Imagem: iStock/ Dilok Klaisataporn
Os mercados globais iniciaram a semana em tom positivo, com destaque para os futuros de ações nos EUA, que avançaram após novos recordes do S&P 500 e do Nasdaq na véspera. O otimismo é sustentado principalmente pela expectativa de que o Federal Reserve anuncie, na quarta-feira, o primeiro corte de juros em nove meses — um movimento de 25 pontos-base já amplamente precificado. O entusiasmo também se apoia em avanços nas negociações comerciais entre EUA e China e no bom desempenho de setores como energia e materiais, beneficiados pela alta das commodities. Ainda assim, o foco dos investidores está menos no corte em si e mais nos sinais que Jerome Powell trará sobre o ritmo de flexibilização até 2026, já que o mercado precifica mais de 1 ponto percentual em cortes cumulativos.
Enquanto isso, os reflexos se espalham para outras regiões. Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em alta, acompanhando o humor positivo de Wall Street, com exceção de Hong Kong. Já na Europa, o tom foi mais cauteloso: os índices recuaram levemente, pressionados por dados econômicos mistos e pela proximidade das decisões do Banco da Inglaterra e do próprio Fed. O mercado britânico, em especial, aguarda sinais sobre o rumo da política monetária, diante de uma inflação ainda elevada e de um mercado de trabalho em enfraquecimento. No pano de fundo, a questão geopolítica permanece presente, com investigações regulatórias na China envolvendo a Nvidia e a visita de Donald Trump ao Reino Unido, adicionando mais nuances à semana já marcada pela “Super Quarta” para os bancos centrais.
· 00:57 — Mercado entre a ameaça de porrete e a promessa de afago
No Brasil, os ativos domésticos seguem em campo favorável, amparados pela expectativa de corte de juros nos Estados Unidos e pelo diferencial ainda elevado da Selic, que mantém atrativo o “carry trade” da moeda local. Essa combinação, somada a valuations descontados e a um posicionamento técnico leve (os investidores não estão posicionados), reforça a tese de fortalecimento do real frente ao dólar. E há mais elementos nessa equação: o mercado ainda não precificou por completo a possibilidade de um corte antecipado da Selic pelo Banco Central — talvez já em dezembro, a depender da evolução dos dados —, além do chamado “rali eleitoral”, que, como temos defendido desde o início do ano, já começou a influenciar preços, refletindo uma antecipação do debate político. Assim, a semana abriu em tom positivo, com o Ibovespa renovando máximas de fechamento, aos 143.546 pontos, com nova máxima intradiária, e o dólar atingindo o menor nível em 15 meses, cotado a R$ 5,32.
A atenção de curto prazo se volta agora para os indicadores de emprego: a taxa de desemprego pode recuar para 5,7% no trimestre até julho, após os 5,8% registrados até junho. Se confirmado, será a quarta queda consecutiva em 2025, refletindo a resiliência da atividade doméstica. Ainda assim, números piores do que o esperado dialogariam com sinais já observados de desaceleração, que ainda não se refletiram no mercado de trabalho — normalmente considerado um indicador defasado. Ontem, por exemplo, o IBC-Br de julho registrou queda mais acentuada que o previsto, de 0,53% frente à expectativa de -0,20%, sugerindo um fim de ano mais fraco em termos de atividade. Isso mostra que a política monetária começa a surtir efeito, apesar da eficácia reduzida pelos estímulos anticíclicos do governo. Na reunião desta semana, dificilmente o BC sinalizará cortes, mas a combinação de atividade em desaceleração, inflação em trajetória de convergência e um Fed já em ciclo de flexibilização pode abrir espaço para início do corte da Selic em dezembro. No radar de riscos, permanece a possibilidade de novas medidas punitivas contra o Brasil pelo governo americano, em resposta à condenação de Jair Bolsonaro. O secretário de Estado, Marco Rubio, já antecipou que haverá retaliações — quanto mais direcionadas a indivíduos e não à economia como um todo, menor tende a ser o impacto sobre os ativos locais.
