar bolsas asiáticas e europeias ao campo positivo. Caso a paralisação realmente termine, o mercado volta a ganhar visibilidade sobre indicadores econômicos represados, reduzindo a incerteza sobre a política monetária americana.

Ainda assim, o alívio convive com um cenário delicado. Na semana passada, as bolsas americanas passaram por correção, refletindo valuations esticados e dúvidas sobre a sustentabilidade do boom de investimentos em inteligência artificial — percepção reforçada pela desaceleração das receitas da TSMC. No front geopolítico, as tensões entre Japão e China se intensificaram após declarações da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre Taiwan. Já no Brasil, a COP30 começa em Belém com expectativas mais modestas: o alinhamento global na transição energética parece mais frágil, justamente um debate no qual o Brasil poderia desempenhar um papel central.

· 00:59 — Recorde atrás de recorde

No Brasil, o Ibovespa encerrou a semana passada acumulando uma sequência histórica: já foram 13 pregões consecutivos de alta e 10 recordes seguidos, com o índice superando pela primeira vez a marca dos 154 mil pontos. O grande protagonista foi a Petrobras, que disparou quase 5% após apresentar um resultado trimestral acima das expectativas e adotar um discurso mais construtivo na teleconferência com investidores. A temporada de balanços entra na reta final, mantendo um tom positivo: as empresas listadas vêm mostrando crescimento de receita, margens saudáveis e ganho de participação de mercado, o que reforça o suporte estrutural para a Bolsa.

À frente, a agenda doméstica será determinante para o rumo da Selic. O Banco Central manteve os juros e reforçou um tom firme no combate à inflação, ajudando a ancorar o câmbio e preservar o diferencial de juros. Ainda assim, o mercado ficou menos confiante em um corte já em janeiro: março passou a ser o cenário-base. Por isso, a ata do Copom desta terça-feira (11) ganha enorme relevância. Fora isso, ainda temos vendas no varejo e volume de serviços. No campo político, pesquisas recentes apontaram uma nova queda na popularidade do governo atual — movimento que o mercado enxerga como aumento na probabilidade de alternância de poder em 2026, o que tende a fortalecer no debate eleitoral uma agenda fiscalista e reformista antes de 2027, quando uma reforma estrutural das contas públicas se torna inevitável.

· 01:44 — A COP30 começa

O presidente Lula abre hoje oficialmente a COP30, em Belém do Pará, conferência que reúne líderes globais e especialistas para discutir estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O encontro acontece em um contexto complexo: os EUA, maior economia do mundo, adotam postura hostil à agenda climática; figuras de peso, como Bill Gates, reduziram a prioridade dada ao tema; e, uma década após o Acordo de Paris, as metas globais seguem amplamente descumpridas. Ainda assim, há sinais positivos, como a doação anunciada pela Alemanha ao Fundo Amazônia e a possibilidade de avanços em frentes como comércio de carbono, financiamento à adaptação e definição de novas metas de longo prazo. A principal incerteza desta edição é a capacidade de preservar a coordenação internacional, já que a COP ocorre com presença reduzida de chefes de Estado e opiniões políticas bastante dispersas.

As expectativas são mais moderadas do que nas COPs mais emblemáticas, como a de Paris (COP21) e a de Dubai (COP28), especialmente porque não há um objetivo único de negociação. O foco agora é manter viva a credibilidade do processo multilateral e pavimentar o caminho para uma COP31 mais efetiva, reforçando compromissos anteriores e destravando financiamento — ponto sensível para países emergentes. Embora exista o risco de o evento produzir uma mensagem aquém do desejado, acordos pontuais ainda podem gerar resultados relevantes. Em um ambiente de tensões geopolíticas e prioridades internas conflitantes, talvez o maior ganho seja simbólico: garantir que o mundo não abandone o esforço coletivo de transição energética. O Brasil poderia ser um agente fundamental na condução desse processo.

