Daniel Goldberg
O sócio-gestor da Lumina Capital, Daniel Goldberg, vê “as eleições de 2026 menos binárias do que acha a Faria Lima”.
Não é novidade que mercado local tem ampla preferência pela candidatura e vitória de Tarcísio de Freitas. “Lula é a maldição e Tarcísio a salvação”, resume Goldberg sobre pensamento de parte dos agentes de mercado.
Embora reconheça que o Governador de São Paulo seria melhor “do ponto de vista de mercado” e que a questão fiscal seja “dramática”, o fundador da Lumina não vê terra arrasada em nenhum dos cenários.
“[O fiscal] é dramático, frágil, mas tem muito conserto. A gravidade se impõe. Qualquer que seja o vencedor, acredito que vamos fazer as escolhas como sempre: na direção certa na margem, mas em magnitude insuficiente”, disse.
As declarações de Goldberg foram feitas no podcast Hello, Brasil!, apresentado pelo CEO da Empiricus, Felipe Miranda, junto à psicanalista Maria Homem (assista ao episódio na íntegra ao final desta matéria).
O ‘equívoco’ da esquerda e da direita
Goldberg, que foi Secretário de Estado no Governo Lula I, também vê um “equívoco importante” cometido tanto pela esquerda quanto pela direita de acreditar que o outro lado “não quer o bem do Brasil”, e não que os caminhos que cada espectro busca para isso são diferentes.
“Fica muito difícil quando um interlocutor fala ‘você não quer o bem do Brasil’ em vez de ‘você está errado e não é assim que vai conseguir o bem do Brasil’. No período em que convivi com o atual presidente, o Lula de fato estava preocupado em fazer o bem para o Brasil. E tinha algumas concepções, das quais eu discordo bastante, do que isso significa na prática”, afirmou.
Nesse contexto, o fundador da Lumina e ex-presidente do Morgan Stanley vê o Lula 3 como “um governo de boas intenções mal pensadas”. “Esse foi o desafio do mandato um, do dois e continua a ser do três”.
Brasil está virando o ‘Réxico’?
O sócio-gestor da Lumina também avaliou como “chocante” o espaço que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem no debate popular e na mídia.
“Virou esporte nacional discutir o Supremo. Num país onde o letramento funcional, a sociedade estamental, os problemas de saúde e educação e a alienação política são o que são, o fato de todo mundo saber quem é o Alexandre de Moraes e discutir isso na rua é chocante”, afirmou.
Goldberg acredita que isso se deve, sim, ao fato de o STF ter assumido um protagonismo exagerado. No entanto, pondera que esse “não é, nem de longe, o maior problema do Brasil”.
“No Supremo Tribunal de Justiça (STJ), entre 8 e 11 dos 33 gabinetes estão sob investigação por corrupção e ninguém fala do assunto. É a coisa mais grave que acontece no país hoje. E o espaço disso na opinião pública é muito limitado”, afirma.
Outro ponto de atenção importante, na visão de Goldberg, é que o Brasil está caminhando para se tornar o “Réxico”, como definiu.
“Quando eu era criança, o [Edmar] Bacha dizia que o Brasil era a Belíndia [junção de Bélgica e Índia]. Não é mais, até porque hoje a Índia tem uma elasticidade intergeracional, na margem, melhor que a do Brasil. O Brasil está virando o Réxico. Rússia no topo e o México na base. É o capitalismo de oligarcas no topo da pirâmide e o crime organizado se infiltrando nas instituições”
“O desafio é escapar de ser o Réxico, mas este não é o caminho que estamos trilhando”, disse Goldberg.
Assista ao Hello, Brasil! com Daniel Goldberg completo
O Hello, Brasil! é o novo podcast apresentado pelo CEO da Empiricus, Felipe Miranda, e a psicanalista Maria Homem. Como o nome sugere, o programa tem o objetivo de discutir o país com grandes pensadores.
No episódio abordado nesta matéria, Goldberg também falou sobre o desequilíbrio brasileiro, os aprendizados na vida pública, possíveis soluções para resolver alguns dos problemas estruturais do país e muito mais.
Para assistir a um dos episódios mais comentados do Hello, Brasil!, clique aqui ou no player abaixo: