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Investimentos

Mercado hoje: Black Friday e setor imobiliário na China são destaques em dia de liquidez reduzida

Wall Street opera em meio período nesta sexta-feira (28), o que limita o apetite por risco

Por Matheus Spiess

28 nov 2025, 10:07

Atualizado em 28 nov 2025, 10:07

black friday empiricus

Imagem: iStock/ MCCAIG

A liquidez permanece reduzida nesta Black Friday, com Wall Street operando em horário encurtado e sem a divulgação de indicadores relevantes nos EUA — combinação que limita o apetite por risco após o feriado de Ação de Graças.

Na China, o setor imobiliário voltou ao centro das preocupações, com nova pressão sobre os títulos da Vanke e risco crescente de contágio.

Na Europa, os dados preliminares de inflação de novembro vieram benignos, enquanto as bolsas operam de forma mista; na Ásia, o pregão também foi dividido, com investidores monitorando a possibilidade de um corte de juros pelo Fed em dezembro.

No mercado de commodities, o Brent oscila levemente em meio às negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e à expectativa pela reunião da OPEP+.

No campo estrutural, a preocupação de que o intenso ciclo de investimentos em inteligência artificial — impulsionado por gigantes da tecnologia — ainda possa gerar pressões de custos e depreciação, dada a vida útil curta das GPUs. 

· 00:53 — CAGED fraco, fiscal pior — e o Copom observando tudo

No Brasil, o Ibovespa encerrou o pregão de ontem praticamente estável, ainda acima dos 158 mil pontos, em um dia de liquidez limitada pelo feriado nos Estados Unidos.

O mercado reagiu ao enfraquecimento do emprego formal em outubro, que reforçou as apostas de corte da Selic em janeiro. O CAGED mostrou a pior geração líquida de vagas para o mês desde 2020, com desaceleração disseminada entre os setores — um sinal de moderação cíclica, embora ainda distante de qualquer cenário recessivo.

O quadro sugere uma economia que perde fôlego gradualmente, abrindo espaço para que o Banco Central possa calibrar o início do ciclo de flexibilização monetária. Nesse sentido, a taxa de desemprego da PNAD Contínua, divulgada hoje, tende a confirmar um mercado de trabalho ainda apertado, mas não deve alterar as chances para o Copom de janeiro, mesmo diante da manutenção do tom duro de Galípolo.

Além dos dados de emprego, o resultado fiscal consolidado de outubro também está no radar. Vale lembrar: os juros permanecem elevados no Brasil principalmente pela ausência de uma âncora fiscal — na falta dela, a política monetária precisa compensar.

Os números recentes evidenciam o desequilíbrio: as despesas avançaram mais que o dobro, 9,2% no segundo semestre. No acumulado do ano, o gasto real cresce 3,3%, acima do limite de 2,5% do arcabouço fiscal.

A solução estrutural, porém, ficou para 2027, após as eleições, deixando o caminho até lá mais instável, sobretudo diante do desgaste político em Brasília. Ontem, o Congresso derrubou todos os 52 vetos ao Novo Licenciamento Ambiental, aprofundando o racha entre Senado e Executivo após a indicação de Jorge Messias ao STF. Alcolumbre também prometeu votar na próxima semana o projeto de lei Antifacção, aprovado na Câmara com mudanças articuladas pela oposição, frustrando a tentativa do governo de recuperar pontos do texto original.

· 01:44 — Enfim, a famosa Black Friday

Os consumidores americanos entram na Black Friday gastando mais e poupando menos, sustentando a demanda mesmo com a alta de preços — de itens básicos, como bananas, até produtos duráveis, como equipamentos de áudio.

Parte dos descontos tende a ser mais tímida, já que varejistas buscam repassar custos ou reforçar margens sob a narrativa das tarifas. A data, que surgiu como referência a um colapso da bolsa em 1869 e só ganhou o sentido moderno nos anos 1980, tornou-se um megaciclo de consumo que inclui o Small Business Saturday, a Cyber Monday e os eventos próprios de gigantes do varejo, como o Prime Day.

No agregado, estima-se quase 187 milhões de consumidores atuando nesses cinco dias — embora o maior evento do mundo continue sendo o Dia dos Solteiros na China, que sozinho movimenta mais de US$ 150 bilhões, superando Black Friday e Prime Day somados.

