Diário de Bordo

Super-quarta especial: somente para os tupiniquins

João Piccioni

12 dez 2023, 16:14 (Atualizado em 12 dez 2023, 16:14)

super quarta
Imagem: Freepik

A última “super quarta” do ano ocorre amanhã e o nível de tensão dos últimos pregões voltou a aumentar na espinha dos investidores. Definição tupiniquim, o termo reflete a coincidência das agendas de definição da taxa básica de juros do FED e do CBC e os impulsos que podem ocorrer nos mercados diante das decisões.

Por ora, nos EUA, as expectativas apontam para a manutenção do nível de juros na decisão do FED — 5,25% a 5,5% ao ano. Aqui no Brasil, os investidores esperam mais uma redução de 50 pontos base na taxa Selic, o que a levaria para os 11,75%. Os preços dos ativos já contemplam em grande medida tais resoluções e, por isso, o mais importante é observar as entrelinhas dos comunicados e o humor dos investidores após as decisões.

Em relação ao FOMC, o foco estará nas palavras e nos trejeitos de Jerome Powell na tradicional sessão de perguntas e respostas após a divulgação da decisão. Em sua última aparição, houve uma tentativa (fracassada) de frear o ímpeto do mercado, por meio de um discurso mais duro, centrado na ideia de que será necessário fazer mais esforços para domar a inércia inflacionária. Para os diretores do FED, a economia ainda não deu sinais claros de que deve desacelerar em 2024 e, portanto, seriam insuficientes para provocar a reversão da política monetária. Este entendimento ganhou um pouco mais de tração após o índice S&P 500 se aproximar das máximas de 12 meses, aspecto que pode ser lido como um distensionamento da pressão monetária.

Aqui no Brasil, espera-se a continuidade do discurso desinflacionário, associado a leves mudanças das expectativas quanto à inflação e crescimento para o ano que vem. Ambas, devem continuar favorecendo o processo de afrouxamento monetário e abrindo um pouco mais de espaço para a recuperação dos ativos de risco brasileiros. 

No curto prazo, arrisco a dizer que o rali de Natal ainda está contratado. A não ser que o discurso mais duro se torne real (uma improvável alta de juros lá fora), a corrida para os ativos de risco virá nestes últimos pregões do ano. E vou um pouco além. Diante do atual estágio do distensionamento monetário global, o que vai se desenhando é um possível “efeito janeiro”, mês no qual tradicionalmente as Bolsas globais tendem a apresentar um bom desempenho. Isto seria provocado pelas realocações dos portfólios visando o ano que vem, dado o volume elevado de recursos estacionados em “money markets” e, no caso do Brasil, nos produtos de renda fixa sem prêmio. O que vem depois disso, entretanto, ainda guarda incertezas e vou deixar para discutir no desenho do nosso cenário para 2024, que farei nos moldes do antigo MoneyRider, construído por mim enquanto analista na Empiricus Research.

Os efeitos práticos deste ambiente mais propício ao risco se reverberam nos fundos da casa. No segmento dos fundos inspirados nas ideias da Empiricus Research, houve poucas mudanças em relação às carteiras que fecharam o mês de novembro. No Empiricus Microcap Alert FIA, houve a saída de uma ação específica ligada às commodities agrícolas e a substituição pelo ETF que representa o índice Small; No Empiricus MAB FIA, houveram reduções marginais em algumas ações mais líquidas e adições de posições em Arezzo e Eletrobras. Mas o destaque mesmo, tem sido as ações do Grupo SBF que continua sendo negociada por níveis de preços extremamente atrativos. No Carteira Universa, as mudanças visam proteger parte da alta recente, houve leve redução de posições vencedoras e a abertura de uma posição vendida nas ações do Santander. 