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· 01:44 — Em compasso de espera, mas com viés otimista
Os mercados americanos começaram a semana em clima de otimismo, sustentados pela expectativa de que o Federal Reserve anuncie um corte de 25 pontos-base em sua reunião de quarta-feira. O S&P 500 subiu 0,5%, enquanto o Nasdaq Composite avançou 0,9%, marcando seus 25º e 26º recordes do ano, respectivamente — com destaque para o melhor desempenho em setembro nos últimos 15 anos no índice de tecnologia. O movimento foi liderado pelas chamadas “Sete Magníficas”, embora a Nvidia tenha recuado após ser acusada pela China de práticas anticompetitivas. Nesse contexto, ganha força o debate sobre a possibilidade de um típico cenário de “comprar no boato e vender no fato”, que destaquei ontem: como o corte já está precificado, qualquer eventual frustração no tom poderia desencadear reação negativa nos ativos.
O consenso predominante é de que o Fed fará um corte moderado, mas a atenção do mercado estará concentrada menos na decisão em si e mais na comunicação de Jerome Powell, no gráfico de pontos atualizado dentro do Sumário de Projeções Econômicas e nas indicações sobre o ritmo dos cortes ao longo de 2025 e 2026. Se a flexibilização monetária for confirmada, a magnitude da reação nos preços dependerá do tom da mensagem transmitida pela instituição quanto aos próximos passos. Paralelamente, investidores seguem atentos a indicadores relevantes desta semana, como as vendas no varejo de agosto — projetadas para avançar 0,2% na comparação mensal — e o Índice do Mercado Imobiliário, com leitura prevista em 33, ainda apontando pessimismo entre as construtoras. Esses dados, combinados com um consumo que segue resiliente, serão fundamentais para calibrar a leitura sobre a real força da economia americana e o espaço disponível para cortes adicionais de juros.
· 02:39 — A definição para a reunião
Os tribunais americanos decidiram, na noite de ontem (15), que a governadora Lisa Cook permanecerá no Federal Reserve e participará normalmente da reunião de política monetária desta semana. A decisão veio do Tribunal de Apelações em Washington, que, por 2 votos a 1, suspendeu temporariamente a tentativa do presidente Donald Trump de removê-la do cargo. Com isso, Cook seguirá exercendo suas funções enquanto o processo judicial ainda tramita, em uma derrota relevante para a Casa Branca justamente às vésperas do encontro do Fed. Em paralelo, o Senado aprovou a nomeação de Stephen Miran — até então presidente do Conselho de Assessores Econômicos de Trump — para compor o colegiado do banco central, movimento que amplia a presença e a influência política do governo sobre a autoridade monetária.
Apesar desse embate institucional, o mercado mantém a leitura de que o Fed deve anunciar nesta quarta-feira um corte de 25 pontos-base, em linha com o que já vinha sendo precificado. O foco, portanto, não está na decisão imediata, mas nas consequências de médio e longo prazo: tanto para a condução da política monetária quanto para a percepção de independência da instituição. A confirmação simultânea de Lisa Cook e Stephen Miran reforça o caráter politizado do atual debate em torno do Fed, evidenciando a tensão crescente entre a Casa Branca e o banco central em um momento em que a credibilidade da autoridade monetária é peça-chave para sustentar a confiança dos investidores e a estabilidade do sistema financeiro em nível global.
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· 03:25 — Um acordo preliminar
Os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo preliminar que permite a continuidade do TikTok em território americano, evitando, ao menos por ora, a ameaça de banimento sob alegações de segurança nacional. O prazo dado à ByteDance, controladora chinesa do aplicativo, para transferir a propriedade de suas operações nos EUA vence em 17 de setembro, mas deve ser novamente prorrogado para ajustes finais. Fontes indicam que o grupo comprador poderá ser liderado por Larry Ellison, da Oracle, a quem Donald Trump já havia atribuído papel central na gestão do TikTok no país. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou que um entendimento já foi alcançado, após rodadas de negociações em Madri, e que os detalhes devem ser definidos em encontro direto entre Trump e Xi Jinping na sexta-feira (19/9).
Apesar do alívio momentâneo em torno do futuro do aplicativo, o pano de fundo das tensões comerciais continua pressionando a relação bilateral. Washington adicionou 23 empresas chinesas à sua lista de restrições, enquanto Pequim retaliou abrindo investigações contra o setor americano de semicondutores. Questões sensíveis como restrição às exportações de terras raras e a suspensão das compras chinesas de soja americana seguem como pontos de atrito e devem estar na pauta de um possível acordo mais amplo. A expectativa é de que novas rodadas de diálogo ocorram no fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na Coreia do Sul, em outubro, mantendo o TikTok como símbolo de uma disputa maior entre as duas maiores economias do mundo — que vai muito além da tecnologia, diga-se de passagem.
· 04:13 — Pressão sobre aliados
Os Estados Unidos pretendem endurecer o cerco contra Moscou e, para isso, pressionarão seus aliados do G-7 a adotar medidas mais severas. Entre as propostas em discussão, está a imposição de tarifas de até 100% sobre Índia e China, em função da continuidade de suas compras de petróleo russo. O objetivo é explícito: elevar o custo econômico da guerra para Vladimir Putin e forçá-lo a negociar um cessar-fogo na Ucrânia. Paralelamente, Washington defende a criação de mecanismos legais que permitam confiscar ativos soberanos russos congelados — hoje avaliados em aproximadamente US$ 300 bilhões, a maior parte deles mantida na Europa —, destinando tais recursos diretamente ao financiamento da defesa ucraniana. A proposta não descarta, inclusive, a possibilidade de confisco gradual desses ativos, como forma de aumentar a pressão diplomática e financeira sobre Moscou.
O presidente Donald Trump reforçou essa guinada de tom ao afirmar que sua paciência com Putin está se esgotando rapidamente, e sugeriu que novas sanções podem se estender também ao sistema bancário russo. Contudo, deixou claro que medidas adicionais contra Índia e China só avançarão se houver alinhamento da União Europeia, em um esforço para evitar perdas de competitividade entre aliados. O Canadá, que ocupa atualmente a presidência rotativa do G-7, já convocou uma reunião extraordinária dos ministros das Finanças para debater a pauta. A unidade do bloco europeu, entretanto, está longe de ser garantida: países como a Hungria continuam resistentes a sanções mais duras sobre o setor energético, o que pode limitar o alcance efetivo das novas medidas. Esse recrudescimento das tensões geopolíticas e comerciais, se avançar, tende a repercutir diretamente no humor dos mercados.
· 05:02 — Quais são os planos?
Nos últimos dias, tanto Petrobras quanto Vale deram sinais claros de maior disciplina de capital ao revisarem seus planos de investimento. No caso da petroleira, ganhou força a notícia de que o novo Plano Estratégico 2026-2030 pode trazer uma redução de cerca de US$ 8 bilhões em dispêndios, como resposta à queda do preço do petróleo. Ainda não está totalmente definido se a economia virá de cortes de custos, de redução de investimentos ou de ambos, mas, se confirmada, a medida tende a fortalecer a geração de caixa e a melhorar as perspectivas de retorno aos acionistas. O ajuste parece natural: quando o plano anterior foi divulgado, o barril de Brent girava em torno de US$ 83, o que permitia à companhia adotar critérios menos rígidos de rentabilidade para novos projetos. Agora, com a cotação próxima de US$ 65 e o fluxo de caixa sob maior pressão, torna-se necessária uma abordagem mais seletiva, sobretudo em projetos considerados non-core, que já estavam sob avaliação mais criteriosa.
A Vale, por sua vez…