· 02:31 — Desbravando fronteiras

O Arizona vem se firmando como um novo e estratégico polo de produção de semicondutores nos EUA. Desde 2020, o estado atraiu mais de 60 projetos relacionados ao setor, que somam mais de US$ 210 bilhões em investimentos anunciados e a previsão de cerca de 25 mil novos empregos.

Mas construir uma base industrial desse porte a partir do zero é uma tarefa complexa: a produção de insumos químicos exige até um ano adicional de testes, a cadeia de suprimentos local ainda está longe de ser completa, e empresas como a TSMC enfrentam custos maiores que o previsto, atrasos, escassez de mão de obra especializada e trâmites regulatórios extensos.

Para viabilizar suas operações em Phoenix, a TSMC chegou a investir US$ 35 milhões na contratação de especialistas dedicados a apoiar a elaboração de mais de 18 mil normas específicas para a indústria. Uma nova fronteira começa, enfim, a ser desbravada.

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· 03:26 — O pior conflito do mundo

A guerra civil no Sudão, frequentemente apontada como a mais devastadora do mundo, dá sinais de uma nova e grave escalada. As Forças de Apoio Rápido (RSF), já dominantes no oeste e no sul — regiões marcadas por acusações de massacres e atos de genocídio — tentam agora abrir uma frente adicional no leste, em direção a Kordofan.

Em três anos de conflito, o país vive uma tragédia humanitária de grandes proporções: mais de 13 milhões de pessoas foram deslocadas internamente e cerca de 4 milhões buscaram refúgio em nações vizinhas, enquanto estimativas apontam para até 400 mil mortos. Diante do agravamento, os EUA defendem um embargo internacional contra as RSF, mas sua efetividade é duvidosa, especialmente após o fracasso do cessar-fogo mediado por Washington, que se desfez em poucos dias.

· 04:15 — Nova rodada de estímulos

A China avalia uma nova rodada de estímulos para tentar estabilizar seu setor imobiliário, que vive uma crise prolongada e já se tornou um risco sistêmico para a economia do país. As medidas em estudo incluem subsídios nacionais para compradores de primeira moradia, isenções maiores de imposto de renda para mutuários e redução dos custos de transação — um pacote desenhado para reativar a demanda após quatro anos de recessão, forte desvalorização dos preços e um volume recorde de 3,5 trilhões de yuans em empréstimos inadimplentes. Embora as discussões ocorram desde o terceiro trimestre, ainda não há definição sobre o momento de implementação ou o tamanho final do programa.

Apesar de sucessivas flexibilizações adotadas nos últimos anos, o mercado imobiliário chinês permanece praticamente paralisado: preços de imóveis novos e usados seguem caindo, famílias continuam relutantes em assumir novas dívidas e o avanço do patrimônio líquido negativo aprofunda a perda de confiança entre compradores e incorporadoras. Nesse contexto, o governo enfrenta o desafio de sustentar um dos principais motores da economia sem sobrecarregar um sistema bancário já fragilizado por margens apertadas e níveis elevados de inadimplência — um equilíbrio delicado, mas decisivo para o rumo da economia chinesa.

· 05:09 — De volta aos 91 mil dólares

O Bitcoin, que alcançou sua máxima histórica de US$ 126 mil em outubro de 2025, atravessou uma correção de aproximadamente 30% em meio ao aumento das tensões macroeconômicas — como a retórica tarifária de Donald Trump e um Federal Reserve mais hawkish — e às realizações de lucro por investidores de longo prazo. Ainda assim, não vemos esse movimento como o início de um bear market estrutural, mas sim como uma oportunidade rara dentro de um ciclo ainda vigente. Três pilares sustentam essa leitura: o avanço regulatório nos Estados Unidos, a manutenção do fluxo institucional e o crescente peso geopolítico do universo cripto, especialmente via stablecoins. Além disso, a estatística é reveladora: desde 2023, apenas 0,5% dos dias apresentaram drawdowns dessa magnitude em relação à máxima, indicando um momento atípico e potencialmente estratégico para novos aportes. Tanto é assim que, nesta semana, o Bitcoin voltou a superar os US$ 91 mil, recuperando parte das perdas.

No front da institucionalização, a decisão de bancos, como o JPMorgan e outros, de aceitar Bitcoin (BTC) e Ether (ETH) como colateral em operações de crédito representa um marco…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.