Investimentos

Os investidores institucionais voltaram à B3? Exposição de fundos multimercados à bolsa brasileira é uma das maiores dos últimos 4 anos

Pesquisa da série Os Melhores Fundos de Investimentos, da Empiricus, entrevistou equipes de cerca de 30 gestoras de multimercados da indústria.

Por Juan Rey

10 jul 2025, 15:49 - atualizado em 10 jul 2025, 15:49

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Imagem: iStock/ phongphan5922

Depois de um longo período, os fundos multimercados parecem ter voltado de vez à B3. A exposição ao chamado “Kit Brasil”, com posições compradas em bolsa brasileira, aparece em um dos maiores patamares desde agosto de 2021.

É o que mostra a pesquisa mensal feita pela série Os Melhores Fundos de Investimento, da Empiricus, com as equipes de cerca de 30 gestoras de multimercados da indústria, que, juntas, somam mais de R$ 160 bilhões de patrimônio líquido em suas estratégias. 

Além do otimismo com a bolsa local, destacaram-se também o alto patamar de posições aplicadas em juros (nominais e reais) e compradas em real contra o dólar.

A pesquisa foi realizada nos primeiros dias de julho e, portanto, é anterior à tarifa de 50% aplicada por Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Como os gestores estão vendo a economia?

“No Brasil, o sentimento para a inflação melhorou marginalmente, em maior magnitude se comparado ao resultado de seis meses atrás, enquanto para o crescimento do PIB e o fiscal manteve a tendência do mês anterior”, destaca o analista Alexandre Alvarenga, responsável pela pesquisa.

“Nos Estados Unidos, o sentimento para o crescimento do PIB e a inflação permanecem neutros, enquanto a percepção sobre o cenário fiscal se manteve em patamar negativo”, explica o analista. 

Como os gestores estão posicionados? 

A partir do cenário esperado pelos gestores, é possível entender melhor o viés em relação a algumas das principais classes de ativos operadas dentro dos fundos multimercados. 

“Nos ativos locais, as posições aplicadas em juros nominais, compradas em real contra o dólar e compradas em Bolsa tiveram viradas importantes em relação aos resultados do início do ano. As posições aplicadas em juros reais também aparecem em patamar relevante”, comenta o analista Alexandre Alvarenga.

“Nos Estados Unidos, por outro lado, o inverso acontece com a exposição ao dólar contra moedas de países desenvolvidos e emergentes, que apresentaram virada de mão importante em relação ao posicionamento do início do ano, em patamar bastante vendido neste momento. A Bolsa americana, porém, apresentou melhora, em nível bem positivo”, destaca o analista.

Em âmbito global, todos os indicadores aparecem no campo positivo e mostram apetite a risco elevado. “Há melhora na percepção para Bolsa e Bonds de países desenvolvidos e emergentes de uma forma geral”

Fluxo de captação dos fundos multimercados

A pesquisa também trouxe a percepção dos gestores sobre o saldo de captação líquida de suas estratégias em junho, segmentada por tipo de investidor. 

“A leitura oferece uma radiografia sobre os canais mais pressionados por resgates e onde ainda há alguma resiliência – seja em posições neutras, seja em saldos positivos”, explica Alvarenga.

Os resultados do gráfico indicam um cenário de captação predominantemente neutro para as estratégias multimercado, com destaque para o peso dos resgates no varejo. No consolidado total, 89% dos gestores relataram captação neutra ou negativa no último mês, com apenas 8% percebendo saldo positivo.

“Plataformas de varejo aparecem como o canal mais pressionado, refletindo a maior sensibilidade desse público ao desempenho recente e à aversão ao risco. Em contraste, investidores institucionais e estrangeiros apresentaram menores movimentos de saída”, avaliou Alvarenga.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br