A temporada de resultados referente ao segundo trimestre de 2025 (2T25) chegou ao fim na última sexta-feira (15). E, segundo analistas, os números divulgados pelas empresas listadas na B3 foram, em geral, acima das expectativas do mercado.
A analista Larissa Quaresma, da Empiricus, lembrou que algumas ações deixaram o ambiente macro conturbado “de lado” e tiveram valorizações expressivas em decorrência dos balanços.
Na mesma linha, o analista Ruy Hungria destaca que, apesar dos efeitos negativos da taxa Selic em 15%, muitas companhias conseguiram entregar resultados sólidos.
É claro que, entre as mais de 400 empresas listadas na bolsa brasileira, algumas companhias superaram as expectativas e se destacaram, enquanto outras foram abaixo do consenso.
Por isso, perguntamos para os analistas da Empiricus Research Caio Araujo, Larissa Quaresma, Matheus Spiess e Ruy Hungria quais foram, na visão deles, os destaques da temporada de resultados do 2T25.
Eletrobras: resultados sólidos e dividendos robustos
A Eletrobras esteve entre as mais citadas pelos analistas. E, embora os números tenham vindo em linha com as expectativas, o anúncio de R$ 4 bilhões em dividendos – que equivale a um yield de aproximadamente 4,5% – empolgou.
Não por acaso, os papéis da elétrica saltaram mais de 20% nos dias subsequentes ao resultado.
Há algum tempo, o analista Ruy Hungria tem apostado na capacidade de as ações ELET6 pagarem proventos cada vez mais atrativos e, segundo ele, os dados do 2T25 corroboram essa tese.
“Nos últimos 12 meses, o dividend yield supera 8% e reforça a nossa visão de que a Eletrobras está no caminho certo para se tornar uma ótima pagadora de dividendos”, disse o analista.
Atualmente, a empresa negocia a cerca de 10 vezes os seus lucros esperados para 2026 e, segundo Hungria, ainda apresenta grande potencial de melhora de resultados depois da privatização. Leia mais sobre o resultado da Eletrobras neste link.
Direcional: mais um trimestre de recordes
A Direcional (DIRR3) foi citada como destaque por três dos quatro analistas consultados. A receita líquida da incorporadora atingiu R$ 1,1 bilhão – o maior patamar da história da empresa. A margem bruta de 47,1% também merece holofote, segundo o analista do setor imobiliário Caio Araujo.
O lucro líquido operacional da Direcional foi de R$ 184 milhões no 2T25, uma alta de 36% sobre o mesmo período do ano interior. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) chegou a 34% – também o maior da história da companhia.
Com o bom desempenho operacional, a incorporadora deve distribuir ainda mais dividendos até o final do ano, avalia Araujo. Até o momento, o yield foi de 8% em 2025.
“No geral, o resultado operacional apresentou números sólidos, com excelente performance de vendas e rentabilidade, com destaque para a margem bruta. Com custos operacionais controlados, a expectativa é de manutenção de margens elevadas nos próximos trimestres”, disse o analista.
No pregão seguinte ao resultado, as ações DIRR3 saltaram mais de 4%. Veja mais detalhes sobre os números da Direcional no 2T25.
BTG Pactual surpreende até os mais otimistas
O BTG Pactual (BPCA11)* também surpreendeu até os mais otimistas no segundo trimestre, apontam os analistas.
O lucro líquido ajustado foi de R$ 4,2 bilhões, crescimento de 42% frente ao mesmo período do ano passado e 15% acima da projeção média de mercado. O ROE foi de 27,1% (um número considerado “espetacular” pelos analistas), expansão anual de 4,6 pontos percentuais.
O desempenho foi puxado pela recuperação das verticais de Investment Banking e Sales & Trading, afirmam os analistas.
A primeira vertical teve recorde histórico de receita, no valor de R$ 782 milhões, o dobro em relação ao primeiro trimestre e crescimento de 40% na visão anual.
“Tal desempenho, notável diante da fraca emissão de ações no mercado, foi explicado pela conclusão de transações relevantes de M&A pelo banco, assim como pela recuperação das emissões de dívida”, disse a analista Larissa Quaresma.
Outro destaque positivo, o Sales & Trading teve forte recuperação no trimestre: a receita foi de R$ 1,9 bilhão, expansão sequencial de 46%, e anual de 39%.
“A atividade de clientes explica a performance, assim como a alocação eficiente de riscos, com leve elevação do VaR médio para 0,22%”, explica a analista.
BPAC11 subiu mais de 13% no pregão seguinte à divulgação dos resultados do 2T25.
*Disclaimer: a Empiricus é controlada pelo BTG Pactual.
Itaú, Porto, Smart Fit, Alpargatas, Iguatemi e Moura Dubeux também foram destaque
Além de Eletrobras, Direcional e BTG Pactual, que foram citadas por três dos quatro analistas, outras empresas citadas como destaque positivo no 2T25 foram:
- Itaú (ITUB4);
- Smart Fit (SMTF3);
- Porto (PSSA3);
- Alpargatas (ALPA4);
- Iguatemi (IGTI11); e
- Moura Dubeux (MDNE3).
Para conferir os números e as análises dos resultados das empresas acima, basta clicar no link em cima de cada nome.
Banco do Brasil é destaque negativo
Na ponta negativa, o Banco do Brasil (BBAS3) recebeu menção de três dos quatro analistas. O BB reportou um balanço pior que as expectativas, que já eram conservadoras.
A inadimplência no agronegócio persistiu e foi uma das vilãs dos resultados – é importante mencionar que cerca de 30% da carteira de crédito do banco é voltada para o agro.
Já o ROE foi de 8,2%, pior patamar do BB desde 2016 e o mais baixo entre os principais bancos listados em bolsa.