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Investimentos

Netflix (NFLX34) reporta ótimos números do 1T24, mas o mercado não gostou do que vem por aí

Nem o fim do compartilhamento de senhas e a adição de assinatura com publicidade impediu o crescimento do número de usuários da Netflix; confira

Por Enzo Pacheco, CFA

19 abr 2024, 08:43

Atualizado em 19 abr 2024, 09:18

Netflix - resultados 4T22
Imagem: Unsplash

Ontem, após o fechamento dos mercados, a Netflix (B3: NFLX34, Nasdaq: NFLX) reportou os seus balanços do primeiro trimestre de 2024. Os números divulgados foram melhores que as expectativas dos analistas.

Receita da Netflix cresceu quase 15% em 12 meses

A receita nos três primeiros meses do ano foi de US$9,370 bilhões, valor 14,8% (+18%, excluindo variação cambial) maior do que o apresentado no 1T23.

Esse forte aumento nas vendas se deu principalmente pela adição de mais de 9,3 milhões de novos usuários no trimestre, quase o dobro do projetado pelo mercado. O total de assinantes do serviço de streaming alcançou os 269,60 milhões, um aumento de 16% na comparação anual.

Já a receita média por usuário encerrou o período nos US$11,58, valor 1% (4% ex-câmbio) em relação a um ano atrás.

O lucro operacional somou US$2,633 bilhões, crescimento de 53,6% ante o primeiro trimestre de 2023 e o equivalente a uma margem operacional de 28,1% (+7,1 pontos percentuais vs. 1T23), devido ao forte aumento na receita como pelo timing do gastos com conteúdo.

Lucro líquido cresceu 83% em um ano

Na linha final de resultado, o lucro líquido totalizou US$2,332 bilhões, ou US$5,28 por ação, valor 83% maior que o reportado um ano atrás e acima da projeção da própria companhia (que esperava algo próximo dos US$4,50/ação).

Interessante notar que o crescimento no número de usuários vem acelerando nos últimos trimestres, mesmo com medidas vistas como controversas por parte dos investidores como o fim do compartilhamento de senhas e a adição de uma assinatura com exibição de publicidade.

Um ano atrás, a variação anual de assinantes foi de 4,9%, passando de 8% no 2T23 para 12,8% no último trimestre de 2023, até chegar a marca atual de 16%.

A adesão à assinatura com anúncios expandiu 65% em relação ao 4T23

Em relação a assinatura com anúncios, a direção informou no resultado do 4T23 que as prioridades com esse tipo de produto era aumentar a sua base de assinantes, assim como se tornar um canal interessante para os anunciantes. E de acordo com a companhia, esses objetivos vem sendo atingidos. 

O número de assinantes dessa categoria cresceu 65% em relação ao 4T23 — depois de já ter crescido 70% nos dois trimestres anteriores na comparação trimestral. E cerca de 40% dos novos assinantes totais nos mercados que oferecem esse tipo de serviço foram provenientes desse segmento.

Já em relação a demonstrar a efetividade desses anúncios, a empresa vem anunciando parcerias com empresas especializadas nesses serviços para aumentar o reconhecimento das marcas nesse canal.

O que o management espera para o 2T24 da Netflix?

Para o 2T24, a direção espera reportar um aumento de 16% (+21%, desconsiderando o câmbio), ainda que o número de novos assinantes seja inferior ao reportado no 1T24 devido a sazonalidade do negócio.

Já para o ano de 2024, a expectativa é de que a receita cresça de 13% a 15% (já sem considerar a variação cambial), e uma margem operacional na casa dos 25% — o que representaria um aumento de quase 5 pontos percentuais em relação a 2023.

O mercado não gostou muito das últimas notícias

Apesar dos ótimos números, as ações se desvalorizaram quase 5% no after-market

Isso porque a direção informou que, a partir do primeiro trimestre de 2025, a empresa não irá mais reportar o número de usuários e receita média por assinante. Lembrando que, em 2023, ela já havia parado de informar as suas projeções para o número de clientes por trimestre (e que também gerou uma reação negativa nas ações).

Segundo a direção, esses dados eram importantes para avaliar o potencial do negócio no início, quando o tinha um baixo nível de vendas e lucratividade. 

Agora, com o foco sendo a geração de receita e margem operacional, assim como engajamento para medir a satisfação dos usuários, tais métricas não seriam necessárias para melhor entendimento das perspectivas da companhia no futuro.

Ao invés disso, a direção passará a informar as suas projeções para a receita anual, da mesma forma que já faz para a margem operacional e geração de caixa livre. Por trimestre, ela fornecerá estimativas para vendas, lucro operacional, lucro líquido e por ação. 

Entendo que isso pode ter levantado um questionamento na cabeça dos investidores: se a empresa acredita que não precisa mais informar o número de assinantes, é porque ela vê que isso será cada vez mais difícil daqui para frente.

E quando estamos falando de uma ação tida como de crescimento, isso enseja um novo patamar de valuation para a companhia — talvez merecendo negociar por menos que as 35 vezes seus lucros futuros ao preço atual.

Mesmo que a direção afirme que as perspectivas para o negócio seguem interessantes, dadas as novas linhas de receita, assim como sua maior lucratividade, fato é que os investidores precisarão digerir melhor essa mudança. 

E talvez as ações da Netflix (B3: NFLX34, Nasdaq: NFLX) passem por um período mais desafiador no curto prazo. Por ora, acompanharemos essa novela (ou seria série?) à distância…

Mas, neste relatório gratuito aqui, você encontra 10 recomendações, selecionadas por mim, de BDRs (papéis negociados na B3 que representam ações internacionais) para investir agora.

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.