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Julho marcou uma pausa no rali da bolsa brasileira. Na esteira do tarifaço de Donald Trump, o Ibovespa sofreu uma correção de -4,1% no mês.
Em live do fundo multimercado Carteira Universa (assista na íntegra ao final do vídeo), os analistas da Empiricus analisaram o contexto que levou à queda, mas foram enfáticos ao dizer que o movimento não muda o rumo da história.
Para eles, o “tropeço” de julho faz parte de um ciclo maior e promissor e que “mesmo os mais longevos bull markets passam por correções significativas”, como lembra Felipe Miranda, CIO da Empiricus Research.
O cenário, segundo ele, foi impactado por fatores temporários, com ruídos políticos, pressões externas e uma quebra de narrativa que até então favorecia o Brasil nos mercados globais.
O tarifaço de Trump e o fim do ‘porto seguro’
O grande fator que desorganizou o mercado brasileiro foi a ofensiva comercial do presidente norte-americano Donald Trump.
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros tiraram do Brasil o papel de refúgio tarifário que vinha sustentando parte do otimismo.
O país, que vinha sendo tratado como exceção na guerra comercial, passou à linha de frente das ofensivas de Trump, com as tarifas mais altas entre todos os países. Como pontuou Miranda:
“A gente perde um pouco daquela narrativa que vinha com o tal Liberation Day, de que o Brasil estava fora dessa discussão de tarifas. E a gente perdeu esse status de porto seguro.”
Além disso, o movimento gerou incertezas institucionais. O mercado precificou uma possível escalada política e retaliatória.
“Abre-se uma grande névoa de incerteza e incerteza significa maior variância e também maior curtose”, pontuou Miranda, citando a postura mais defensiva do investidor estrangeiro, que retirou mais de R$ 5 bilhões da bolsa brasileira no período.
Tudo isso ocorreu quando o mundo parecia viver um bull market sincronizado, apelidado de “Everything Rally” com bolsas, commodities e criptomoedas se valorizando.
Nadando contra a maré, o Brasil teve desempenho descolado, puxado para baixo por fatores “idiossincráticos”, como apontou Miranda.
Correção, não ruptura: por que a tese brasileira segue firme
Apesar do recuo, o CIO enxerga um ambiente ainda favorável para os ativos brasileiros e que “a tese do bull market estrutural brasileiro continua super intacta e cada vez mais próxima”.
A combinação de três fatores sustenta o otimismo:
- A perspectiva de cortes de juros, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, é um dos pilares da perspectiva positiva; parte do mercado, inclusive, projeta o início cortes ainda este ano;
- Os dados de inflação têm surpreendido positivamente com dez semanas consecutivas de revisões para baixo nas expectativas;
- A possibilidade de um rali eleitoral à frente. Apesar do momento favorável ao governo atual, a equipe vê espaço para que a alternância de poder volte a ser precificada.
Além disso, para os analistas, os fundamentos das empresas continuam sólidos e os ativos, baratos.
O movimento recente pode indicar uma janela de oportunidade, conforme destaca Larissa Quaresma, analista de ações da casa:
“Empresas muito boas, em bom momento operacional, ficaram com o valuation mais atrativo ainda.”
Ela citou bons resultados de empresas como Itaú (ITUB4), Raia (RADL3) e Iguatemi (IGTI11) como indício de que o mercado está “leve” e que a reação exagerada dos preços pode abrir espaço para recuperação.
Criptomoedas ajudaram a segurar o tranco
O fundo multimercado da Empiricus, Carteira Universa, recuou 1,5% no mês. Ainda assim, o desempenho acumulado continua positivo em 2025, com 11,87% até 31 de julho.
Apesar do mês mais difícil para ações brasileiras, as criptomoedas ajudaram a equilibrar o desempenho do fundo, com Bitcoin e Ethereum renovando suas máximas históricas em julho.
O desempenho foi destacado por João Piccioni, CIO da Empiricus Asset, que citou avanços relevantes para o setor:
“Dando um pouco dessa tração para o fundo… tivemos a aprovação de projetos importantes no Congresso americano, como o Genius Act e o Clarity Act, que impulsionaram o setor.”
O recado final do time de analistas é de que a volatilidade faz parte do caminho, mas que os fundamentos da tese de Brasil continuam válidos.
“Acho que é um pequeno percalço… mas o trend é super positivo”, disse Miranda que também reforçou que segue “bastante construtivo e bastante animado para o restante do ano e para os próximos 18 meses”.
O Carteira Universa é um fundo multimercado, que materializa as principais ideias da Empiricus Research. Caso queira saber mais e entender como investir nele, clique aqui.
Para conferir a análise completa do mercado e os movimentos da carteira, assista à transmissão na íntegra no vídeo abaixo.