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Nvidia (NVDC34) apresenta resultados acima das expectativas mesmo com as sanções do governo americano; vale a pena investir?

Nvidia apresentou receita 69% maior em relação ao mesmo período do ano anterior; veja os detalhes dos balanços

Por Enzo Pacheco, CFA

29 maio 2025, 15:54 - atualizado em 29 maio 2025, 15:54

Nvidia (Imagem: Reprodução)

Nvidia (Imagem: Reprodução)

Ontem, quarta (28), após o fechamento dos mercados, a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) reportou os balanços do primeiro trimestre do ano fiscal de 2026 (encerrado em abril). Os números vieram acima das expectativas, com a companhia apresentando resultados melhores mesmo com a recente proibição de vendas de chips para a China imposta pelo governo americano.

No período, a receita da empresa foi de US$ 44,062 bilhões, valor 69% maior do que no mesmo trimestre do ano passado. 

Veja o desempenho da Nvidia por segmento

A parte voltada para Data Centers, que alimentam os diversos sistemas voltados ao desenvolvimento da Inteligência Artificial, teve vendas de US$ 39,112 bilhões, crescimento de 73% na comparação anual. A receita da linha de Compute (computação) foi de US$ 34,155 bilhões (+76% vs. 1T25), enquanto a de Networking (conexões) totalizou US$ 4957 bilhões (+56%).

Já o segmento de Gaming, que era a principal linha de negócio antes da onda de IA, reportou receita de US$ 3,763 bilhões (+42% vs. 1T25).

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Lucro líquido avançou 27% na comparação anual

O lucro bruto da companhia foi de US$ 26,668 bilhões (+31% vs. 1T25), o equivalente a uma margem de 60,8%, uma retração de 17,9 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Importante salientar, porém, que o número do 1T26 foi impactado negativamente pela ordem do governo americano de que seria necessário uma licença para exportar os chips H20 para o mercado chinês. Como resultado, a Nvidia reconheceu uma perda de US$ 4,5 bilhões por conta do excesso em estoque desses produtos, além do cancelamento das obrigações de compra remanescente.

Ajustado por esse evento extraordinário, a margem bruta no trimestre foi de 71,3% — o que ainda representa um recuo de 7,6 pontos percentuais na comparação anual.

O lucro operacional do trimestre foi de US$ 21,638 bilhões, aumento de 28% em relação a um ano atrás e o que representa uma margem de 49,1% (-15,8% p.p. vs. 1T25). Já o lucro operacional ajustado totalizou US$ 23,275 bilhões (+29%), ou 52,8% de margem (-16,5 p.p.).

Na linha final de resultado, o lucro líquido da Nvidia somou US$ 18,775 bilhões, o equivalente a US$ 0,76 por ação, valor 27% maior quando comparado com o mesmo trimestre do ano passado. Quando ajustado pelos não-recorrentes, o lucro líquido totalizou US$ 19,894 bilhões, ou US$ 0,96 por ação (+57% vs. 1T25).

Guidance para o próximo trimestre

Para o 2T26, a direção da companhia espera que as vendas fiquem na casa dos US$ 45 bilhões, o que representaria um crescimento de 50% quando comparado com o mesmo período do ano passado e levemente abaixo do esperado pelos analistas. Essa projeção considera uma perda de receita de US$ 8 bilhões dos chips H20 por conta das restrições de exportação.

Somado com as vendas perdidas no 1T26, que totalizaram US$2,5 bilhões, estamos falando de US$10 bilhões a menos em vendas até agora. 

Já a margem bruta deve rodar nos 71,8% (72% para o valor ajustado), com a direção trabalhando para que a empresa consiga manter a margem perto dos 75% ao final do ano.

Nvidia segue peça fundamental para o desenvolvimento da IA

Apesar dos receios dos investidores de que a demanda pelos chips da companhia poderia cair, dado as restrições impostas pelo governo americano além dos avanços no campo da IA (principalmente após o lançamento do DeepSeek no começo do ano), o fato é que os GPUs da Nvidia seguem na dianteira para o pleno desenvolvimento da Inteligência Artificial pelos próximos anos.

De acordo com a direção, as grandes provedoras de cloud computing representaram metade das vendas do segmento de Data Center no trimestre. A arquitetura Blackwell, que vinha apresentando problemas alguns trimestres atrás, viu sua produção aumentar para todas as categorias de clientes, respondendo por 70% das vendas da parte de Data Center no período. 

Segundo o CEO Jensen Huang, o supercomputador Blackwell NVL72 AI, “uma máquina de pensamentos desenhada para raciocinar, está em plena produção. 

Um exemplo da magnitude dos novos chips é o uso que algumas Big Techs tem demonstrando com esses produtos. A Microsoft processou cerca de 100 trilhões de tokens no primeiro trimestre — e eles já estão na frente na linha para receber o Blackwell Ultra, uma versão atualizada do semicondutor com mais performance e memória.

Além disso, Huang reafirmou que a demanda global pela infraestrutura de IA oferecida pela Nvidia segue incrivelmente forte, com a geração de tokens relacionados à inferência multiplicando por dez vezes no período de um ano. 

Para o executivo, com os agentes de IA cada vez mais presentes no cotidiano, a demanda por computação voltada a IA continuará acelerando. Países ao redor do mundo estão se dando conta que a Inteligência Artificial se tornará uma infraestrutura essencial nos próximos anos — da mesma forma como eletricidade e internet — com a Nvidia no centro dessa transformação global.

Entretanto, caso as restrições de vendas para a China se mantenham do jeito que estão, Huang afirma que a Nvidia estaria fora de um mercado de US$ 50 bilhões. Para o CEO, a abordagem adotada pelo Tio Sam não vai impedir que os chineses tenham acesso a tecnologia de IA de ponta, argumentando que seria melhor que a IA fosse desenvolvida por meio de chips de empresas americanas.

Nvidia anima investidores; vale a pena investir?

A boa performance, mesmo em um trimestre complicado, deixou os investidores animados novamente com o “AI Trade”. Logo após a divulgação, a ação chegou a subir 6% no after-market, com o movimento reduzindo ao longo do pregão normal (com alta de superior a 2%).

Apesar de ainda gostarmos da tese, a forte alta recente (de quase 50% desde as mínimas do ano) sugere um pouco de cautela nesse momento. Mas, para aqueles com visão de longo prazo, a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) segue sendo um dos (se não, o principal) player na temática de Inteligência Artificial nos próximos anos. 

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.