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O CEO e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, enxerga um “erro de diagnóstico” nas últimas duas eleições presidenciais brasileiras – de 2018 e 2022 – que não diz respeito às urnas.
“Quem ganhou a eleição de 2018 não foi o Bolsonaro, foi o antipetismo. Da mesma maneira, quem ganhou a eleição de 2022 não foi o Lula, foi o antibolsonarismo”, afirmou o analista em participação no podcast Irmãos Dias, nesta terça-feira (16).
O analista relembra que, quando Lula foi reeleito em 2022, a reação inicial da bolsa foi positiva, especialmente pela percepção estrangeira. “Lula fez ‘o gringo’ ganhar dinheiro entre 2003 e 2007. Principalmente na Europa, onde havia essa ideia de que o Bolsonaro queimava a Amazônia, a reação original [à eleição de Lula] foi positiva, de que viria um governo de frente ampla”, relembra.
Além disso, ele ressalta que houve pontos que pioraram as chances da reeleição de Bolsonaro: “a narrativa de que ele não geriu bem a pandemia, de que era grosseiro e, eventualmente, não era um cara afeito às questões democráticas”.
Porém, após três anos de Lula 3, o analista enxerga que a política fiscal “frouxa” e o “excesso de intervencionismo na economia” somam um saldo negativo em 2025 para a imagem do político perante o mercado financeiro. “Quem acreditou que Lula seria mais responsável fiscalmente, se frustrou.”
Eleições 2026: Bolsa pode passar de 200 mil pontos, segundo analista
Sobre as próximas eleições presidenciais de 2026, Miranda enxerga que o evento ainda está pesando pouco sobre a bolsa de valores brasileira.
“Ela é uma força que está atuando sobre a bolsa, mas junto a várias forças, como o fluxo para emergentes, expectativas de queda de juros, [tributação de] dividendos, entre outros”, explica o analista.
Entretanto, a partir de abril do próximo ano, Miranda acredita que a chegada do período eleitoral “pode virar um ‘portal’ se houver certeza de uma política fiscal mais responsável em 2027”.
Não é mistério que a Faria Lima simpatiza muito com um político para as próximas eleições: Tarcísio de Freitas.
Para o analista, se uma mudança no pêndulo político se concretizar, a expectativa é de uma política fiscal austera, com privatização, mudanças de regulação e posicionamento do Brasil na cadeia de suprimento global, entre outros.
“Se [a vitória da eleição] for à direita, é bolsa em 200.000 pontos para mais”, afirma Miranda.
Contudo, ele também mantém o posicionamento de que o investidor local não precisa temer tanto o resultado, visto que o investidor estrangeiro vê uma faixa mais estreita de diferença entre as possíveis candidaturas.
“Tarcísio não vai levar o Brasil para ser a Noruega e Lula não vai levar o Brasil para ser a Venezuela”, afirma Miranda no Irmãos Dias Podcast.
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Lula x Guinada da direita na América Latina
Ainda no programa, Miranda comenta que conseguir se reeleger parece estar ficando mais difícil. “Ter a máquina hoje é uma má notícia. O incumbente tem perdido no mundo”, afirma.
Além disso, olhando para o contexto mundial e, especificamente a América Latina, países estão passando por um ciclo de retorno da direita no poder, como na Argentina com Javier Milei, na Bolívia com Rodrigo Paz, e esta semana, no Chile com Jose Antonio Kast.
Para conferir a discussão completa sobre política, economia e mercado financeiro, você pode conferir a participação de Felipe Miranda no episódio #233 abaixo: