Imagem: iStock.com/CUHRIG | Edição CanvaPro
Nesta semana, Gustavo Pimenta completou um ano como CEO da Vale (VALE3) e concedeu entrevista ao Valor para falar sobre os avanços até aqui, e o que esperar para os próximos anos.
A evolução mais notável desde que assumiu foi a relação com o poder público. Desde a tragédia em Brumadinho, ficou muito mais difícil para a Vale conseguir licenças, fazer acordos, renovar concessões, etc.
O grande triunfo de Pimenta, poucos meses depois de assumir o cargo, foi a conclusão do acordo envolvendo a barragem de Mariana, que eliminou um grande risco de cauda à tese.
Com relação às licenças, recentemente a Vale recebeu a permissão para operação do Projeto Serra Sul +20 Mtpa, que proporcionará um aumento de 20 milhões de toneladas de produção por ano de minério de ferro, além de uma licença prévia para o projeto Bacaba, para produção de cobre.
Esses avanços mostram que a companhia está a caminho para conseguir entregar o aumento de produção anual de 30 milhões de toneladas prometido nos próximos anos.
Aumento que, segundo o CEO, deve recolocar a Vale no posto de maior produtora de minério de ferro do mundo, o que também ajudará no processo de diluição de custos – segundo ele, o custo caixa C1 deve convergir para baixo de US$ 20/ton (vs. US$ 21,8/ton em 2024).
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Quantidade e qualidade
Mas não se trata apenas de aumentar o volume. Para conseguir maximizar o valor de seu portfólio é preciso entregar a qualidade de produto desejada pelo cliente. Para isso, atualmente a Vale possui plantas de blendagem, que ajustam o produto de acordo com as condições de mercado.
Por exemplo, com o mercado siderúrgico trabalhando com margens apertadas, a disposição das usinas em pagar prêmios por qualidade de minério diminuiu muito. Nesse contexto, vender um produto com qualidade elevada sem receber o prêmio adequado por isso é o mesmo que deixar dinheiro na mesa.
Com o reequilíbrio da oferta de aço e a agenda de descarbonização (que, segundo ele, deve voltar com força em algum momento) a tendência é de que os produtos mais limpos e de maior qualidade recuperem destaque, e a companhia também estará preparada para maximizar o valor do seu portfólio nesse cenário.
Sabemos que as condições de mercado não são as melhores, com siderúrgicas pressionadas, desaceleração da China e perspectivas pouco animadoras para a demanda de minério de ferro.
Por outro lado, Vale segue entregando diversas melhorias (volume, custos, licenças, etc) e negocia com valuation bastante atrativo, de 3,5x ebitda.