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Investimentos

Dólar amarga quedas em 2025 e analista vê continuidade do movimento de ‘enfraquecimento’ da moeda; veja os motivos

Analista Matheus Spiess, da Empiricus, argumenta que os principais motivos vem da política comercial errática de Donald Trump

Por Maisa Leme

15 ago 2025, 15:33

Atualizado em 15 ago 2025, 15:35

dólar moeda americana EUA

Imagem: iStock.com/Kirpal Kooner

O dólar desvaloriza mais de 12% em comparação ao real em 2025. O movimento tem chamado a atenção do mercado, já que a moeda tradicionalmente é vista como um porto seguro em tempos de instabilidade global. 

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, lembra que o primeiro semestre de 2025 marcou uma janela em que o dólar teve seu pior desempenho desde 1963. “A primeira parte da década de 1970 foi quando os EUA abriram mão do lastro de ouro e foi um período de desvalorização do câmbio”. 

Imprevisibilidades americanas enfraquecem o dólar 

Segundo Matheus Spiess, o enfraquecimento do dólar reflete a imprevisibilidade da política econômica dos EUA sobre a gestão de Donald Trump e a crescente pressão fiscal e institucional no país.

“Embora o dólar historicamente se fortaleça em momentos de crise global, sua função como ativo de refúgio está sendo questionada, especialmente quando as fontes de incerteza partem dos próprios Estados Unidos”, disse.

Nesse contexto, o analista avalia que a política comercial e econômica “errática” adotada por Trump, em especial o “tarifaço” aplicado a vários países em abril, intensificou o movimento de desvalorização da moeda.

“Medidas como o ‘One Big Beautiful Bill’, que consolidou déficits elevados e piorou a sustentabilidade fiscal americana, aumentaram a desconfiança dos investidores em relação ao dólar. Soma-se a isso a pressão sobre o Federal Reserve para cortar juros, o que prejudica a atratividade relativa da moeda americana, mesmo diante da escassez de alternativas globais de ativos seguros. Ruídos institucionais sobre o Fed são péssimos sinais”, acrescenta Spiess.

O analista afirma que os Estados Unidos enfrentam um “duplo déficit” — fiscal e comercial — que traz como consequência a saída líquida de recursos não compensada por investimentos suficientes no país e, consequentemente, enfraquece a moeda. 

É importante lembrar que, desde o início do ano, houve uma rotação de portfólios de maneira global em que os investidores, na margem, tiraram parte dos seus recursos dos EUA em direção a outros países. 

“Assim, o enfraquecimento relativo do dólar deve continuar, porque tem uma crise de credibilidade institucional. Os EUA deixam de ser aquele porto seguro por conta da postura errática vindo do poder executivo, de confiabilidade de contrato, de mudança de regras, de agressividade diplomática contra parceiros históricos e política econômica truncada na questão comercial”.

“Além disso, persistem especulações de que o governo Trump prefira um dólar mais fraco para melhorar os desequilíbrios comerciais, o que pode levar a mais intervenções políticas e minar ainda mais a credibilidade das instituições americanas”, completa.

Hora de vender dólar? 

Apesar das dificuldades enfrentadas pelo dólar, o analista acredita que, por ora, o status de principal moeda de reserva global não está definitivamente comprometido. 

“A chave estará na capacidade dos EUA de reconstruírem a previsibilidade de sua condução econômica, reforçarem suas instituições e continuarem oferecendo retornos atrativos em relação ao restante do mundo — elementos essenciais para restaurar a confiança em seus ativos”, avalia Spiess. 

Com isso em mente, Spiess segue recomendando uma alocação entre 15% e 30% do portfólio no exterior.

“Essa exposição deve incluir ativos denominados em dólar, naturalmente, mas sem desprezar outras moedas fortes, como o euro. É importante lembrar que investir em moedas fortes não significa simplesmente comprar moeda estrangeira, mas, sim, adquirir ativos sólidos lastreados nelas — ações, títulos de renda fixa, fundos ou ETFs. Como sempre, esse movimento deve ser feito com o devido dimensionamento das posições”, conclui Spiess.  

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Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, estagia em redação no site da Empiricus.