Imagem: Divulgação/Nvidia
Na última quarta-feira (19), após o fechamento do mercado, a maior empresa em valor de mercado do mundo reportou os seus resultados do terceiro trimestre do ano fiscal de 2026 (encerrado em outubro). Mais uma vez a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) apresentou números que vieram acima das expectativas dos analistas, com especial destaque para as projeções para o próximo trimestre que vieram US$ 2 bilhões acima das projeções “não oficiais”.
No período, a companhia divulgou receita de US$ 57,006 bilhões, um crescimento de 62,5% na comparação anual (e acima dos 55% divulgados no 2T26). A parte de Data Centers, que representa quase 90% do faturamento, teve vendas de US$ 51,215 bilhões (+66,4% vs. 3T25), seguido da linha de Gaming, com receita de US$ 4,265 bilhões (+30,1%).
Os resultados de Nvidia por segmento
Analisando a linha de Data Centers, interessante notar que tanto a parte de Compute (voltado ao processamento) como a de Networking (conexão das placas) tem apresentado forte crescimento, com vendas de US$ 43,028 bilhões (+55,7% vs. 3T25) e US$ 8,187 bilhões (+161,8%).
Apesar da leve retração de 1,4 ponto percentual na margem bruta em relação a um ano atrás, encerrando o trimestre nos 73,6%, a companhia conseguiu mantê-la acima dos 70%, indicando uma grande capacidade de precificarão de seus produtos. Segundo a direção, essa redução na margem se deu pela transição para a oferta do modelo Blackwell (ante ao Hopper HGX), na qual ela espera retomar os níveis reportados no passado recente com o aumento de produção nos próximos resultados.
Só que o nível atual de lucratividade somada ao aumento menor nas despesas operacionais, que totalizaram US$ 4,215 bilhões (+38,4% vs. 3T25), permitiu a empresa reportar um lucro operacional 62,2% maior na comparação anual, somando US$ 37,752 bilhões.
Na linha final de resultado, o lucro líquido da Nvidia totalizou US$ 31,167 bilhões, o equivalente a US$ 1,30 por ação, o que representa uma alta de 60,5% ante o mesmo trimestre do ano passado.
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Projeções para o quarto trimestre da Nvidia animaram investidores
Além dos ótimos resultados no trimestre, as projeções para o quarto trimestre também animaram os investidores, com a empresa esperando receita na casa dos US$ 65 bilhões e uma margem bruta nos 75%. Caso consiga entregar esses números, estamos falando de um crescimento de 65% (o que representaria uma aceleração em relação ao 3T25) e um aumento de 1,5 ponto percentual ante o 4T25.
De acordo com Jensen Huang, CEO da Nvidia, a demanda pelos chips Blackwell estão em níveis extremamente elevados, com os GPUs voltados à computação em nuvem completamente vendidos.
Ainda nas falas do executivo, a demanda por processamento computacional segue acelerando, tanto para treinamento como inferência de modelos — mas com um crescimento exponencial.
Segundo Huang, estaríamos entrando em uma ciclo virtuoso da Inteligência Artificial, com o ecossistema escalando rapidamente, com cada vez mais modelos, startups, indústrias e países demandando os chips para o desenvolvimento dessa tecnologia.
Após dias de sentimento negativo para a temática de IA, com alguns papéis como a Nvidia sofrendo desvalorizações superiores a 10% desde a virada do mês, os números reportados pela empresa inicialmente trouxeram um novo ânimo para os investidores. A ação da Nvidia, por exemplo, chegou a subir mais de 6% no after-market de quinta-feira, trazendo a esperança de que o final de ano poderia terminar em uma toada positiva.
Debate sobre bolha de IA resulta em volatilidade no setor
Contudo, na sexta, os ganhos foram reduzindo antes da abertura do mercado — ainda assim, o papel subiu mais de 3%. Mas a divulgação do relatório de emprego de setembro do Governo americano, que apresentou a abertura de 119 mil postos de trabalho (comparado com projeções de 51 mil) trouxe à tona a possibilidade de uma demora na redução dos juros por parte do Federal Reserve, o que acabou impactando o mercado como um todo.
O Nasdaq, por exemplo, que chegou a subir mais de 2% na abertura, terminou o dia com queda superior a 2%. As ações da Nvidia, com um grande peso no índice, terminaram o dia com perdas acima dos 3%.
Os investidores, aparentemente, seguem preocupados com a possibilidade de uma bolha nos ativos relacionados à IA — algo que Huang comentou na teleconferência com os analistas, indicando que do ponto de vista da Nvidia, eles não estariam enxergando dessa forma.
Obviamente, toda essa discussão sobre os potenciais transformadores dessa tecnologia fazem com que a ação da Nvidia não seja considerada uma barganha, negociando por quase 39 vezes seus lucros.
Vale investir nas ações de Nvidia?
Entretanto, considerando a perspectiva de crescimento para o próximo ano, o papel negocia por cerca de 26 vezes seus resultados, o que não me parece algo que possa ser considerada “bolha”, na minha opinião.
Porém, considerando os últimos cinco anos (excluindo os momentos de maior tensão nos mercados, como em 2022 ou com as preocupações acerca do tarifaço do Governo Trump no começo de 2025), a queda média das máximas é de aproximadamente 20%, o que indicaria ainda espaço para novas realizações no curto prazo. Só que nessas outras ocasiões, importante salientar que o ativo negociava em patamares superiores de múltiplo Preço/Lucro.
Neste caso, seguimos com sugestão de compra para as ações da Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA), principalmente para aqueles que querem se expor à temática de Inteligência Artificial. Só que, no momento atual, alocaria apenas uma parcela da posição desejada (algo como um terço ou metade), dada a possibilidade de novas retrações no ativo.
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