Edição: Camila Paim - Imagem: iStock
O ouro dispara nesta sexta-feira (8) impulsionado pela tarifação dos Estados Unidos sobre a Suíça, incluindo as barras de ouro de 1 kg e de 100 onças – formatos mais comuns no comércio internacional do metal precioso. Os contratos futuros de ouro para dezembro sobem cerca de 1,15% no intradia.
Na semana passada, Donald Trump anunciou a tarifa de 39% sobre as importações suiças, o que veio como um “golpe” para o país, maior polo mundial de refino do metal e principal fornecedor dos EUA. Representantes do setor no país falaram ao jornal internacional, Financial Times, que a decisão surpreendeu, pois esperavam que as barras de ouro continuassem isentas.
Matheus Spiess, analista de macroeconomia da Empiricus Research, explica: “A medida coloca a responsabilidade do pagamento nas mãos dos importadores, com sanções legais em caso de descumprimento.”
Dados alfandegários apontam que, na janela de 12 meses até junho, a Suíça exportou US$ 61,5 bilhões em ouro para os EUA. Com as novas tarifas, esse montante poderá gerar um custo adicional de até US$ 24 bilhões.
Tarifa sobre o ouro impacta a visão do metal como hegde?
Sobre os novos desdobramentos da escalada da política tarifária dos EUA, Spiess comenta:
“A decisão do governo americano de tarifar importações de barras de ouro afeta diretamente investidores que buscavam proteção contra a inflação. Enquanto contratos futuros de ouro permanecem isentos, a decisão reposiciona o comércio internacional de metais preciosos: países como Austrália e Reino Unido devem ganhar participação frente à Suíça, principal fornecedora afetada”, avalia o analista.
Contudo, o analista ressalta: a nova tarifa não ameaça o papel do ouro como hedge geopolítico. “O ouro é a reserva de valor mais clássica da história. Os outros países continuarão comprando. No limite, só vão comprar mais”, comenta.
Desde o final de 2024, o ouro acumula valorização de 27%, impulsionado por uma combinação de fatores: a busca de proteção (hedge) contra a inflação, incertezas fiscais nos Estados Unidos e o enfraquecimento do dólar como moeda de reserva internacional.