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Investimentos

Intelbras (INTB3) está focada em rentabilidade e pode deixar crescimento ‘de lado’ por ora; veja análise 

A equipe de RI da Intelbras esclareceu seus próximos objetivos e estratégias da companhia.

Por Larissa Quaresma, CFA

24 set 2025, 15:18

Atualizado em 24 set 2025, 15:18

Intelbras (INTB3)

Imagem: Divulgação/Intelbras

Conversamos, na última semana, com a equipe de relações com investidores da Intelbras (INTB3). O tom foi claro: a busca é pela melhora na rentabilidade, mesmo que isso signifique abrir mão de crescimento no curto prazo.

A companhia tem historicamente um elevado retorno sobre o capital investido (ROIC). Nos últimos trimestres, esse indicador veio em trajetória de queda, atingindo 18%. A Intelbras direciona agora os esforços para que o número ultrapasse os 20% novamente.

Provavelmente na frente de comunicação (TIC) os efeitos práticos dessa conduta serão mais notáveis. Isso porque o segmento sofreu uma atualização de estratégia. Em 2024, com um incremento no portfólio de cabeamento, os planos eram focar na expansão, o que traria uma pressão inicial de custos, além da necessidade de um preço mais competitivo na ponta vendedora. A estratégia inicial previa um arrefecimento nos custos, que auxiliaria a manter os preços mais agressivos.

O que ocorreu foi que os custos se estabilizaram em patamares altos e, na última reunião do Copom de 2024, veio a dura elevação da taxa Selic de 11,25% para 12,25% a.a., e que posteriormente atingiu os atuais 15% a.a.

Com isso, a operação em TIC passou a remunerar menos o capital investido, desviando-se do novo objetivo da empresa. Sendo assim, a Intelbras entendeu ser melhor trazer uma venda mais rentável do que volumosa. Ou seja, dado o custo de produção estabilizado e o alto custo de capital, as vendas ocorrerão a um preço que mantenha os retornos elevados. Esperamos, portanto, uma contração das vendas desse segmento, dada a menor competitividade dos preços. Ao mesmo tempo, vemos espaço para melhoras nas margens.

Vertente de segurança da Intelbras mantém expectativa de crescimento elevada

Para a frente de segurança, mantemos uma visão de crescimento acima da inflação no ano em relação a 2024. Esse é o segmento com melhor margem bruta para a companhia,  mas também pode melhorar, pela relação do custo com o câmbio. Dada a queda mais relevante do dólar, o impacto nos custos poderá ser mais facilmente observado. 

No segmento de energia, a visão não mudou. Sem os grandes projetos de 2024, no comparativo anual, devemos ver uma contração notável de receita, como já vínhamos trazendo anteriormente, mantendo uma margem bruta parecida.

Em suma, olhando para a margem bruta, com a melhora TIC, estabilidade em energia e maior participação da frente de segurança na receita (já que terá o crescimento mais acentuado entre as três), devemos ver uma melhora do indicador em 2026.

Parte desse movimento será obstruído pelo ajuste a valor presente (AVP), que comentamos aqui. Esse ajuste deduz da receita um valor relativo ao prazo de recebimento, que é trazido a valor presente pela taxa Selic. Há também incidência de AVP sobre o financiamento de matéria prima, que traz um ganho financeiro na receita, mas como boa parte do estoque já está pago (devido a um grande aumento de compras no passado), o ajuste total tende a ser mais negativo para a margem. Assim, à medida que a empresa vá aumentando as compras e o ajuste seja normalizado, devemos enxergar com mais clareza o efeito dos menores custos na margem bruta.

No que tange ao capital de giro, com a reposição do estoque usando maior prazo de pagamento, a necessidade de capital deve ser menor, fator positivo para a geração de caixa. Esperamos que a empresa gere cerca de R$300 milhões em caixa no segundo semestre do ano. 

Expectativas para investimentos em Intelbras

Por fim, entendemos que a empresa deve atingir mais de 20% de ROIC já no fim de 2026, alinhado com os objetivos da gestão. Mesmo com a menor expectativa de receita, a melhora na rentabilidade e a geração de caixa contribuem para a tese, tanto sob a ótica dos números, quanto pelo bom trabalho da gestão.

Com um múltiplo P/L de 6,7x para 2026 e preço alvo de R$16 (upside potencial de 23,5%), a ação INTB3 segue na carteira.

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.