Investimentos

O Banco Central vai mesmo subir a Selic para 15% na próxima reunião do Copom?

Diferentemente das reuniões anteriores, não há consenso no mercado sobre a próxima decisão do Copom sobre a Selic.

Por Matheus Spiess

12 jun 2025, 14:00

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Imagem: iStock/ wenjin chen

Desde o início deste ciclo de alta, em setembro de 2024, acumulamos impressionantes 425 pontos-base de elevação, alcançando uma Selic de 14,75% ao ano. Na próxima semana, o Banco Central (BC) se reúne para decidir a taxa de juros brasileira pela quarta vez neste ano. Diferentemente das reuniões anteriores, não há consenso sobre a próxima decisão da autarquia.

No último Copom, o BC desacelerou o ritmo de alta, como amplamente esperado, elevando os juros em 50 pontos-base, com um tom marginalmente mais brando (dovish). O comunicado reconheceu o estágio avançado do ciclo de aperto monetário e, entre outras mudanças, também apontou riscos de baixa para a inflação, sinalizando a intenção do comitê de encerrar o ciclo de alta.

Desde então, os dados macroeconômicos apresentaram sinais ambíguos para a política monetária.

No início do ano, o cenário-base consistia na continuidade da desaceleração da economia, especialmente nos setores mais sensíveis à política monetária. A expectativa de PIB para 2025, segundo o Relatório Focus do BC divulgado em 3 de janeiro, era de 2,02%. De lá para cá, a mediana das projeções sofreu diversas revisões para cima, atingindo o atual patamar de 2,18%.

Após a divulgação do PIB do primeiro trimestre de 2025, com o PIB ex-agro crescendo 0,8%, é possível afirmar: a economia reacelerou.

Do lado da inflação, a história é oposta.

IPCA de maio veio melhor que o esperado

O IPCA de maio, divulgado na terça-feira (10), ficou abaixo das projeções dos economistas, com uma alta mensal de apenas 0,26%, consideravelmente aquém da mediana do mercado, que era de 0,32%. Além do número fechado, a composição também veio benigna.

No grupo de bens industriais, o destaque foram os automóveis novos, que se descolaram das coletas do IGP e apresentaram uma contribuição muito menor do que os indicadores antecedentes sugeriam.

O grupo de alimentos também desacelerou, com destaque para a deflação de tomates, arroz, ovos e leite. Entre os semiduráveis, a alta de vestuário ficou bem abaixo da sazonalidade típica do período. Por fim, a média dos núcleos apresentou uma desaceleração importante.

Elaboração: Empiricus.

Não por coincidência, o mercado atribui cerca de 50% de chance de uma alta de 25 pontos-base na Selic na próxima quarta-feira (18).

A última comunicação do presidente Gabriel Galípolo sobre política monetária foi marginalmente mais dura, embora ele tenha reforçado a importância da flexibilidade do Copom.

Projetamos uma Selic terminal de 15% na próxima semana

Nossa leitura é que a ambiguidade dos dados macroeconômicos advoga em favor de mais uma alta adicional de 25 pontos-base no próximo Copom, o que adiaria a discussão sobre cortes de juros.

Por isso, projetamos uma Selic terminal de 15% ao ano na próxima semana.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.