Imagem: iStock/ Kuzmik_A
Entramos em dezembro, momento certo para fazer nossas reflexões do ano.
Se você é investidor de ativos de risco brasileiros, sobram razões para celebrar. Em reais, o Ibovespa acumula quase 37% de alta. Em dólar, a performance fica ainda melhor, com o EWZ – ETF da bolsa brasileira –, passando dos 50% desde o início do ano.
Nesta semana, inclusive, fiz questão de parabenizar pessoalmente o Felipe Miranda por ter acertado na veia seu call de comprar Bolsa brasileira desde o ano passado, quando o barulho dos canhões afugentava até os mais convictos compradores do Kit Brasil.
É curioso observar essa exuberância à luz do que sentíamos no começo de 2025. O ambiente era de cautela, quase desconfiança. Os ruídos fiscais insistiam em ocupar o centro do debate, o dólar pressionava e a percepção externa sobre o Brasil caminhava devagar.
Em janeiro, a minha newsletter “Dúvidas e certezas” mostrava bem como estava o clima naquele momento:
“O momento atual dos nossos mercados brasileiros é desafiador. Juros elevados, dólar pressionado e uma bolsa vêm nos atormentando desde o imbróglio criado pelo governo federal quando do anúncio do mal ajambrado corte de gastos, em novembro do ano passado.
Nesse cenário, é natural que dúvidas e incertezas ganhem força. A tensão foi particularmente aguda no final do ano, forçando o Banco Central a realizar intervenções importantes e frequentes no mercado de câmbio para segurar uma disparada ainda maior.”
O curioso é que esses períodos costumam carregar silenciosamente as melhores oportunidades. A história mostra que os grandes retornos raramente surgem em ambientes de euforia. Eles nascem justamente quando o mercado grita incerteza. Foi exatamente isso que vimos ao longo de 2025.
O investidor que atravessou o ruído e manteve a disciplina foi premiado. O pessimismo de janeiro, que parecia tão sólido, revelou-se um solo fértil para compras assimétricas. As perspectivas melhoraram, o fiscal acalmou, o juro longo cedeu e a percepção global sobre emergentes voltou a abrir espaço para o Brasil.
Ainda na mesma “Dúvidas e certezas”, eu lembrei das oportunidades que se apresentam em momentos de pessimismo generalizado:
“É claro que, com juros reais tão altos, é difícil esperar uma recuperação rápida para as ações. Mas, olhando para o médio e longo prazo, uma eventual queda no dólar, um ciclo positivo de commodities ou melhorias no cenário político podem criar o ambiente ideal para retornos robustos.
É nesses momentos que a paciência se torna um dos ativos mais valiosos. Investir pensando no longo prazo não é apenas uma estratégia, mas uma filosofia. O tempo é um aliado poderoso para quem consegue manter a calma em meio às turbulências. Como Warren Buffett já disse, “o mercado é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes.”
Agora é a hora de revisar sua carteira, refletir sobre suas estratégias e garantir que suas alocações estejam alinhadas com seus objetivos de longo prazo. Pergunte a si mesmo: estou aproveitando as oportunidades que este momento oferece? Tenho uma visão clara do que quero conquistar no futuro?”
Agora chegamos ao fim do ano com uma sensação diferente. Não de euforia, mas de maturidade. O mercado está mais sólido, o investidor mais consciente e os fundamentos internos e externos indicam que 2026 pode ser um ano muito positivo.
Não é otimismo ingênuo. É uma leitura de cenário. Mesmo após um 2025 tão bom, há espaço para continuidade. Podemos ver uma desaceleração global suave, uma possível convergência fiscal doméstica (dependendo do cenário eleitoral, claro), uma queda gradual do custo de capital, uma reprecificação de riscos e uma dinâmica de fluxo que siga favorecendo mercados emergentes.
Se o início de 2025 nos ensinou algo, foi isso. As crises abrem oportunidades. E, quando olhamos para 2026, não é exagero imaginar que o próximo ciclo possa repetir ou até superar o que vivemos este ano.
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