Imagem: iStock.com/Natalya Kosarevich
A semana passada foi marcada por decisões de política monetária ao redor do mundo.
BoJ mantém juros em 0,50% ao ano
No continente asiático, o Banco do Japão (BoJ) decidiu, na madrugada de sexta-feira (19), manter inalterada a taxa básica de juros em 0,50% ao ano, em linha com a expectativa dos analistas de mercado. A surpresa foram os dois votos dissidentes em prol do aumento das taxas e a sinalização do início próximo da venda de ETFs e J-REIT no processo de normalização do Balanço da autoridade monetária. Embora o ritmo de venda sinalizado dos ETFs seja extremamente gradual, o anúncio veio antes do esperado pelo mercado.
Na entrevista após a decisão, o Governador Ueda afirmou que não há planos de mudança na política monetária atual, contudo, a falta de consenso na decisão advoga na direção oposta. Os dados recentes de inflação também sugerem uma pressão de preços domésticos. Embora o índice de preços que exclui os preços de alimentos de agosto tenha vindo abaixo dos 3%, a redução tem sido motivada por subsídios do governo em energia e mensalidade escolar.
Após a decisão, o iene se valorizou frente ao dólar e o mercado passou a precificar uma probabilidade acima de 50% de aumento da taxa já na próxima reunião.
Fed corta juros em 25 bps
Nos EUA, o Federal Reserve (Fed) voltou a cortar os juros americanos após seis reuniões de manutenção de taxas. A decisão tomada na última quarta-feira (17) levou as taxas para o intervalo de 4,25%-4,00% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado.
Houve apenas um voto dissidente a favor de um corte maior (50 bps) vindo do Governador Stephen Miran, recém indicado pelo governo Trump e confirmado pelo Senado em um tempo excepcionalmente curto. Na entrevista após a decisão, o Presidente Powell minimizou o impacto do voto de Miran ao afirmar que o corte mais agressivo não foi extensivamente debatido pelo Comitê, imprimindo um tom mais duro à decisão e sugerindo uma congruência entre os demais membros do Banco Central.
No Sumário de Projeções (SEP), o comitê anteviu mais dois cortes de juros neste ano, em linha com o que o mercado já precificava, contudo, o Presidente Jerome Powell afirmou que o corte de juros foi um movimento de “gestão de risco”, o que, de certa forma, conflita com a expectativa reduções consecutivas nas próximas reuniões. Além disso, ao analisar os pontos do mapa, nove diretores previram dois cortes ou menos até o final do ano, enquanto nove projetaram dois cortes e apenas um (Miran) apontou seis, ou seja, 150 pontos-base de queda no período.
Não por coincidência, o mercado que mostrava um rally dos ativos de risco após a decisão foi apagando os ganhos à medida em que a entrevista do Presidente Powell se estendia.
A despeito do tom mais duro (hawkish) de Powell, a nossa leitura sobre o cenário externo não mudou. O enfraquecimento do mercado de trabalho americano deve continuar sendo o ponto focal do Fed e, portanto, se sobrepor às leituras mais altas de inflação. Dessa forma, devemos ver a continuação dos cortes nas taxas nas últimas duas reuniões deste ano.
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BC mantém Selic a 15% com tom mais ameno
No Brasil, o Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, como esperado. Dentre as poucas mudanças no comunicado, destacaram-se a retirada da frase que “antecipava a continuação da interrupção no ciclo de alta de juros”, mostrando um conforto maior com o posicionamento atual da política monetária — e a manutenção da inflação projetada em 3,4% para o horizonte relevante (1T27) — que sugere uma possível revisão da estimativa de hiato do PIB no modelo da autarquia.
A primeira alteração retirou um ponto duro (hawk) presente nos comunicados passados, enquanto a segunda adicionou cautela sobre a expectativa de corte de juros ainda neste ano. Isso porque uma possível revisão no modelo do BC reduz significativamente a chance do BC “enxergar” uma inflação mais baixa para o horizonte relevante de política monetária já na próxima reunião. Consequentemente, haveria pouco espaço para uma “guinada dovish”, isto é, uma mudança na condução retórica da autarquia, o que é muito comum antes de um início de ciclo de afrouxamento monetário.
Na ata divulgada hoje pela manhã, o BC mostrou maior convicção de que o cenário está caminhando conforme o esperado. Sobre inflação, a avaliação de que a “dinâmica mais benigna em relação ao que se previa no início do ano” demonstra mais conforto com o cenário doméstico.
Por outro lado, o comitê relacionou a apreciação do câmbio ao diferencial de juros, o que sugere a necessidade da manutenção das taxas em patamar elevado para a continuidade do processo de deflação. Além disso, o BC adicionou uma nova frase na ata, enfatizando que o processo de reancoragem das expectativas “exige perseverança, firmeza e serenidade”.
De maneira geral, o tom da ata foi menos duro (Hawk) do que o comunicado sugeriu, embora a autarquia claramente se preocupe em não sinalizar o início do ciclo de corte.
Será muito importante acompanhar o Relatório de Política Monetária (antigo Relatório de Inflação) que será divulgado na próxima quinta-feira (25) para saber qual a estimativa do BC em relação ao hiato no segundo trimestre de 2027 (horizonte relevante de política monetária).
Continuamos gostando dos títulos prefixados.
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Cardápio da semana
| Características do CDB prefixado do Paraná Banco | |
| Classificação de risco da instituição | Fitch: AA- (bra) |
| Público-alvo | Investidores em geral |
| Onde encontrar | Paraná Banco |
| Aplicação mínima | R$ 100,00 |
| Aplicação máxima | – |
| Liquidação | D+0 |
| Vencimento (prazo) | 21/09/2026 (361 dias corridos) |
| Rentabilidade anual | 14,77% |
| Tributação | 17,50% |
| Pagamento de juros | No vencimento |
| Resgate | No vencimento |
| Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
| Horário limite de aplicação | 22h |
| Características da LCI prefixada do Banco Inter | |
| Classificação de risco da instituição | Fitch: AA+ (bra) |
| Público-alvo | Investidores em geral |
| Onde encontrar | Banco Inter |
| Aplicação mínima | R$ 50,00 |
| Aplicação máxima | – |
| Liquidação | D+0 |
| Vencimento (prazo) | 24/09/2026 (366 dias corridos) |
| Rentabilidade anual | até 12,88% a.a. |
| Tributação | Isenta |
| Pagamento de juros | No vencimento |
| Resgate | No vencimento |
| Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
| Horário limite de aplicação | 21h55 |
| Características da LCA prefixada do BTG Pactual | |
| Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA (bra) |
| Público-alvo | Investidores em geral |
| Onde encontrar | BTG Pactual |
| Aplicação mínima | R$ 1 mil |
| Aplicação máxima | – |
| Liquidação | D+0 |
| Vencimento (prazo) | 24/09/2026 (366 dias corridos) |
| Rentabilidade anual | 12,63% a.a. |
| Tributação | Isenta |
| Pagamento de juros | No vencimento |
| Resgate | No vencimento |
| Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
| Horário limite de aplicação | 17h45 |
As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 23 de setembro de 2025 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (23) e podem mudar devido as oscilações de mercado.
Vale destacar que a série Super Renda Fixa tem como foco principal recomendar títulos de crédito privado com uma relação de risco e retorno atrativa, atendendo à demanda de assinantes que buscam retornos acima dos títulos públicos.
Para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo, recomendamos apenas o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.