Do lado dos fundos internacionais, fizemos pequenas mudanças e reduzimos levemente a exposição às Big Techs. O destaque do mês tem sido o Empiricus Money Rider Ações Dinâmico FIA, cuja reformulação de estratégia (e portfólio) começou a dar frutos. No mês de dezembro, o fundo avança mais de 2%, mesmo após a arrancada do mês passado e, no ano, acumula alta de 9,41% — fechamento de segunda-feira (12). Uma bela recuperação, para um ano que parecia perdido. A maior concentração em nomes como Nike, Mercado Livre, Crowdstrike, Constellation Software e Booking têm funcionado razoavelmente.  No Empiricus Deep Value Brasil FIA, aumentamos a participação das ações da Yduqs, após a confirmação de expectativas mais favoráveis para 2024 feita pela administração da empresa no evento do JP Morgan, e, também, na posição de Rede D’or, cujos ativos se destacam no ambiente do setor de saúde.

Na ala de renda fixa, continuamos acreditando na queda das taxas de juros da ponta mais curta (vencimento em 2 anos). Particularmente, acredito que por aqui passaremos por um processo parecido com que provavelmente ocorrerá lá fora: haverá queda mais acentuada dos juros mais curtos e a re-inclinação da curva — os juros mais distantes voltarão a pagar prêmios maiores. Isso tudo em níveis de juros mais baixos do que o atual, mais próximos da Selic terminal que deve ficar por volta dos 8,5% ao ano. Neste sentido, estamos conduzindo a estratégia do Empiricus Renda Fixa Ativo FI RF (e também na sua versão de Previdência, recém lançada) para auferir ganhos em excesso neste ambiente. No mês passado, o fundo fechou com ganhos de 170% do CDI e voltamos a passar o benchmark no ano. O objetivo de médio prazo é trazer a rentabilidade desse fundo para algo mais próximo ao CDI+1,5% ou 2%. Um belo prêmio para se buscar.

O comportamento dos mercados no mês de dezembro

De olho nas decisões dos bancos centrais, os investidores globais ainda se mostram reticentes com a reta final do ano. Por aqui, o Ibovespa oscila entre altas e baixas ao redor dos 127 mil pontos. Lá fora, o índice S&P 500 alcançou os 4.600 pontos e sobe 1,2% no mês, reflexo da menor volatilidade das ações.

O processo desinflacionário continua ocorrendo. Aqui no Brasil o IPCA de novembro marcou alta de 0,28%, abaixo da mediana das expectativas. A dinâmica mensal é benigna e pavimenta o caminho para as decisões de cortes de juros do Banco Central. Nem mesmo as incertezas ligadas à política fiscal brasileira têm sido suficientes para descarrilar a leitura de que os juros devem continuar caindo no ano que vem. Certamente, este é um ponto de alerta, mas deve ficar contido pelo menos até o primeiro trimestre do ano que vem.

Já a inflação ao consumidor nos EUA (CPI) veio em linha com as expectativas — 3,1% nos últimos doze meses. Sem desviar do consenso, não houve motivos para o mercado americano sair do seu trilho. Parece que, de fato, o foco se voltará para a dinâmica da reunião de amanhã.

Do lado corporativo, a agenda permanece fraca. Mas nas próximas semanas os primeiros resultados corporativos de companhias americanas relativos aos últimos meses de 2023 aparecerão no radar —saem Costco, Micron, Nike, entre outras. Serão, sem sombra de dúvidas, guias importantes para avaliarmos o estado da economia americana e ter pistas do que vem por aí na próxima temporada de resultados.

Você já turbinou sua Restituição do IR do ano que vem?

A gente tem falado bastante aqui sobre a importância de você ter um plano de previdência na modalidade PGBL com investimentos de até 12% de sua renda tributável. Essa é uma grande ‘mão na roda’ fiscal que pode fazer a sua restituição do ano que vem vir bem mais gorda que o comum. Se você contribui com o INSS e ganha mais de R$ 100 mil brutos anuais (coisa próxima de R$ 8 mil brutos mensais), pode saber que tem uma bela turbinada de restituição te esperando.

Importante mencionar: você só tem até o último dia útil deste ano para fazer isso. Se você deixar para a última hora, pode perder a chance. Melhor fazer agora, com ‘margem de erro’ para não correr risco.

Eu gravei um vídeo com todo o tutorial pra você não perder essa grana por nada nesse mundo.

Forte abraço,

João Piccioni

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