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A Empiricus 24/7 da semana passada gerou uma boa repercussão. Recebi várias respostas por e-mail e até comentários no post do Instagram.
Muita gente se identificou com o que escrevi. E, entre as conversas, percebi um ponto que raramente entra na pauta.
Fala-se muito sobre como conquistar a independência financeira. Pouco sobre como manter o patrimônio acumulado. E quase nada sobre como viver na fase mais madura da vida, quando, pela primeira vez, você tem mais dinheiro do que tempo.
Peço licença aos leitores mais jovens, porque o assunto de hoje talvez fale mais diretamente com quem já está em uma fase mais avançada da jornada. Tenho 57 anos. Já vi de perto a construção, a conquista e agora experiencio em primeira pessoa o que acontece depois.
É uma conversa que carrega mais peso para quem começa a perceber que o horizonte de tempo é um recurso cada vez mais escasso, e que a equação financeira, por mais que esteja resolvida, não resolve tudo.
No início da minha jornada como profissional, e depois como empreendedor e investidor, achava que o dia em que pudesse parar seria o ponto final. Mas, quando você finalmente chega lá, percebe que isso é só a primeira metade do caminho.
A segunda metade não é sobre dinheiro. É sobre sentido. O dilema é real: você passa décadas correndo atrás de um objetivo, só para perceber que a corrida deixou de existir. E, sem corrida, muitos se sentem perdidos.
Alguns continuam acelerando, acumulando mais apenas porque é o que sabem fazer, e acabam virando escravos da própria disciplina, agora sem necessidade real. Outros freiam bruscamente: tiram o pé de tudo, viajam, compram, preenchem a agenda com experiências, mas o vazio continua lá.
A empreendedora Anastasia Koroleva, responsável pelo blog Exit Paradox, onde trata de suas experiências após a venda bem-sucedida de sua empresa, traz bons insights sobre o tema.
Koroleva trata das duas armadilhas mais comuns no “pós-independência”: seguir no piloto automático, acumulando mais por inércia, ou se distrair tanto que perde o senso de propósito. Ambas parecem caminhos diferentes, mas levam ao mesmo destino: a sensação de que algo ainda falta.
Para ela, a pós-independência financeira passa por três conquistas.
Segurança estrutural. Não basta ter um número grande na conta. É preciso ter clareza de que o seu padrão de vida é sustentável por décadas, mesmo diante de imprevistos.
Independência de propósito. Colocar tempo e energia em algo que faça sentido para você, que traga realização, mesmo que não gere retorno financeiro. É trocar a pressão da obrigação pelo prazer de contribuir.
Autonomia emocional. Parar de medir o próprio sucesso pela régua dos outros, abandonar a comparação constante e viver no seu próprio compasso. É entender que, depois de chegar até aqui, a única aprovação que realmente importa é a sua.
Chegar à independência financeira é uma vitória imensa. Mas viver bem nela exige um novo conjunto de habilidades. Porque, no fim, quando você percebe que tem mais dinheiro do que tempo, entende que o ativo mais valioso nunca esteve na conta, sempre esteve no calendário.
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