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A liquidez permanece reduzida nesta Black Friday, com Wall Street operando em horário encurtado e sem a divulgação de indicadores relevantes nos EUA — combinação que limita o apetite por risco após o feriado de Ação de Graças.
Na China, o setor imobiliário voltou ao centro das preocupações, com nova pressão sobre os títulos da Vanke e risco crescente de contágio.
Na Europa, os dados preliminares de inflação de novembro vieram benignos, enquanto as bolsas operam de forma mista; na Ásia, o pregão também foi dividido, com investidores monitorando a possibilidade de um corte de juros pelo Fed em dezembro.
No mercado de commodities, o Brent oscila levemente em meio às negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e à expectativa pela reunião da OPEP+.
No campo estrutural, a preocupação de que o intenso ciclo de investimentos em inteligência artificial — impulsionado por gigantes da tecnologia — ainda possa gerar pressões de custos e depreciação, dada a vida útil curta das GPUs.
· 00:53 — CAGED fraco, fiscal pior — e o Copom observando tudo
No Brasil, o Ibovespa encerrou o pregão de ontem praticamente estável, ainda acima dos 158 mil pontos, em um dia de liquidez limitada pelo feriado nos Estados Unidos.
O mercado reagiu ao enfraquecimento do emprego formal em outubro, que reforçou as apostas de corte da Selic em janeiro. O CAGED mostrou a pior geração líquida de vagas para o mês desde 2020, com desaceleração disseminada entre os setores — um sinal de moderação cíclica, embora ainda distante de qualquer cenário recessivo.
O quadro sugere uma economia que perde fôlego gradualmente, abrindo espaço para que o Banco Central possa calibrar o início do ciclo de flexibilização monetária. Nesse sentido, a taxa de desemprego da PNAD Contínua, divulgada hoje, tende a confirmar um mercado de trabalho ainda apertado, mas não deve alterar as chances para o Copom de janeiro, mesmo diante da manutenção do tom duro de Galípolo.
Além dos dados de emprego, o resultado fiscal consolidado de outubro também está no radar. Vale lembrar: os juros permanecem elevados no Brasil principalmente pela ausência de uma âncora fiscal — na falta dela, a política monetária precisa compensar.
Os números recentes evidenciam o desequilíbrio: as despesas avançaram mais que o dobro, 9,2% no segundo semestre. No acumulado do ano, o gasto real cresce 3,3%, acima do limite de 2,5% do arcabouço fiscal.
A solução estrutural, porém, ficou para 2027, após as eleições, deixando o caminho até lá mais instável, sobretudo diante do desgaste político em Brasília. Ontem, o Congresso derrubou todos os 52 vetos ao Novo Licenciamento Ambiental, aprofundando o racha entre Senado e Executivo após a indicação de Jorge Messias ao STF. Alcolumbre também prometeu votar na próxima semana o projeto de lei Antifacção, aprovado na Câmara com mudanças articuladas pela oposição, frustrando a tentativa do governo de recuperar pontos do texto original.
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· 01:44 — Enfim, a famosa Black Friday
Os consumidores americanos entram na Black Friday gastando mais e poupando menos, sustentando a demanda mesmo com a alta de preços — de itens básicos, como bananas, até produtos duráveis, como equipamentos de áudio.
Parte dos descontos tende a ser mais tímida, já que varejistas buscam repassar custos ou reforçar margens sob a narrativa das tarifas. A data, que surgiu como referência a um colapso da bolsa em 1869 e só ganhou o sentido moderno nos anos 1980, tornou-se um megaciclo de consumo que inclui o Small Business Saturday, a Cyber Monday e os eventos próprios de gigantes do varejo, como o Prime Day.
No agregado, estima-se quase 187 milhões de consumidores atuando nesses cinco dias — embora o maior evento do mundo continue sendo o Dia dos Solteiros na China, que sozinho movimenta mais de US$ 150 bilhões, superando Black Friday e Prime Day somados.
· 02:31 — Desbravando fronteiras
O Arizona vem se firmando como um novo e estratégico polo de produção de semicondutores nos EUA. Desde 2020, o estado atraiu mais de 60 projetos relacionados ao setor, que somam mais de US$ 210 bilhões em investimentos anunciados e a previsão de cerca de 25 mil novos empregos.
