Imagem: iStock/ Andrii Yalanskyi
As reuniões de política monetária pelo mundo são o grande assunto da semana no mercado financeiro. Além de Estados Unidos e Brasil, o Reino Unido, o Japão e o Canadá também vão definir suas taxas de juros nos próximos dias.
O maior holofote do mercado vai para o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos na quarta-feira (17), que é dado como certo.
O analista Matheus Spiess, da Empiricus, lembra que os dados recentes nos EUA mostraram inflação em trajetória de moderação, mercado de trabalho perdendo fôlego e atividade em desaceleração gradual, o que deve ser o pano de fundo para um corte de 25 pontos-base.
“Esse conjunto de indicadores sustenta a leitura de que há espaço para cortes consecutivos e reforça a percepção de uma economia caminhando para uma desaceleração saudável — cenário tradicionalmente positivo para ativos de risco”, avalia Spiess.
Com isso, o foco se volta para as sinalizações do Federal Reserve sobre as próximas decisões, em meio à pressão incessante de Donald Trump pela queda de juros e as tensões recentes envolvendo o governo e membros do Fed.
“O ponto de atenção está na possibilidade de esta ser a reunião mais dividida em décadas, com dissidências no comitê, pressões de novos membros indicados por Trump e a controvérsia judicial em torno da diretora Lisa Cook”, afirma Spiess.
É por isso que a comunicação do presidente do Fed, Jerome Powell, ganha ainda mais relevância. Para Matheus Spiess, ele “precisa transmitir coesão e firmeza para evitar que ruídos internos se transformem em gatilhos de volatilidade adicional nos mercados”.
Além do recado institucional, as declarações de Powell também devem calibrar as projeções para as próximas reuniões do FOMC – o que impacta diretamente o desempenho dos ativos de risco pelo mundo.
Copom deve manter Selic inalterada
Apesar de a decisão do Fed atrair grande parte dos holofotes, outras reuniões de política monetária também estão no radar dos mercados globais.
No Brasil, é amplamente esperado que o Copom mantenha a Selic no patamar atual de 15% ao ano.
De acordo com o analista Matheus Spiess, o Banco Central deve preservar a postura conservadora “dada a persistência de um quadro inflacionário ainda desconfortável”.
“Embora a inflação venha cedendo, permanece em níveis elevados e distantes da meta, exigindo cautela adicional na calibragem da política monetária”, explica.
Apesar da manutenção no curto prazo, o analista vê possibilidade de queda da taxa de juros brasileira na última reunião do ano, em dezembro, “caso a atual trajetória se mantenha”.
“Do ponto de vista da atividade econômica, os sinais de desaceleração no Brasil permanecem evidentes, o que, combinado ao corte de juros nos EUA, pode abrir espaço para reduzir a Selic já no final de 2025”, disse.
- Onde investir neste mês? Veja 10 ações em diferentes setores da economia para buscar lucros. Baixe o relatório gratuito aqui.
Inglaterra e Japão devem manter juros no patamar atual
Os bancos centrais da Inglaterra e do Japão também vão anunciar suas decisões nos próximos dias.
Na quinta-feira (18), o Bank of England (BoE) deve manter os juros inalterados, em 4% ao ano, na visão do BTG Pactual. Isso se deve aos dados de inflação ainda pressionados, apesar das leituras de arrefecimento do mercado de trabalho.
“Diferentemente do Fed – que também observa enfraquecimento no mercado de trabalho, mas conta com maior controle sobre sua inflação – o BoE precisa de sinais mais claros de melhora nesse indicador para retomar o debate sobre cortes de juros”, escreveram em relatório os analistas Álvaro Frasson, Arthur Mota, Gabriel Fongaro, Lorena Laudares e Victor Amaral, do BTG.
Os analistas também esperam manutenção de juros no Japão, na sexta-feira (19). “Apesar do cenário macroeconômico favorável à retomada do ciclo de alta de juros, a troca de primeiro-ministro deve levar o banco central a adotar uma postura mais cautelosa”.
Caso o cenário se confirme, a taxa no Japão ficaria estacionada em 0,5% ao ano.