Investimentos

Felipe Miranda acredita que há espaço para o dólar cair ainda mais e movimento pode durar ‘vários anos’; entenda análise 

CIO da Empiricus comenta sobre a queda do dólar, Ibovespa próximo da máxima histórica e se a IA substituirá os analistas e as casas de research.

Por Maisa Leme

07 jul 2025, 15:40 - atualizado em 17 jul 2025, 16:23

sp 500 bolsa americana queda eua baixa dólar

Imagem: iStock.com/mphillips007

O dólar continuará caindo? Até quando o ambiente para o Ibovespa próximo às máximas históricas se sustentará? A inteligência artificial substituirá assessores de investimento e casas de research?

Felipe Miranda abordou os assuntos mais relevantes da última semana durante mais um episódio do Blink!, programa semanal em que o CIO da Empiricus responde às dúvidas dos assinantes. 

Confira abaixo algumas das perguntas e respostas:

O que achou da queda do dólar? Ainda tem espaço para cair mais?

Felipe Miranda: “O dólar tem se enfraquecido no mundo com o questionamento sobre o excepcionalismo americano e a trajetória da dívida ruim nos EUA. Eu acho que teria espaço para cair mais, sim. 

Inclusive, esses ciclos em favor e desfavor do dólar costumam ser seculares e durar vários anos, não acho que seriam só seis meses. Mas o cemitério da reputação dos economistas é o dólar. Deve haver muito cuidado para projetar a taxa de câmbio, porque a chance de erro é grande. 

Tem espaço e fundamento [para a queda], tem gente esperando, como o Goldman Sachs. Mas tem que sempre tomar cuidado.”

O Ibovespa está próximo às máximas históricas. Até quando o cenário positivo se sustenta?

FM: “Está na máxima histórica nominal, isso não quer dizer nada. As ações têm que estar na máxima, porque o lucro vai andando com a inflação – deveria pelo menos – e aí o valor de mercado também deveria subir. 

Se uma caneca custasse R$ 10 há 10 anos e custasse o mesmo valor hoje, não seria o mesmo preço. Ela deveria ter acompanhado a inflação, mesma coisa para o Ibovespa. A tendência é as coisas estarem na máxima mesmo. 

Acho que o cenário positivo se sustenta, temos uma chance de um cenário secular positivo, com esse dinheiro vindo para os mercados emergentes depois de 15 anos ruins e a possibilidade de queda da taxa de juro no Brasil em 2026. E há a possibilidade de uma mudança do pêndulo de economia política, eventualmente para um governo mais fiscalista

Então, teria um 2025 que tem sido bom, 2026 com um rally eleitoral, quatro anos de um governo reformista, mais quatro com uma reeleição. Imagina ter 10 anos bons de Brasil?  Foram 18 anos de PT em 24 possíveis. Por que não poderia ter 10 anos de centro-direita? É normal.

Depois volta PT de novo, também não vamos nos iludir, achar que vai virar Suíça. Mas a última vez que tivemos um ciclo de 8 anos nessa direção correta, apropriada, foi com o Fernando Henrique. O Lula até deu sequência no Lula 1 e depois já em 2006 começou a plantar as sementinhas do mal.”

A inteligência artificial vai substituir os assessores e as casas de research?

FM: “Como uma necessidade de adaptação, como houve ao longo dos anos. Uns adotam o Bloomberg, não é que o Bloomberg substitui o analista, é sempre essa combinação do analista com um bom sistema. O que eu acho é que os analistas vão poder acessar técnicas, instrumentos e ferramentas ainda maiores. Sofistica-se ainda mais a análise. 

Então, o espaço para arbitragem deveria reduzir. A IA é em prol de uma redução da assimetria informacional.” 

Sobre o autor

Maisa Leme

Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, estagia em redação no site da Empiricus.