Na última quarta-feira (23), o Ibovespa – principal índice de desempenho das ações na bolsa brasileira – ensaiou uma recuperação em uma semana com números negativos. No entanto, o índice voltou a cair no pregão desta quinta-feira (24). O que aconteceu?
Segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus, a breve recuperação decorreu da movimentação em torno de um possível acordo entre a União Europeia e os EUA, pois fez com que investidores acreditassem que o mesmo poderia acontecer com o Brasil.
Porém, o otimismo com o Ibovespa durou pouco. Segundo Hungria, o mercado percebeu que a alta foi um “otimismo exacerbado”, já que nas negociações brasileiras há questões que vão “além da UE”.
Como o acordo entre a União Europeia e os EUA pode afetar o Ibovespa?
O modus operandi de Donald Trump em relação a tarifação não é mais surpresa. Na perspectiva do analista, o mercado parece ter entendido que se trata de um jogo de negociação, e o grande desafio é que o player americano entre para o debate.
Na noite de quarta-feira (23), quando Trump afirmou que países que “não têm se dado bem” com os EUA teriam tarifas de 50%, soou como um banho de água fria para os investidores locais, que esperavam um desfecho parecido com o que ocorreu com a União Europeia.
“A UE tem as tratativas econômicas, enquanto no Brasil há outras questões envolvendo política. Trump mencionou muito Jair Bolsonaro nas últimas declarações. Então, as negociações aqui realmente parecem mais difíceis”, afirma o analista.
Outros fatores que podem ter influenciado na movimentação do índice
Hungria também chama atenção para a aproximação do dia 1º de agosto, data estimada para que as tarifas sejam colocadas em prática. O analista comenta 3 possíveis cenários do que pode acontecer até lá:
- Um acordo ser fechado;
- As tarifas serem reduzidas; ou
- Uma postergação para novas negociações.
Além das incertezas relacionadas às tarifas, outro fator que tem causado volatilidade no momento é a temporada de resultados do 2T25, em que parte dos resultados vieram abaixo das expectativas.
“Entendo que a queda de hoje é ruim, mas é consequência da alta de ontem que talvez tenha sido exagerada”, conclui Hungria.
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