Imagem: iStock/ @BING-JHEN HONG
Na quarta-feira (27), após o fechamento, a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) divulgou os resultados do segundo trimestre fiscal de 2026 (encerrado em julho). A companhia superou as expectativas do mercado em receita e lucro, mas a orientação para o próximo trimestre e a incerteza sobre vendas de chips para a China ofuscaram parte do otimismo dos investidores.
A receita da Nvidia totalizou US$46,742 bilhões, crescimento de 55,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e 6% frente ao trimestre anterior, levemente acima das estimativas do consenso (US$46,06 bilhões). Esse foi o nono trimestre consecutivo de aumento nas vendas acima dos 50%, mas o de menor crescimento nesse intervalo.
Data Center segue como motor de resultados no 2T25
O segmento de Data Center permanece como o grande motor dos resultados, respondendo por quase 90% da receita da companhia e totalizando US$41,096 bilhões (+56% vs. 2T25). Dentro dessa linha de negócio, a parte Compute (chips para processamento) reportou vendas de US$33,844 bilhões (+50%), enquanto a Network (produtos para redes) teve receita de US$7,252 bilhões (+98%).
Apesar do ótimo crescimento, o número veio ligeiramente abaixo das estimativas de mercado, próximo dos US$41,3 bilhões.
A parte de Gaming, até pouco tempo atrás o principal ganha-pão da empresa, reportou vendas de US$4,3 bilhões (+49% vs. 2T25), beneficiado pela linha Blackwell RTX. Já a parte Automotiva, vista pela companhia como um dos vetores de expansão no futuro, reportou receita de US$586 milhões (+69%), ainda pouco representativo no todo.
Dado o alto valor agregado dos seus produtos e uma demanda insaciável pelos mesmos, a companhia conseguiu manter altos níveis de lucratividade no trimestre.
A margem bruta, por exemplo, encerrou o período nos 72,7% (-3 p.p. vs. 2T25, +11,7 p.p. vs. 1T26). Excluindo os impactos relacionados ao estoque dos chips H20, destinados a China, a margem foi de 72,3%, 1 ponto percentual acima do reportado no primeiro trimestre deste ano (quando reconheceu pela primeira vez tais ocorrências).
O lucro operacional ajustado totalizou US$30,165 bilhões no trimestre, um valor 51,3% maior do que o apresentado um ano atrás e o equivalente a uma margem de 64,5% (-1,9 p.p. vs. 2T25).
- Por onde começar a dolarizar o patrimônio? Veja 10 recomendações de ações internacionais em diversas áreas da economia. Confira o relatório gratuito aqui.
Lucro líquido da Nvidia cresce 54% no ano
Na linha final do resultado, o lucro líquido ajustado foi de US$25,783 bilhões, ou US$1,05 por ação, um crescimento de 54,4% na comparação anual e de 29,6% ante o 1T26. Quando desconsiderado os impactos ligados ao chip H20, o lucro por ação foi de US$1,04, comparado com US$0,96 no trimestre imediatamente anterior.
Para o 3T26, a empresa espera que as receitas atinjam US$54 bilhões, acima do consenso de mercado que estava perto dos US$53 bilhões. É importante salientar, porém, que as vendas para o próximo trimestre ainda não incluem vendas para a China.
Segundo a CFO Colette Kress, caso a companhia pudesse atender a demanda chinesa, a receita da companhia sofreria um impacto positivo entre US$2 bilhões e US$5 bilhões no próximo trimestre.
Interessante notar que a arquitetura Blackwell, modelo mais atual do chip da companhia e que até pouco tempo atrás sofria para ganhar tração na sua produção, teve vendas de US$27 bilhões (aproximadamente 70% das receitas totais da companhia), um aumento de 17% quando comparado com o primeiro trimestre deste ano. Grande parte dessa demanda vem dos grandes provedores de computação em nuvem, que mais uma vez representaram quase metade das vendas do segmento de Data Center.
Parte primordial para o desenvolvimento da tecnologia de Inteligência Artificial nos próximos anos, os números reforçam que a temática deve continuar com uma forte presença no portfólio dos investidores do mundo todo.
Nvidia projeta ainda mais investimentos em IA para a década
De acordo com a companhia, os investimentos em infraestrutura de IA devem alcançar entre US$3 trilhões e US$4 trilhões até o final da década. Até pouco tempo atrás, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, falava algo mais perto do US$1 trilhão, o que demonstra que projeções em tecnologias com alto poder de disrupção normalmente pecam pela cautela.
Entretanto, a projeção para o próximo trimestre, ainda que melhor do que o esperado pela média de mercado, veio abaixo das projeções de alguns analistas, que provavelmente já consideravam em seus números o retorno das vendas para o mercado chinês.
Esse mix de sentimentos acabou impedindo uma melhor performance da ação, alternando entre ganhos e perdas na abertura do mercado. Com o passar do pregão, porém, o papel se firmou no campo negativo, caindo mais de 2%.
Entendemos que a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) segue sendo um player essencial para aqueles investidores que queiram apostar no desenvolvimento da tecnologia de Inteligência Artificial nos próximos anos – como os assinantes da série IA Cash, que já viram a ação se valorizar mais de 50% desde a sugestão inicial.
Porém, o curtíssimo prazo pode ser um pouco mais desafiador, com os investidores tentando entender como a empresa conseguirá navegar pelas questões regulatórias para voltar a vender seus produtos na China. Mas, para o longo prazo, seguimos com visão positiva para a ação.