Imagem: iStock/ @Ashi Sae Yang
Recentemente, temos observado certo entusiasmo em torno da figura do “consultor independente” de investimentos. Ele surge como a promessa de alguém totalmente alinhado ao investidor, livre dos incentivos tradicionais do mercado.
A ideia é sedutora. Sugere que enfim encontramos uma relação purificada entre quem orienta e quem investe.
A realidade, porém, é mais complexa. A própria CVM lembrou recentemente que tanto consultores quanto assessores convivem com conflitos de interesse. Não por falta de ética, mas porque nenhum modelo elimina integralmente os incentivos. Eles apenas mudam de forma.
Isso não deveria surpreender. O mercado é humano e, portanto, imperfeito. O problema não está em admitir que existem incentivos. O problema está em vender a ideia de que não existem.
É por isso que enxergo essa discussão menos como uma disputa entre modelos e mais como uma reflexão sobre autonomia. O que está em jogo é o modo como tratamos o investidor e o tipo de relação que construímos com ele.
Carrego desde o início da Empiricus a convicção de que o investidor pessoa física deve ser tratado como adulto. Um adulto capaz de interpretar informação, avaliar riscos e tomar decisões.
De modo geral, a sociedade brasileira é paternalista. E, quando o assunto é investimentos para a pessoa física, esse traço se acentua: o mercado insiste em tratar o indivíduo como alguém que precisa ser constantemente protegido de si mesmo.
A regulação ajuda, claro. Transparência é fundamental. Mas transparência não substitui responsabilidade individual, nem cria maturidade por decreto. Ela apenas oferece as ferramentas.
Talvez por isso a missão da Empiricus tenha permanecido tão clara ao longo dos anos. Nunca foi proteger o leitor das verdades do mercado, mas apresentá-las de forma direta e honesta. Sempre confiamos que o assinante é capaz. Nunca infantilizamos o investidor.
Com o tempo, percebi que isso não era só um estilo editorial. Era uma filosofia. Informação honesta e sem interesses ocultos permite decisões melhores.
Por isso, quando observo o debate sobre consultores e assessores, penso menos nos rótulos e mais na questão essencial. A estrutura respeita a autonomia do investidor ou tenta substituí-la?
A Empiricus sempre escolheu o caminho da relação direta. O leitor nos apoia se entregamos valor real. Abandona se não entregamos. Não há intermediários. Não há incentivos escondidos.
A independência nasce dessa relação limpa, sustentada exclusivamente pela confiança do assinante.
No fim, não existe modelo perfeito. Existe apenas a combinação entre clareza, maturidade e responsabilidade. O mercado pode inventar novos discursos e embalagens, mas a autonomia continuará sendo a única verdadeira proteção do investidor.
Tratar o investidor como adulto é uma escolha essencial. No longo prazo, é ela que separa quem constrói confiança de quem apenas distribui narrativas.
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