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Investimentos

Entre chips, juros e guerra, mercado segue otimista: Saiba o que chama a atenção dos investidores nesta quarta (26)

As ações relacionadas à inteligência artificial seguem impactando negativamente as bolsas americanas, enquanto novos dados econômicos indicam um corte de juros provável em breve. Leia mais.

Por Matheus Spiess

26 nov 2025, 09:39

Atualizado em 26 nov 2025, 09:39

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Imagem: iStock/ metamorworks

A Meta estuda investir bilhões de dólares para incorporar, a partir de 2027, os chips de inteligência artificial do Google — um movimento que reforça a posição competitiva da Alphabet e aumenta a pressão sobre a Nvidia, que passa a enfrentar concorrência mais direta para suas GPUs com o avanço dos TPUs do Google. Paralelamente, a combinação de dados mais fracos de emprego, vendas no varejo e confiança do consumidor elevou para quase 85% as apostas de que o Federal Reserve promoverá um novo corte de juros em dezembro. Esse cenário de possível flexibilização monetária sustentou o bom humor dos mercados globais, com altas nas bolsas dos EUA, do Brasil (sensíveis aos movimentos dos juros americanos), da Europa e da Ásia, e, no caso europeu, também influenciado pela expectativa em torno do orçamento britânico.

No âmbito geopolítico, as discussões sobre um eventual acordo de paz entre Rússia e Ucrânia ganharam tração, embora persistam divergências substanciais e os ataques russos continuem. O presidente Trump deve enviar um emissário para uma nova rodada de negociações, em tentativa de destravar avanços. No campo corporativo, a Dell se destacou ao revisar para cima suas projeções de receita, impulsionada pela demanda crescente por servidores de IA. Já o É possível lucrar com ações brasileiras? A equipe da Empiricus Research recomenda 10 ativos para que você possa buscar ganhos em diversos segmentos.segue pressionado por expectativas de excesso de oferta e pela possibilidade de um acordo de paz acelerar o alívio das sanções energéticas — ainda que registre um leve repique nesta manhã.

· 00:57 — Quando a inflação ajuda e a política atrapalha

Por aqui, o IPCA-15 de novembro — a prévia da inflação oficial — tende a reforçar as apostas já elevadas de que o Banco Central iniciará o ciclo de cortes da Selic em janeiro. A expectativa é de uma alta de 0,18% no mês, repetindo o ritmo de outubro, sustentada pela queda da gasolina e pela estabilidade nas tarifas de energia. Em 12 meses, o índice deve recuar de 4,94% para 4,49%, já abaixo do teto da meta. Um resultado em linha ou abaixo do projetado ajudaria a consolidar a leitura de que a inflação segue trajetória convergente — cenário que, combinado à desaceleração da atividade e à perspectiva de cortes de juros nas economias desenvolvidas, especialmente nos EUA, abre espaço para o início de um ciclo de flexibilização monetária no Brasil, com efeitos positivos para ativos de risco. O avanço desse processo, no entanto, continua condicionado ao quadro fiscal, que voltou a gerar ruído.

Nesse sentido, o Senado aprovou por unanimidade o projeto que cria a aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e profissionais de combate às endemias, que avançou apesar dos alertas da equipe econômica sobre seu impacto orçamentário. A votação é tratada como uma “pauta-bomba” e interpretada como reação à indicação de Jorge Messias ao STF, em meio ao desgaste crescente entre o Executivo e Davi Alcolumbre. A sabatina de Messias está prevista para a primeira metade de dezembro e pode resultar em rejeição, o que significaria mais uma derrota legislativa para um governo já politicamente fragilizado. Paralelamente, Alcolumbre pautou a análise dos vetos ao Licenciamento Ambiental e pode, junto de Hugo Motta, boicotar a cerimônia de sanção da isenção do Imposto de Renda. O clima em Brasília é de tensão crescente — e pouco colaborativo — a praticamente 10 meses do primeiro turno de 2026. Na agenda econômica, também serão divulgadas hoje as contas do Governo Central de outubro, enquanto a CAE inicia a leitura do relatório de Eduardo Braga sobre a tributação de bets e fintechs, em um cronograma legislativo cada vez mais apertado diante da quantidade de pautas pendentes e do conflito aberto entre os Poderes.

· 01:44 — Segue avançando

Apesar da queda de grandes nomes ligados à inteligência artificial — como AMD, Nvidia e Oracle — o mercado acionário americano avançou de forma consistente, sustentado pelo bom desempenho de setores cíclicos, especialmente construção civil e varejo, e pelo impacto positivo dos resultados robustos da Best Buy e de outras grandes redes. No pano de fundo macro, o Federal Reserve segue no centro das atenções: o governo Trump concluiu uma nova rodada de entrevistas para definir o próximo presidente da instituição, enquanto indicadores recentes — como o PPI e as vendas no varejo — apontam para um quadro de inflação mais moderada e de consumo ainda firme, embora com sinais iniciais de desaceleração. Já os indicadores de confiança do consumidor registraram piora expressiva, refletindo preocupações crescentes com mercado de trabalho e finanças pessoais, o que adiciona volatilidade.

