Imagem: iStock/ Galeanu Mihai
Na última sexta-feira (25), os principais índices acionários dos Estados Unidos renovaram suas máximas históricas. O S&P 500 fechou aos 6.388,64 pontos, enquanto o Nasdaq alcançou 21.108,32 pontos.
Os recordes foram impulsionados por uma nova leva de resultados positivos, principalmente das gigantes de tecnologia. Mas nem todos aceleram no mesmo ritmo.
Enquanto a corrida da inteligência artificial ganha força e move bilhões em investimentos, a Tesla (TSLA34) derrapa em meio à concorrência acirrada, queda de receita e um CEO distraído com a política.
No centésimo episódio do Empiricus Podca$t, os especialistas da casa analisaram os protagonistas de Wall Street e os rumos do mercado.
Big techs colocam mais ‘gás’ no trade de IA
A temporada de resultados do segundo trimestre começou com números sólidos. Segundo Larissa Quaresma, analista de ações e host do programa, “a surpresa positiva média é de 7% nos lucros, com crescimento de 9% em base anual”. O suficiente para sustentar os recordes da Nasdaq e do S&P.
Entre os destaques, a TSMC (TSMC34) impressionou com crescimento de 40% em receita e 60% no lucro, além de elevar suas projeções para o ano.
Para Enzo Pacheco, analista de ações internacionais, os números deram “mais gás ainda nessas últimas semanas para o AI trade” e reforça sua crença de que é “uma tese que vai ser vencedora pelos próximos cinco anos tranquilamente”.
O mesmo vale para a Alphabet (GOGL34), dona do Google, que teve crescimento de lucro por ação de 20% e receitas robustas com anúncios no YouTube na casa dos US$ 10 bilhões.
Apesar do susto inicial em torno de novos concorrentes como a OpenAI, a companhia vem reagindo com seu próprio sistema de inteligência artificial, o AI Overview, já utilizado por 2 bilhões de usuários.
Para Enzo, “é um case que o pessoal deixou muito de lado nessa dúvida do Chat GPT, mas ficou muito barato. Estava negociando 15 vezes lucro para 2025… para uma empresa desse porte, acho que a gente não tem como descartar a Alphabet no curto prazo”.
Além dos resultados operacionais, o aumento no investimento também reforça a confiança do mercado. O guidance de CAPEX da Alphabet subiu de US$ 75 bilhões para US$ 85 bilhões.
Essa cadeia de aumento de investimentos alimenta diretamente os players de hardware.
“E quem se beneficia de tudo isso? As fabricantes de chips”, pontuou Enzo que complementa com otimismo em relação à NVIDIA (NVDC34):
“Cada vez que uma empresa dessa fala que vai aumentar o CAPEX, não tem outra fornecedora, a não ser a NVIDIA e alguma outra segunda ali, mas principalmente a NVIDIA. Então, firme e forte essa tese aí de IA. Sofre ali alguns percalços, mas, de novo, esse é algo que a gente vai ficar falando aí por muito tempo, nos próximos anos.”
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Elon Musk perdeu o foco?
Enquanto a inteligência artificial embala os lucros de algumas, a Tesla (TSLA34) pisa do freio. A empresa de Elon Musk reportou mais um trimestre fraco, com queda de 15% na receita, redução de margem e retração na geração de caixa.
Para Enzo, o resultado veio muito abaixo e o prognóstico não é favorável, conforme a competição com as montadoras chinesas aumenta em volume, preço e tecnologia:
“Os carros elétricos chineses estão vindo aí para todos os mercados. Lá na China, você tem problema de deflação, você tem 200 fabricantes de carro, todo mundo fabricando e ninguém comprando. Você tem que colocar o preço lá para baixo.”
João Piccioni, head da Empiricus Asset, aponta que o problema é ainda mais estrutural: “A realidade é que eu acho que a Tesla perdeu o passo do seu produto. O carro da Tesla é o mesmo faz 7 anos”.
E ele ainda vê reflexos da agenda política no desempenho do negócio:
“A realidade é que, ao sair da Tesla, no ano passado, para tentar ajudar a eleger o Trump, ele deixou a empresa de lado. A empresa ficou esperando os concorrentes andarem.”
Na visão dos analistas, manter a tese de Tesla hoje exige um salto de fé.
“Fica muito difícil você sustentar o valuation de Tesla hoje com a sua principal linha de negócios em uma competição muito grande e em plenas dificuldades. Então, por isso, eu tenho diversas ressalvas em relação à ação da Tesla hoje”, concluiu Enzo.
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Compra ou vende: dólar
Diante do contexto global, os analistas reforçaram uma convicção unânime no quadro “Compra ou Vende”: é hora de comprar dólar.
“Eu compro todos os dólares que aparecem na minha frente”, disse João, em referência à deterioração fiscal no Brasil e aos riscos externos. Larissa também endossou: “Eu compro, mas ainda não encho o carrinho”.
Já Matheus Spiess, analista de macroeconomia, foi mais direto:
“Tem uma certa complacência. Imagina se escala esse conflito. Imagina se dá chabu na precipitação eleitoral. Tem muita coisa que pode fazer o dólar subir para R$ 6.”
Entre os fatores que sustentam essa posição, estão:
- O risco da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, previsto para entrar em vigor no dia 1 de agosto;
- O cenário fiscal frágil no Brasil, com improvisos no orçamento e uso de receitas não recorrentes para tentar cumprir metas;
- A instabilidade política com o avanço do ciclo eleitoral de 2026.
O Podca$t é o programa semanal da Empiricus que analisa, sem rodeios, os temas mais quentes do mercado e seus desdobramentos para o investidor. Desde o lançamento, já acumula quase meio milhão de visualizações.
No episódio de número 100, o time de analistas vai a fundo na complexa relação econômica entre os Estados Unidos e o Brasil e as implicações das decisões fiscais recentes para a economia nacional.
Para conferir a análise completa, assista ao episódio no vídeo abaixo.