· 02:35 — Confiança em queda

Nos EUA, a confiança do consumidor despencou para 50,3 — uma das leituras mais baixas já registradas e próxima dos níveis observados no auge da inflação em 2022. A queda reflete um cenário de demissões, atividade fraca, pressões de preços, guerra comercial e, claro, o próprio shutdown, que impede a divulgação de estatísticas oficiais e aumenta o sentimento de incerteza. Curiosamente, o único grupo que relatou melhora de humor foram investidores com grande exposição em ações, beneficiados pelo desempenho recente da bolsa. Nos próximos dias, a divulgação de balanços de companhias como Disney, Cisco, Brookfield e JD.com deve ajudar a trazer mais informações sobre a saúde corporativa, enquanto o mercado continua atento a qualquer avanço político que sinalize o fim do impasse em Washington.

· 03:27 — O fim do shutdown no horizonte

A paralisação do governo americano chegou ao 41º dia — o mais longo shutdown da história —, mas sinais de encerramento começaram a surgir. Em uma rara sessão no domingo, o Senado avançou com um acordo que garante recursos para manter o governo funcionando ao menos até janeiro. Para destravar a votação, o texto incluiu concessões exigidas pelos democratas, como a promessa de colocar em pauta créditos ligados ao Obamacare, reverter demissões permanentes de servidores ocorridas durante a paralisação e assegurar o financiamento do programa de assistência alimentar. Mesmo com mais de 60 votos favoráveis no Senado, o pacote ainda precisa passar pela Câmara e, por fim, ser sancionado pelo presidente Trump.

A simples perspectiva de um acordo já elevou o apetite por risco nos mercados. A resolução do impasse também destravaria dados econômicos importantes, como os relatórios de emprego e inflação, essenciais para calibrar expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve. Ainda assim, o tom cauteloso está mantido: após a forte correção nas ações de tecnologia na semana passada e com a possibilidade de atrasos legislativos, a volatilidade deve continuar elevada no curto prazo.

· 04:13 — Acumulando alguma perda

A Nvidia atravessou uma semana de maior estresse no mercado, acumulando queda superior a 9% em quatro pregões — seu pior desempenho desde abril — após declarações do CEO Jensen Huang sobre o que muitos enxergam como o único ponto realmente sensível da companhia: a China. Em visita a Taiwan, Huang afirmou que a empresa “não planeja enviar nada para a China”, lembrando que chips de alto desempenho, como os da linha Blackwell, seguem proibidos de entrar no país por restrições. Já modelos com desempenho reduzido, como o H2O, não têm despertado interesse — não por falta de demanda, mas porque o governo chinês impede que suas grandes empresas de tecnologia comprem versões limitadas dos semicondutores. Na prática, mesmo com pequenos ajustes regulatórios, a China permanece fora do mapa de vendas da Nvidia, frustrando expectativas de retomada no curto prazo.

A situação ganhou ainda mais ruído depois que Huang supostamente afirmou que a China iria vencer a corrida da IA. Diante da repercussão, o CEO tentou revisar o tom, dizendo que apenas reconheceu que o país possui boa tecnologia de IA e muitos pesquisadores qualificados. Apesar da correção, o episódio expôs novamente um ponto sensível: qualquer sinal envolvendo China — seja em política comercial, regulação ou disputa tecnológica — afeta imediatamente o humor dos investidores. 

· 05:02 — O potencial da Argentina

A eleição de Milei representou uma inflexão histórica na Argentina, após décadas de intervencionismo do Estado e cinco calotes da dívida entre 1982 e 2020 — um período que destruiu a confiança dos investidores. Ao defender um choque liberal, redução do tamanho do Estado e a reconstrução do setor privado, o novo governo tem buscado restabelecer credibilidade e atrair capital estrangeiro. Seu primeiro ano foi marcado por medidas estruturais importantes: desvalorização da moeda, forte contenção de gastos, acordos com o FMI, lançamento do programa RIGI para estimular grandes investimentos e o primeiro superávit fiscal trimestral desde 2008, acompanhado da aprovação da Lei de Bases, que dá sustentação jurídica à agenda pró-mercado.

As medidas revelaram a fragilidade da economia deixada pelo modelo peronista-kirchnerista, mas também abriram uma…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.