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Investimentos

Expectativas para corte da Selic em janeiro crescem, assim como para fim do shutdown; veja os destaques do dia

Os mercados globais voltam a negociar com mais apetite a risco diante das projeções para o fim do shutdown nos EUA. Leia mais.

Por Matheus Spiess

12 nov 2025, 10:07

Atualizado em 12 nov 2025, 10:07

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Imagem: iStock/ niphon

As negociações para encerrar o shutdown nos EUA ganharam tração e voltaram a estimular o apetite por risco nos mercados globais. O avanço político reforça a expectativa de que o Federal Reserve possa cortar juros em dezembro, especialmente com a retomada dos indicadores econômicos que estavam represados pela paralisação do governo. No Brasil, o ambiente também ficou mais construtivo: a ata mais branda do Copom, combinada ao IPCA de outubro abaixo das projeções, reacendeu as chances de início do ciclo de cortes da Selic em janeiro. A agenda traz uma série de eventos, incluindo relatório da Opep, dados de serviços, discursos de dirigentes do Fed e balanços corporativos — com destaque para Banco do Brasil após o fechamento.

No exterior, o clima permanece positivo. As bolsas europeias avançam com a perspectiva de reabertura do governo americano, movimento que também guiou os pregões asiáticos, apesar da queda do SoftBank após vender integralmente sua participação na Nvidia para financiar seus investimentos em inteligência artificial. Em Nova York, os contratos futuros operam em alta à espera da votação final no Congresso. No mercado de commodities, o petróleo recua diante de sinais de oferta elevada, mas o fim da paralisação nos EUA pode estimular a demanda e limitar perdas. A volatilidade continua mais intensa nos setores de tecnologia e IA, após a saída do cientista-chefe de IA da Meta e novas quedas de empresas ligadas ao tema.

· 00:57 — A mais longa sequência de altas desde 1994

Por aqui, o ambiente segue favorável. A combinação entre uma inflação mais suave e uma ata do Copom com tom menos duro — como comentei ontem — forneceu combustível adicional ao mercado brasileiro. O Ibovespa engatou sua 15ª alta consecutiva, a maior sequência desde 1994, e alcançou também o 12º recorde seguido, encerrando acima de 157 mil pontos e superando 158 mil durante o pregão.

O IPCA de outubro avançou apenas 0,09%, acumulando 4,68% em 12 meses, resultado abaixo das expectativas e acompanhado por núcleos comportados. Esse alívio reforça a leitura de desinflação consistente e elevou a probabilidade de início do ciclo de cortes já em janeiro de 2026. Com isso, a curva de juros cedeu, beneficiando ativos domésticos. Ainda assim, o Banco Central mantém discurso de cautela: reconhece a melhora, mas insiste que o cenário segue desafiador, com mercado de trabalho resiliente, expectativas desancoradas e incerteza fiscal exigindo política contracionista por um período prolongado. Em outras palavras, se o fiscal fosse bom, os juros já estariam mais baixos. Mesmo assim, o processo de flexibilização deve começar gradualmente — e tende historicamente a ser subestimado pelo mercado, abrindo espaço para alta adicional dos ativos, ainda que com correções ao longo do caminho, o que é saudável para o movimento. A segunda etapa desse ciclo, capaz de levar a Selic a um dígito, só virá depois das eleições, dependendo da sinalização fiscal.

Nesse ponto, a ministra Simone Tebet afirmou acreditar que não haverá novos bloqueios de gastos no relatório bimestral, citando a boa performance das receitas e o “faseamento” do orçamento. Também indicou que o governo deve buscar, novamente, o piso da meta fiscal para 2026 — mesmo com os bilhões em exceções à regra fiscal.

No campo político, novos levantamentos da Paraná Pesquisa, Futura e Quaest reforçaram o recuo de popularidade do presidente após uma sequência negativa para o governo, sobretudo na pauta de segurança pública — favorável à oposição. A tendência deve se intensificar nos próximos meses. Inclusive, hoje deve ser votada na Câmara a nova versão do Marco Legal do Crime Organizado, relatada por Guilherme Derrite, secretário de Segurança de São Paulo licenciado. Uma candidatura com um plano robusto e coerente nessa área será altamente competitiva no ano que vem.

· 01:49 — Shutdown no fim de mercado de trabalho mais fraco

O pregão desta terça-feira (11) foi marcado por alta generalizada nas bolsas americanas. O movimento refletiu o otimismo dos investidores diante da perspectiva de encerramento da paralisação do governo dos EUA, que já completa 43 dias. A expectativa é que a Câmara aprove ainda hoje o pacote de gastos aprovado no Senado, permitindo a reabertura completa do governo e o envio do texto para assinatura do presidente Trump. A reação dos mercados foi imediata: o Dow avançou 1,2% e registrou sua 16ª máxima de fechamento no ano, enquanto o S&P 500 subiu 0,2%. Também chamou atenção a rotação setorial: ações defensivas, de dividendos e baixa volatilidade tiveram desempenho forte, ao passo que papéis de crescimento ficaram para trás.

O segmento de inteligência artificial, em particular, enfrentou um dia negativo, apesar de resultados operacionais positivos de algumas companhias. Paralelamente, novos sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho americano vieram à tona: empresas eliminaram, em média, mais de 11 mil vagas por semana em outubro, e os anúncios de demissões atingiram o maior nível para o mês em mais de duas décadas. Nesse cenário, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve poderá promover novos cortes de juros, especialmente com a possibilidade de estímulos fiscais adicionais em 2026. Ainda assim, a combinação de desaceleração econômica e realização de lucros deve manter a volatilidade elevada entre as empresas mais expostas ao tema de IA.

