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Desde o início deste ciclo de alta, em setembro de 2024, acumulamos impressionantes 425 pontos-base de elevação, alcançando uma Selic de 14,75% ao ano. Na próxima semana, o Banco Central (BC) se reúne para decidir a taxa de juros brasileira pela quarta vez neste ano. Diferentemente das reuniões anteriores, não há consenso sobre a próxima decisão da autarquia.
No último Copom, o BC desacelerou o ritmo de alta, como amplamente esperado, elevando os juros em 50 pontos-base, com um tom marginalmente mais brando (dovish). O comunicado reconheceu o estágio avançado do ciclo de aperto monetário e, entre outras mudanças, também apontou riscos de baixa para a inflação, sinalizando a intenção do comitê de encerrar o ciclo de alta.
Desde então, os dados macroeconômicos apresentaram sinais ambíguos para a política monetária.
No início do ano, o cenário-base consistia na continuidade da desaceleração da economia, especialmente nos setores mais sensíveis à política monetária. A expectativa de PIB para 2025, segundo o Relatório Focus do BC divulgado em 3 de janeiro, era de 2,02%. De lá para cá, a mediana das projeções sofreu diversas revisões para cima, atingindo o atual patamar de 2,18%.
Após a divulgação do PIB do primeiro trimestre de 2025, com o PIB ex-agro crescendo 0,8%, é possível afirmar: a economia reacelerou.
Do lado da inflação, a história é oposta.
IPCA de maio veio melhor que o esperado
O IPCA de maio, divulgado na terça-feira (10), ficou abaixo das projeções dos economistas, com uma alta mensal de apenas 0,26%, consideravelmente aquém da mediana do mercado, que era de 0,32%. Além do número fechado, a composição também veio benigna.
No grupo de bens industriais, o destaque foram os automóveis novos, que se descolaram das coletas do IGP e apresentaram uma contribuição muito menor do que os indicadores antecedentes sugeriam.
O grupo de alimentos também desacelerou, com destaque para a deflação de tomates, arroz, ovos e leite. Entre os semiduráveis, a alta de vestuário ficou bem abaixo da sazonalidade típica do período. Por fim, a média dos núcleos apresentou uma desaceleração importante.

Não por coincidência, o mercado atribui cerca de 50% de chance de uma alta de 25 pontos-base na Selic na próxima quarta-feira (18).
A última comunicação do presidente Gabriel Galípolo sobre política monetária foi marginalmente mais dura, embora ele tenha reforçado a importância da flexibilidade do Copom.
Projetamos uma Selic terminal de 15% na próxima semana
Nossa leitura é que a ambiguidade dos dados macroeconômicos advoga em favor de mais uma alta adicional de 25 pontos-base no próximo Copom, o que adiaria a discussão sobre cortes de juros.
Por isso, projetamos uma Selic terminal de 15% ao ano na próxima semana.
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