Hoje, a divulgação do Livro Bege do Fed, dos pedidos semanais de auxílio-desemprego e do relatório de bens duráveis tende a orientar a percepção do mercado sobre atividade, em um ambiente ainda marcado pela limitação de dados após a paralisação do governo americano. Ao mesmo tempo, à medida que se aproxima a temporada de compras de fim de ano, pesquisas indicam que grande parte dos consumidores pretende manter seu nível de gastos, sugerindo que a piora do sentimento ainda não se converteu, na prática, em retração da demanda.

· 02:33 — Mudanças para o mercado de trabalho

A HP revisou para baixo sua expectativa de lucro e anunciou um plano de demissões significativo — até 6.000 colaboradores até 2028 — como parte de uma estratégia de modernização apoiada em ferramentas de inteligência artificial. A companhia estima que essa reorganização resulte em uma economia anual de aproximadamente US$ 1 bilhão, ainda que exija custos de reestruturação da ordem de US$ 650 milhões ao longo do processo. No mesmo cenário setorial, a Dell revisou para cima suas projeções para o segmento de servidores com IA, sustentada pelo forte crescimento dos data centers, enquanto a Nvidia enfrentou pressão sobre suas ações após os chips TPU do Google se consolidarem como um concorrente relevante para sua linha de processadores de IA. Esse conjunto de movimentos ilustra uma tendência mais ampla: a IA já funciona como ferramenta de eficiência operacional, um fenômeno que tende a se intensificar nos próximos anos, com impactos crescentes sobre a dinâmica do mercado de trabalho não apenas nos Estados Unidos, mas em escala global.

· 03:26 — Expansão da iniciativa

O Cazaquistão tornou-se o primeiro país do segundo mandato de Donald Trump a ingressar nos Acordos de Abraão, marcando a expansão inédita da iniciativa para além do Oriente Médio e do Norte da África e projetando-a agora sobre a Ásia Central. Diferentemente dos signatários anteriores, o país já mantinha relações diplomáticas formais com Israel desde 1992 — o que, em vez de representar a normalização de um relacionamento hostil, sinaliza a inclusão de um Estado muçulmano moderado de uma nova região na arquitetura de cooperação. Esse deslocamento geográfico reforça a influência dos EUA em uma área vinculada à esfera russa, ao mesmo tempo em que se apresenta como alternativa ao avanço da Iniciativa Cinturão e Rota da China.

Esse movimento também toca em um ponto sensível da política externa americana: a dificuldade histórica de formular uma resposta eficaz ao projeto de infraestrutura global liderado por Pequim. Embora os Estados Unidos não disputem com a China a capacidade de entregar obras físicas em larga escala, Washington e Israel detêm uma vantagem estrutural em campos de alta tecnologia, especialmente inteligência artificial. Assim, os Acordos de Abraão podem ganhar um novo escopo — deixando de ser apenas um instrumento diplomático regional e se tornando uma plataforma global de comércio, inovação e integração tecnológica. Para os países participantes, isso amplia oportunidades econômicas; para os EUA, oferece um instrumento adicional para reposicionar sua influência em regiões estratégicas do tabuleiro geopolítico.

· 04:15 — Um novo capítulo para Bezos

Jeff Bezos retomou um papel de liderança executiva ao tornar-se cofundador e co-CEO do Projeto Prometheus, uma startup de IA avaliada em US$ 6,2 bilhões e respaldada por um volume significativo de capital. A nova iniciativa tem como foco o desenvolvimento de “modelos do mundo real” — sistemas treinados não apenas em linguagem, mas também em inputs espaciais e conteúdos visuais, como vídeos, permitindo que a IA compreenda estruturas físicas e dinâmicas do ambiente. Essa abordagem amplia o alcance tecnológico para além dos LLMs tradicionais baseados exclusivamente em texto e abre caminho para avanços relevantes em áreas como robótica, engenharia, videogames e aplicações aeroespaciais. O movimento conversa diretamente com o histórico e os interesses de Bezos, tanto como fundador da Blue Origin quanto como investidor em tecnologias de manufatura de ponta.

A criação do Prometheus também aproxima Bezos da trajetória de Elon Musk, cuja xAI busca integrar inteligência artificial a veículos, sistemas robóticos e projetos espaciais. Ambos continuam expandindo seus ecossistemas tecnológicos em direções que se entrelaçam cada vez mais: enquanto Musk acelera iniciativas como o robô Optimus e o Cybercab por meio da Tesla e da SpaceX, Bezos aprofunda sua presença em mobilidade elétrica e exploração espacial. De um lado, Amazon e Blue Origin; do outro, Tesla, SpaceX e xAI — um arranjo que reforça uma rivalidade já conhecida, agora estendida ao emergente campo da inteligência artificial aplicada à indústria.

· 05:01 — Considerações do Investor Day

A Iguatemi realizou seu Investor Day logo após divulgar os resultados do terceiro trimestre de 2025, reforçando ao mercado a combinação de robustez operacional, disciplina estratégica e resiliência estrutural do seu portfólio. Os números vieram acima das expectativas, mesmo em um ambiente desafiador para o varejo. As vendas totais somaram R$ 6 bilhões (+22,5% a/a), o NOI atingiu R$ 298 milhões (+17,7% a/a) e a margem EBITDA ajustada ultrapassou 79%. A taxa de ocupação permaneceu em elevados 96,1%, enquanto a inadimplência seguiu em níveis historicamente reduzidos — evidências claras da qualidade dos ativos premium sob gestão.

Durante o encontro, a companhia detalhou…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.