· 02:36 — Cuidado com o argumento

Muitos contestam a leitura de que já exista uma “bolha de IA” apenas porque a OpenAI teria dificuldade para justificar um volume de investimentos estimado em US$ 1,4 trilhão ao longo dos próximos anos. Esse argumento é raso. Primeiro, porque nenhum desses gastos foi efetivamente realizado; segundo, porque eles serão inevitavelmente limitados por fatores concretos, como disponibilidade de energia e capacidade física de data centers — restrições que freiam qualquer expansão exagerada. Além disso, o ciclo atual não é liderado por startups frágeis ou empresas dependentes de capital especulativo, mas por gigantes altamente rentáveis como Google, Microsoft, Amazon, Meta e outras big techs. Para essas companhias, investir em infraestrutura de IA é ao mesmo tempo uma necessidade estratégica e um movimento defensivo — proteger negócios bilionários de buscadores, computação em nuvem e publicidade.

Por outro lado, o mercado já embutiu parte relevante desse otimismo nos preços. Somente a expectativa de investimentos futuros da OpenAI foi suficiente para impulsionar ações como Amazon, Broadcom, AMD e Oracle nos últimos meses. Em outras palavras, embora o ChatGPT tenha sido o gatilho simbólico do boom, o ciclo de investimentos depende de empresas muito robustas e com capacidade real de financiar esse movimento. Ainda assim, se os compromissos anunciados não se confirmarem ou forem adiados, parte dessa valorização pode se ajustar, trazendo algum respaldo para quem argumenta que determinados papéis negociam acima do nível razoável.

· 03:24 — Acordo no horizonte antes das eleições

Os EUA e a Índia caminham para um acordo comercial após meses de atrito. O presidente Donald Trump sinalizou a intenção de reduzir tarifas, destacando que as importações indianas de petróleo russo vêm diminuindo nas últimas semanas. As tarifas foram inicialmente impostas — e posteriormente elevadas para 50% — quando Nova Délhi se recusou a interromper a compra de petróleo bruto da Rússia. Agora, com a queda dessas compras e a chegada do novo embaixador norte-americano, Sergio Gor, o clima voltou a ser construtivo, abrindo espaço para um entendimento.

A relação entre Trump e o primeiro-ministro Narendra Modi já foi bastante estreita durante o primeiro mandato do republicano, mas se deteriorou após divergências diplomáticas e a escalada da guerra tarifária. O impacto foi significativo: as exportações indianas para os EUA — seu principal mercado externo — recuaram de forma expressiva, pressionando a economia local e ampliando o déficit comercial. A mudança recente de postura, somada ao cumprimento gradual das novas sanções ao petróleo russo, coloca um acordo comercial novamente no horizonte. Ainda assim, um eventual acerto não elimina completamente as fricções acumuladas nos últimos meses; apenas cria um ambiente político-econômico mais favorável para reconstruir a relação bilateral.

Paralelamente, Modi enfrenta um teste doméstico relevante. O estado de Bihar, o mais populoso entre os mais pobres da Índia, realiza eleições locais que tendem a servir como termômetro político para o governo. A oposição, apoiada pelo Partido do Congresso, ganhou tração ao focar em programas sociais e no eleitorado feminino — hoje um bloco decisivo no país. Uma eventual derrota seria um sinal negativo para o BJP em um momento em que o primeiro-ministro já lida com pressões econômicas decorrentes das tarifas americanas e do impacto das sanções ao petróleo russo. 

· 04:18 — A desvalorização do iene

O governo japonês voltou a manifestar preocupação com o ritmo acelerado de desvalorização do iene, que se aproxima do patamar de 155 por dólar. Em discurso no parlamento, a ministra das Finanças destacou que a moeda tem registrado movimentos “unilaterais e rápidos”, indicando que os efeitos negativos de um câmbio mais fraco já começam a se materializar. O governo segue afirmando que monitora qualquer flutuação excessiva ou desordenada, declaração que reacendeu as especulações sobre uma eventual intervenção direta no mercado — mecanismo utilizado pela última vez em julho do ano passado, quando o iene estava próximo de 160 por dólar.

A pressão cambial recente ocorre, em grande parte, devido à postura mais flexível do Banco do Japão, que tem evitado elevar os juros de modo decidido. Com a nova primeira-ministra, Sanae Takaichi, adotando uma agenda voltada à expansão, ganham força as expectativas de manutenção de juros baixos, o que reduz o atrativo do iene e amplia a desvalorização. Diante disso, o mercado agora busca entender qual o limite de tolerância do governo antes de uma eventual ação para conter a queda da moeda.

· 05:03 — Adoção institucional

Muito tem se falado que 2025 marca o “ano da adoção institucional” das criptomoedas. Esse movimento decorre, sobretudo, da mudança no ambiente regulatório dos Estados Unidos durante o governo Trump 2.0, que tornou as regras mais claras e previsíveis para bancos, gestoras e grandes instituições – agentes que, por natureza, costumam ser avessos à experimentação e ao risco. Com um arcabouço regulatório mais definido, o mercado tradicional passou a incorporar cripto de forma mais estruturada, reduzindo barreiras operacionais e jurídicas que antes dificultavam essa integração.

O avanço mais importante desse processo ocorreu em julho, quando…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.