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Investimentos

Netflix (NFLX34): Lucro do 3T25 abaixo do esperado e Brasil em foco (e não pelas produções locais)

Netflix (NTFLX34) tem lucro por ação mais de 15% abaixo do esperado no resultado do terceiro trimestre de 2025; entenda o balanço

Por Equipe Empiricus

22 out 2025, 11:09

Atualizado em 22 out 2025, 11:59

Netflix - resultados 4T22

Imagem: Unsplash

Na terça-feira (21), após o fechamento dos mercados, a gigante do streaming Netflix (B3: NFLX34 | Nasdaq: NFLX) reportou os resultados do terceiro trimestre de 2025. Enquanto a receita veio em linha com o esperado, o lucro por ação foi mais de 15% abaixo das expectativas dos analistas – fazendo com que as ações da empresa caíssem cerca de 7% after-market.

Netflix teve crescimento no 3T25, mas abaixo do esperado

Nos três meses encerrados em setembro a receita da Netflix somou US$ 11,510 bilhões, aumento de 17,2% na comparação anual. De acordo com a direção, esse crescimento foi decorrente do maior número de assinantes, aumento de preços das assinaturas e uma maior receita proveniente de publicidade.

O lucro operacional totalizou US$ 3,248 bilhões (+11,6% vs. 3T24), o que representa uma margem de 28,2%, 1,4 ponto percentual abaixo do reportado um ano atrás e abaixo do guidance divulgado no 2T25 (margem de 31%).

Na linha final de resultado, o lucro líquido da Neflix do trimestre foi de US$ 2,547 bilhões, ou US$ 5,87 por ação, um crescimento de 8,7% ante o mesmo período de 2024. Contudo, esse valor veio significativamente abaixo dos US$ 6,98 esperados pelo mercado, fazendo com que a empresa não superasse as projeções de lucro pela primeira vez após seis trimestres. 

Mais assinantes, menos lucro para Netflix?

Apesar de continuar reportando crescimento na sua linha de receita em linha com o esperado pela direção, a piora na lucratividade pegou muita gente de surpresa. Estaria a companhia entrando em um período em que a adição de novos usuários seria um detrator nos seus lucros?

Contudo, os executivos deixaram bem claro que o principal culpado na piora dos seus resultados foram provenientes de encargos fiscais não recorrentes cobrados pelas autoridades fiscais do Brasil, que totalizaram US$ 619 milhões no trimestre. 

O ponto de atrito veio da decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro, em agosto, que reinterpretou o alcance da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O tribunal entendeu que o tributo se aplica também a pagamentos de serviços ao exterior mesmo quando não há transferência de tecnologia. 

Na prática, isso criou uma incidência de 10% sobre remessas feitas por empresas brasileiras a suas matrizes ou prestadoras estrangeiras, gerando um custo direto sobre a operação internacional.

Especificamente sobre a Netflix, a subsidiária brasileira paga à matriz americana pelos serviços de tecnologia e de conteúdo que permitem oferecer assinaturas no país. Até então, uma decisão judicial de 2022 isentava a empresa dessa cobrança. 

A mudança de entendimento do STF reverteu o cenário e obrigou a companhia a reconhecer retroativamente o passivo referente ao período de 2022 a 2025.

A empresa esclareceu que esse pagamento único, relacionado a impostos não-incidentes sobre a renda cobrindo períodos desde 2022, impactou o lucro por ação em cerca de US$ 1,09. Ou seja, desconsiderando esse valor do resultado final, a Netflix teria, na verdade, superado as expectativas de lucro. 

Ainda vale comprar as ações NFLX34?

Excluindo o “ruído” fiscal, a tese de investimento da Netflix permanece sólida, impulsionada por uma execução estratégica eficaz. As medidas de monetização, incluindo a repressão ao compartilhamento de senhas e os ajustes de preço, continuam a converter não pagantes em receita e a aumentar o valor médio por usuário.

Além disso, de acordo com o co-CEO, Greg Peters, a empresa segue sendo bem-sucedida na sua frente de publicidade, que até pouco tempo atrás era vista com maus olhos por parte dos investidores, uma vez que poderia reduzir o crescimento da companhia. Segundo Peters, a Netflix deve mais do que dobrar o faturamento com essa linha de negócio neste ano.

Isso sem falar que, mesmo sendo sinônimo de streaming, levantamentos de mercado apontam que a empresa ainda representa menos de 10% do tempo de tela gasto pelas pessoas nos Estados Unidos e Inglaterra – o que demonstra ainda muito espaço para crescimento do negócio.

Contudo, a forte queda no papel pós-resultado parece indicar um ativo caro no valuation atual (quase 40 vezes seus lucros projetados para 2026). Atualmente, não temos recomendação de compra para o papel, mas uma desvalorização significativa pode abrir um ponto de entrada interessante para as nossas séries internacionais. 

Um dos principais mercados para a Netflix, o impacto brasileiro no negócio nesse trimestre não é motivo de orgulho. Mas pode ter sido o gatilho necessário para voltar nossas atenções para a ação – assim como muitos espectadores já mantém ao assistir seus conteúdos.

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