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No último fim de semana, participei do almoço de comemoração dos 40 anos de formatura da minha turma do Colégio Bandeirantes.
O evento aconteceu na tradicional sede do colégio, na Rua Estela, no bairro do Paraíso, aqui em São Paulo. A organização preparou uma feijoada completa, acompanhada por uma simpática banda que tocava clássicos do rock brasileiro dos anos 80.
Ao chegar, a minha primeira dificuldade foi reconhecer os colegas. Quatro décadas depois, os traços mudaram bastante. Para piorar, os name tags distribuídos tinham letras minúsculas, quase ilegíveis para as nossas vistas cansadas.
O estranhamento levava alguns minutos. Bastava um sorriso, um jeito de falar ou uma lembrança compartilhada para que as peças se encaixassem. Logo os adolescentes de outrora emergiam por baixo dos cabelos brancos. Ou da ausência de cabelos.

Foi nesse clima de reencontro que percebi algo importante. Os mais serenos naquela turma não eram os que mais exibiam conquistas materiais. Eram os que pareciam em paz com suas escolhas de vida.
Essa sensação me lembrou de um clássico das finanças pessoais, The Millionaire Next Door, que reli nas minhas férias. O livro mostra que a maioria dos milionários americanos não mora em mansões nem desfila carrões importados. São pessoas comuns, disciplinadas, que poupam, investem e acumulam patrimônio de forma silenciosa. A verdadeira riqueza raramente grita.
A mesma ideia apareceu nesta semana numa matéria do Brazil Journal. O texto mostra como, nos Estados Unidos, a maior parte dos milionários não está em Wall Street ou no Vale do Silício. Eles comandam negócios “boring”: clínicas médicas, empresas de climatização, oficinas automotivas, redes regionais de varejo.
Para cada CEO de companhia listada em bolsa, existem mil donos de empresas privadas com patrimônio acima de 25 milhões de dólares. Eles empregam centenas de pessoas, geram bilhões em receita e, ainda assim, permanecem fora do radar. A maioria não herdou nada. Construiu.
É curioso como isso dialoga com o que senti no reencontro do meu colégio. Com o tempo, aprendemos que a verdadeira riqueza nem sempre se mede pelo que se mostra. Ela se mede pelo que se constrói e se sustenta.
Nos investimentos também, a lógica é parecida. Os ativos mais barulhentos podem até brilhar por um tempo. Mas muitas vezes sucumbem ao hype. Já os investimentos discretos e consistentes, com uma carteira diversificada e com objetivos de longo prazo, são os que entregam valor de verdade no longo prazo.
O reencontro com meus colegas também me lembrou que o ativo mais valioso de todos é o tempo. Quem sabe usá-lo com sabedoria não precisa provar nada a ninguém.
Seja em uma reunião com amigos de infância ou na carteira de investimentos, a verdadeira força está em ser como o milionário da porta ao lado. Calmo, constante, invisível aos holofotes, mas firme onde realmente importa.
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