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Depois de comemorar novas máximas históricas com frequência em setembro, o Ibovespa iniciou outubro de “ressaca”, com uma queda superior a 3% nos primeiros pregões do mês.
Nesta terça-feira (7), o principal índice da bolsa brasileira desabou 1,6% até o fechamento desta matéria.
O que explica a queda brusca após a longa sequência positiva? E mais, trata-se de uma simples correção ou de uma mudança de trajetória?
Preocupações fiscais voltam à cena
A analista Larissa Quaresma, da Empiricus, explica que o movimento negativo é fruto do “retorno” das preocupações fiscais, principalmente depois de dois assuntos dominaram a pauta política brasileira: a reforma sobre o imposto de renda e a tributação de investimentos.
“É um tema que estava um pouco esquecido e agora o mercado volta a olhar, porque essas medidas abrem espaço para um aumento de gastos no ano que vem, que é um ano eleitoral”, disse em entrevista ao programa Giro do Mercado, do Money Times.
A analista explica ainda que as preocupações fiscais têm sido tema recorrente em todo o mundo nos últimos dias. “Na França, há pressão para Macron renunciar e, no Japão, a eleição de uma nova ministra que é pró-expansão monetária também gera preocupação. Nos EUA, entramos hoje no sétimo dia de paralisação do governo americano, que muito tem a ver com a falta de acordo entre democratas e republicanos sobre o orçamento do próximo ano fiscal”.
Nesse sentido, a analista vê um cenário de “aversão a risco global”, que tem ajudado a contaminar o Ibovespa.
“Viemos de um período muito bom para a bolsa brasileira e precisava de algum gatilho para uma realização técnica. Os gatilhos foram o shutdown nos EUA e a questão fiscal brasileira”, disse.
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Bull market está ameaçado pelo momento ruim do Ibovespa?
Apesar disso, em um cenário um pouco mais amplo, a analista segue com boas expectativas para a bolsa brasileira. Segundo ela, o shutdown nos Estados Unidos pode aumentar a probabilidade de mais cortes de juros pelo Federal Reserve.
“A paralisação pode machucar o mercado de trabalho e permitir mais um risk-management cut no final de outubro”, disse.
A continuidade do ciclo de queda de juros nos Estados Unidos também abre espaço para que o Copom faça o mesmo no Brasil, provavelmente no primeiro trimestre de 2025. Esse cenário combinado, segundo a analista, deve criar um ambiente propício para valorização dos ativos da bolsa brasileira.
“Por ora, o cenário permanece o mesmo: corte coordenado de juros e uma perspectiva positiva para os países emergentes”, disse.
Assista à entrevista completa da analista no programa Giro do Mercado: