Imagem: iStock/ Daniele Mezzadri
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o dado oficial de inflação do Brasil, foi de -0,11% em agosto, uma desaceleração relevante em relação à alta de 0,26% em julho. O número veio de acordo com as expectativas dos analistas da Empiricus Research.
A analista de renda fixa e fundos de investimento da casa, Laís Costa, explica que houve uma deflação muito forte nos custos de Habitação, pela incorporação do Bônus de Itaipu – benefício que estabelece um desconto nas contas de energia das classes residencial e rural com consumo menor que 350 kWh, pela produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Ao todo, o grupo Habitação saiu de um aumento de 0,91% em julho para uma queda de 0,90% em agosto.
Destaques do IPCA de agosto
Junto com Habitação, os preços de Alimentação e bebidas também refletiram uma queda interessante.
“Em alimentos, vimos os produtos in natura indo para baixo. O café também, que foi uma estrela durante o ano, já está em sua segunda leitura consecutiva de deflação e achamos que deve seguir caindo, assim como o preço de carnes. Essa parte de commodities é muito cíclica, então é esperado que continue para baixo”, comenta Costa.
Na ponta inflacionária, a analista destaca que nos bens semiduráveis, Vestuário chamou atenção. “Os números tinham vindo muito baixos na leitura anterior, até abaixo da sazonalidade, agora devolveu a deflação vista e veio bastante acima do esperado – o que foi parte da surpresa nas projeções”, afirma.
Outro ponto relevante foi o núcleo de serviços, o principal analisado pelo Banco Central na hora de tomar a decisão sobre a política monetária. Costa chama atenção para o resultado nos serviços intensivos de mão de obra, cujos números vieram pressionados.
“Isso é muito ruim. A despeito de termos uma deflação, o qualitativo incomoda e foi o que guiou o mercado em reação após o indicador. Costureira, fisioterapeuta, psicólogo, várias linhas estão puxando bastante para cima. Olhando nossas métricas, houve um salto muito forte nos serviços intensivos de mão de obra, o que faz com que o mercado reaja muito pior”, afirma Costa.
Nesta toada, a analista enxerga que o mercado está bem posicionado para uma queda de juros no final do ano ou em janeiro e que isso já está sendo precificado nos ativos, mas que estas métricas ainda incomodam a leitura financeira.
“Por isso o mercado não coloca tantos cortes na curva, a despeito de termos um juro elevadíssimo, de 15%”, disse.
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