Mas construir uma base industrial desse porte a partir do zero é uma tarefa complexa: a produção de insumos químicos exige até um ano adicional de testes, a cadeia de suprimentos local ainda está longe de ser completa, e empresas como a TSMC enfrentam custos maiores que o previsto, atrasos, escassez de mão de obra especializada e trâmites regulatórios extensos.
Para viabilizar suas operações em Phoenix, a TSMC chegou a investir US$ 35 milhões na contratação de especialistas dedicados a apoiar a elaboração de mais de 18 mil normas específicas para a indústria. Uma nova fronteira começa, enfim, a ser desbravada.
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· 03:26 — O pior conflito do mundo
A guerra civil no Sudão, frequentemente apontada como a mais devastadora do mundo, dá sinais de uma nova e grave escalada. As Forças de Apoio Rápido (RSF), já dominantes no oeste e no sul — regiões marcadas por acusações de massacres e atos de genocídio — tentam agora abrir uma frente adicional no leste, em direção a Kordofan.
Em três anos de conflito, o país vive uma tragédia humanitária de grandes proporções: mais de 13 milhões de pessoas foram deslocadas internamente e cerca de 4 milhões buscaram refúgio em nações vizinhas, enquanto estimativas apontam para até 400 mil mortos. Diante do agravamento, os EUA defendem um embargo internacional contra as RSF, mas sua efetividade é duvidosa, especialmente após o fracasso do cessar-fogo mediado por Washington, que se desfez em poucos dias.
· 04:15 — Nova rodada de estímulos
A China avalia uma nova rodada de estímulos para tentar estabilizar seu setor imobiliário, que vive uma crise prolongada e já se tornou um risco sistêmico para a economia do país. As medidas em estudo incluem subsídios nacionais para compradores de primeira moradia, isenções maiores de imposto de renda para mutuários e redução dos custos de transação — um pacote desenhado para reativar a demanda após quatro anos de recessão, forte desvalorização dos preços e um volume recorde de 3,5 trilhões de yuans em empréstimos inadimplentes. Embora as discussões ocorram desde o terceiro trimestre, ainda não há definição sobre o momento de implementação ou o tamanho final do programa.
Apesar de sucessivas flexibilizações adotadas nos últimos anos, o mercado imobiliário chinês permanece praticamente paralisado: preços de imóveis novos e usados seguem caindo, famílias continuam relutantes em assumir novas dívidas e o avanço do patrimônio líquido negativo aprofunda a perda de confiança entre compradores e incorporadoras. Nesse contexto, o governo enfrenta o desafio de sustentar um dos principais motores da economia sem sobrecarregar um sistema bancário já fragilizado por margens apertadas e níveis elevados de inadimplência — um equilíbrio delicado, mas decisivo para o rumo da economia chinesa.
· 05:09 — De volta aos 91 mil dólares
O Bitcoin, que alcançou sua máxima histórica de US$ 126 mil em outubro de 2025, atravessou uma correção de aproximadamente 30% em meio ao aumento das tensões macroeconômicas — como a retórica tarifária de Donald Trump e um Federal Reserve mais hawkish — e às realizações de lucro por investidores de longo prazo. Ainda assim, não vemos esse movimento como o início de um bear market estrutural, mas sim como uma oportunidade rara dentro de um ciclo ainda vigente. Três pilares sustentam essa leitura: o avanço regulatório nos Estados Unidos, a manutenção do fluxo institucional e o crescente peso geopolítico do universo cripto, especialmente via stablecoins. Além disso, a estatística é reveladora: desde 2023, apenas 0,5% dos dias apresentaram drawdowns dessa magnitude em relação à máxima, indicando um momento atípico e potencialmente estratégico para novos aportes. Tanto é assim que, nesta semana, o Bitcoin voltou a superar os US$ 91 mil, recuperando parte das perdas.
No front da institucionalização, a decisão de bancos, como o JPMorgan e outros, de aceitar Bitcoin (BTC) e Ether (ETH) como colateral em operações de crédito representa um marco…