Imagem: Montagem/Canva
Na semana em que as tarifas de 50% prometidas por Donald Trump estavam prestes a entrar em vigor contra todas as exportações brasileiras, uma reviravolta. Na quinta-feira (31), a Casa Branca anunciou uma extensa lista de isenções para setores estratégicos, como petróleo, celulose e suco de laranja. Um alívio parcial, mas significativo, que poupa parte relevante da balança comercial brasileira.
Em avaliação do cenário no episódio mais recente do Empiricus PodCa$t, programa semanal da casa, Matheus Spiess, analista de macroeconomia, aponta um avanço na direção correta, apesar da instabilidade persistente:
“O problema aqui é sempre o fato de estarem politizando essa questão. É como se a Casa Branca desse com uma mão o benefício das isenções, mas tirasse da outra com as questões políticas sendo jogadas de novo.”
A isenção abrange cerca de 43% das exportações brasileiras aos Estados Unidos da nova alíquota. No entanto, produtos como carnes, café, aço e veículos seguem sob a tarifação elevada que deve entrar em vigor no dia 6 de agosto.
Porém, o impacto imediato é de otimismo, especialmente em relação a companhias que escaparam da linha de frente dos ataques de Trump.
Entre os ativos diretamente influenciados está a Suzano (SUZB3), que teve a celulose incluída na lista de exceções.
Suzano (SUZB3) volta ao radar após isenção de Trump
Antes do recuo parcial americano, a empresa — que exporta cerca de 15% de sua receita para o mercado americano — era vista com cautela pelos investidores.
“Começou-se até a se questionar se era viável mandar a celulose daqui para lá”, apontou Larissa Quaresma, analista de ações.
Com a celulose incluída entre os produtos isentos, a percepção muda e a tese volta a ganhar força.
Apesar da queda acentuada no ano, que acompanhou a desvalorização do dólar, Larissa considera a baixa como “injustificada”.
“Suzano caiu mais de 10% no ano. E injustificadamente, na minha opinião, porque o mercado tende a negociar muito com base no dólar. O dólar teve uma queda de mais ou menos isso também no ano.”
A analista reforça que a empresa segue com fundamentos sólidos e aponta três vetores que sustentam a tese:
- Aumento de produção com a nova planta de Ribas do Rio Pardo;
- Queda no custo por tonelada;
- Processo de desalavancagem do balanço.
Com o risco tarifário fora do radar, Larissa vê os papéis como boa alternativa de exposição ao dólar via bolsa brasileira.
“É um ótimo zagueiro para carteira… É para acompanhar um fundamento que tende a melhorar e ganhar uma exposição ao dólar.”
Na outra ponta, Laís Costa, analista de renda fixa, é mais cautelosa e recomenda a venda dos bonds:
“Hoje os spreads estão muito fechados… Está quase sem atratividade em relação aos pares.”
- Onde investir neste mês? Veja 10 ações em diferentes setores da economia para buscar lucros. Baixe o relatório gratuito aqui.
Microsoft (MSFT34) entrega ‘porrada’ de resultado e reforça tese de inteligência artificial
Outro destaque do episódio foi a Microsoft (MSFT34), que divulgou mais um resultado robusto, com crescimento de 40% na nuvem e lucro por ação acima do esperado.
“Foi uma porrada o resultado”, resumiu Spiess. “Superou a expectativa de lucro por ação, margem farta e receita total 2,5 bilhões acima da mediana esperada.”
Para o analista, a empresa, que já vale US$ 4 trilhões, segue como uma das principais formas de se posicionar na tese de inteligência artificial:
“Não é uma tese para você ganhar mais a porrada do que já foi no passado, mas é 100% um nome que compõe bem a carteira, complementa bem uma carteira de ações internacionais, expõe você a tese de AI de maneira consistente, com uma boa empresa, que está exposta a Open AI, que é o Chat GPT.”
Larissa reforçou o posicionamento: “Acho que é uma das vencedoras da tecnologia americana. Gosto das duas formas de se investir, seja via índice ou ação direta.”
No quadro “Compra ou Vende?”, os analistas também se mostraram favoráveis à compra de euro, especialmente como alternativa de diversificação cambial frente ao dólar.
“Mesmo que no curto prazo possa ser uma tese marginalmente menos vencedora, olhando para frente, ele [o dólar] vai continuar caindo no mundo”, disse Spiess.
Lais também reforçou o argumento da diversificação cambial:
“Eu compro euro. Não estou necessariamente ‘bear’ com o dólar, mas existem problemas a serem endereçados na economia americana.”
O que vem depois do ‘freio’ nos juros?
No episódio, os analistas também comentaram sobre a última “Super Quarta”.
Após sete altas consecutivas, o Banco Central “pisou no freio” e manteve a Selic em 15%, assim como o Federal Reserve nos EUA, que também divulgou uma manutenção dos juros.
Mas os analistas já vislumbram os primeiros sinais de mudança, com a possibilidade do início de um novo ciclo de cortes ainda este ano.
No Podca$t, os analistas discutem os impactos do tarifaço, as nuances políticas da relação Brasil-EUA e as melhores oportunidades para o investidor.
Para conferir a análise completa, assista ao episódio na íntegra no vídeo abaixo.