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O Bitcoin (BTC) ultrapassou a marca dos US$ 105 mil no último final de semana e se aproximou de sua máxima histórica registrada em janeiro deste ano, quando atingiu a faixa dos US$ 109 mil.
Diferente de ciclos anteriores, marcados pela euforia e pela especulação, a nova alta da principal criptomoeda vem sendo sustentada por um cenário macro mais estável, entrada de capital institucional e avanços regulatórios relevantes nos Estados Unidos.
O tema foi um dos destaques no episódio mais recente do Podca$t, da Empiricus, com análises de Larissa Quaresma, João Piccioni, Valter Rebelo e Luiz Mollo, que discutiram os vetores por trás da valorização recente e o que ela pode sinalizar para o futuro dos criptoativos.
Bitcoin com menor volatilidade que big techs e mais próximo da confiança institucional
O pano de fundo para a força do BTC nesse momento é o arrefecimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que removeu do radar imediato uma das principais fontes de incerteza do ano e acalmou o mercado.
Com a retomada do apetite por risco, o BTC surpreendeu por sua resiliência em relação a ativos tradicionais, conforme destacou Valter Rebelo, head de Cripto Research da Empiricus:
“É curioso ver a performance do Bitcoin versus Bolsa Americana e o Nasdaq durante esse período do Liberation Day. Você viu o Bitcoin performando marginalmente melhor do que Bolsa. Segurou o nível dos 70 mil, caindo 20, 25%. Enquanto a Bolsa caiu 30%. Então, a volatilidade foi menor do que Google e Microsoft.”
Esse comportamento sustentou a narrativa do BTC como um “quase hedge geopolítico”, um ativo que já atrai capital em momentos de estresse.
“Ficou muito claro ali que possivelmente o Bitcoin ainda está nesse limiar entre venture capital e reserva de valor”, observou Valter.
O tripé que sustenta o novo ciclo do Bitcoin: fluxo, empresas e regulação
Outro ponto de destaque é a entrada em ETFs de BTC nos Estados Unidos, com mais de um bilhão de dólares captados na última semana, segundo Valter.
Além disso, empresas de diversos países, incluindo brasileiras, vêm incorporando a criptomoeda em seus caixas, reforçando a ideia de credibilidade institucional em torno do ativo.
Do ponto de vista regulatório, dois projetos de lei em tramitação no congresso americano complementam o cenário favorável:
- A lei das stablecoins, que cria demanda adicional por Treasuries e viabiliza o uso de dólar digital via blockchain.
- O Genius Act, voltado à regulação de produtos cripto com foco em prevenção à lavagem de dinheiro, custódia e compliance.
A regulação pode ajudar o ecossistema cripto como um todo, com o BTC como provável maior ganhador. A familiaridade, a narrativa de reserva de valor e o respaldo institucional o colocam como um ativo bem posicionado para liderar o novo ciclo.
Com isso, o BTC rompeu os US$ 100 mil em meio a um cenário externo mais previsível, um ambiente regulatório mais maduro e uma adoção institucional crescente.
Mas o mesmo não pode ser dito sobre a segunda maior criptomoeda do mercado, que parece encontrar um caminho diferente.
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E o Ethereum? Dominância em queda e pouca clareza institucional
Enquanto o BTC se consolida, o Ethereum (ETH) ainda parece em busca de uma narrativa que convença o mercado tradicional. Segundo Rebelo, a criptomoeda perdeu 54% contra o líder do mercado desde 2024.
“Se você for olhar até os fluxos dos ETFs, o fluxo da Ethereum é uma coisa assim, ‘flopada’, em comparação ao Bitcoin”, destacou.
Além da perda de dominância, o ETH sofre com um desafio de comunicação. Suas funcionalidades ainda não foram totalmente compreendidas pelo mercado, conforme aponta Rebelo:
“A maioria das empresas ainda não entendeu o que é Ethereum direito.”
Embora reconheça o potencial tecnológico e de infraestrutura, o head de cripto afirma que não está comprado em ETH no momento.
Esses foram alguns dos destaques do episódio do Podca$t, que também explorou as oportunidades da Bolsa brasileira — levantando a questão: por que o brasileiro ainda hesita em entrar no mercado doméstico, mesmo com o Ibovespa renovando sua máxima histórica?
Para assistir o episódio na íntegra, assista à transmissão no vídeo abaixo.